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Mariana Duarte

Mariana Duarte

Articles (65)

As melhores esplanadas para beber uma cerveja artesanal em Lisboa

As melhores esplanadas para beber uma cerveja artesanal em Lisboa

Há quase uma década, a cerveja artesanal tomou a cidade de assalto e hoje já não vivemos sem ela. Prova disso é a quantidade de bares que lhe dão protagonismo. E se uma cerveja é boa por si só, nestes dias soalheiros não há nada melhor do que bebê-la com os amigos (ou até sozinho) ao ar livre, numa esplanada agradável. Por isso, se quer aproveitar o sol na companhia de um néctar de lúpulo e malte, aprenda com esta lista onde se deve sentar a beber uma cerveja artesanal em Lisboa. Recomendado: Os novos bares em Lisboa que tem mesmo de conhecer

As melhores esplanadas para beber cerveja artesanal no Porto

As melhores esplanadas para beber cerveja artesanal no Porto

Não há nada como o prazer de beber uma cerveja acabada de tirar. De preferência em boa companhia, idealmente num bar com muitas torneiras de onde brotam diferentes néctares de lúpulo e malte, especialmente quando servidos por quem percebe do assunto e nos sabe aconselhar. Mas o pior, pelo menos por agora, já passou. E nas esplanadas servem-se cervejas ao povo sedento de álcool e convívio. Nos últimos dias têm estado cheias, e ainda bem. Precisam de fregueses. Vamos dizer-lhe onde deve sentar-se para beber cerveja da boa, da artesanal, nas ruas e jardins secretos do Porto. Recomendado: Os melhores bares de cerveja no Porto

Conservas Pinhais: passo a passo, enche a sardinha a lata

Conservas Pinhais: passo a passo, enche a sardinha a lata

Cheiro a maresia que se sente logo à entrada denuncia um museu vivo. Antes de o vermos, percebemos que o peixe pontua cada canto desta casa: da história à arquitectura, com a escadaria em forma de sardinha a prender-nos o olhar. Está lá desde 1920, data em que a Conserveira Pinhais & Cia foi fundada pela mão de quatro sócios, dois deles os irmãos Pinhal, família nos comandos desta fábrica centenária que em Novembro passado abriu, finalmente, as portas ao público. De segunda a sábado, é possível fazer a Conservas Pinhais Factory Tour, uma visita guiada ao edifício e à fábrica nas suas várias etapas de produção. “Durante muitos anos vivemos fechados para nós próprios. Tínhamos o grande sonho de reabilitar este edifício e criar espaços para os visitantes”, introduz Patrícia Sousa, directora de marketing da empresa e responsável por este projecto do museu/fábrica, financiado em três milhões de euros pelo programa Norte 2020. 2019 foi um ano de teste. Receberam cerca de mil visitantes, entre turistas e escolas, até fecharem para obras em Dezembro de 2020. “Foi importante para perceber as motivações de quem nos queria visitar”, nota Patrícia. Agora a todo o gás, a Conservas Pinhais Factory Tour desvenda um método de produção artesanal de conservas que remonta a 1920, numa fábrica sustentada por 146 trabalhadores, 94% deles mulheres. Muito pouco mudou desde a fundação, e isso é motivo de orgulho. “A mudança é a antítese do que nós fazemos. Claro que houve alterações para facilitar o

David Geselson: “A vida de Nina Simone cruza-se com a História”

David Geselson: “A vida de Nina Simone cruza-se com a História”

Após ter passado pelo Teatro Nacional D. Maria II em 2019, o actor e encenador francês David Geselson, regressa a Lisboa com O Silêncio e o Medo, espectáculo que entrelaça a biografia de Nina Simone com a história colonial e as vivências afro-americanas. A peça põe em perspectiva uma história individual e uma história colectiva, perpassada por confronto, violência e resistência, para tentar construir um espaço partilhado e de reconhecimento mútuo num teatro que deve ser “o espelho do mundo”. Porquê Nina Simone?Depois de ter criado En Route-Kaddish, cruzei-me com uma biografia de Nina Simone escrita pelo franco-suíço David Brun Lambert. Isto foi após ter ouvido um conjunto de discos que ela tinha lançado pela RCA nos anos 60 e 70. Eu conhecia a música, mas muito pouco da sua história. Descobri uma vida épica que terminou numa solidão quase total em França, em 2003, mas também a história de uma busca íntima pelo reconhecimento e de uma luta política vital, que ainda ressoa. A forma como a vida dela se cruza com a História pareceu-me uma oportunidade para trabalhar sobre a história afro-americana. De que maneira é que procurou entrelaçar a biografia de Nina Simone com o contexto histórico dos EUA desse ponto de vista?Nina Simone – ou Eunice Waymon, o seu verdadeiro nome – foi uma criança prodígio, nascida na Carolina do Norte, que se transformou numa estrela e numa das principais vozes do Movimento dos Direitos Civis. É também a tetraneta de um cherokee que sobreviveu ao genocíd

Prémios Time Out 2021: os vencedores que nos salvaram o ano

Prémios Time Out 2021: os vencedores que nos salvaram o ano

Dickens é um escritor natalício e a ele devemos parte do nosso imaginário colectivo para a quadra. A ideia de uma família unida, feliz apesar das adversidades, é um legado seu. Mas se o convocamos para aqui não é tanto pelo contributo dado para as celebrações modernas do Natal, é mais pelo início de uma frase que inscreveu na cultura popular a caligrafia vitoriana: “Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos”. Ao longo deste século e meio, abundaram oportunidades para o aplicar às mais diversas situações – e 2021 é uma delas. É uma descrição rigorosamente resumida do que vivemos este ano. Começou mal, muito, muito mal, e nunca, até hoje, deixou de ser assombrado pelo espírito do Inverno passado. E no entanto melhorou. Melhorou muito. A reabertura das lojas, dos restaurantes, dos bares, das festas e dos festivais – da vida, enfim – foi num crescendo de entusiasmo e entrega que nos deu a sensação de estarmos a viver o melhor dos tempos. Como na Time Out estamos habituados a deter o olhar no lado positivo das coisas, também o faremos para este ano de experiências polarizadas. É hora de fazer o balanço e celebrar quem se destacou nas áreas que acompanhamos semana após semana, dia após dia. É hora de regressar aos Prémios Time Out, desta feita com 32 categorias. Ora então, os vencedores são…

Pouca terra, tanta terra

Pouca terra, tanta terra

Agostinho Ferreira chama-lhe “a máquina”. Filho de ferroviário e mecânico da CP há 32 anos, lembra-se como se fosse hoje do dia em que este comboio lhe foi parar às mãos. “Esta máquina quando chegou à oficina era castanha, cheia de ferrugem, sem peças”, recorda. O processo de recuperação daquilo que viria a ser o Comboio Histórico do Douro foi “muito exigente”, diz, mas foi também “dos melhores trabalhos que já se fizeram”. “Fiz parte de uma equipa excepcional”, recorda. “Era tudo novo para nós. Havia um mecânico que, quando tínhamos alguma dúvida, chegava a casa e perguntava ao tio, que tinha trabalhado na manutenção dos comboios a vapor. Dos colegas que fizeram a reparação desta máquina já só estou cá eu.” Desde 2016 que o Comboio Histórico do Douro é uma das principais atracções da região, num trajecto que parte da Régua, faz uma paragem no Pinhão e segue até ao Tua. É composto por cinco carruagens históricas, rebocadas por uma locomotiva a vapor, construída em 1925 pela fábrica alemã Henschel & Son. No final dos anos 90 a CP iniciou a sua exploração comercial e em 2013 o comboio saiu de circulação para ser intervencionado, de modo a torná-lo mais eficiente e sustentável a nível energético. A principal actualização foi a mudança da caldeira: apesar de continuar a ser a vapor, é uma reprodução da original, em que se usa diesel em vez de carvão, com menos fumo, sem cinzas e sem risco de incêndio. Desde o arranque, em Agosto deste ano, que não têm faltado passageiros – portug

“É suposto amarmos o amor”

“É suposto amarmos o amor”

Esa Cosa Llamada Amor foi a primeira criação da Plataforma285 e o início de uma história de amor que hoje junta Cecília Henriques, Raimundo Cosme, Raquel Bravo e Beatriz Vasconcelos. Dez anos e 15 criações depois, com muitos amigos pelo meio (Sara Barros Leitão, Mariana Sá Nogueira, Marta Passadeiras, Filipe Sambado, Conan Osiris...), a companhia lisboeta estreia no Centro Cultural de Belém o seu novo espectáculo, Esa Cosa Llamada Amor – 10 anos depois. De sexta-feira a domingo vão revisitar a temática do primeiro trabalho, agora com mais dúvidas do que certezas e com um elenco composto por cúmplices do projecto, entre eles Cláudia Jardim, Paula Sá Nogueira e Vaiapraia, aos quais se juntam alguns convidados especiais. “Venham ver que a sala é grande.” Fazendo marcha atrás dez anos, o que vos levou a criar o vosso primeiro espectáculo, Esa Cosa Llamada Amor, e porquê este tema?Há dez anos, o Raimundo e a Cecília tinham 21 anos, tinham acabado uma novela de vampiros e queriam fazer um espectáculo sobre pares românticos. Estavam fascinados com tudo o que envolvia essa definição (não tivessem eles sido um par romântico na dita novela): o que torna duas pessoas um par romântico? O que é que, do ponto de vista imagético, os faz funcionar nas lógicas cinematográficas e televisivas? O que se espera de um par romântico? Fascinados com isto, criaram um primeiro espectáculo, pueril e jovial, que lhes permitiu depois criar esta companhia. Passada uma década, a vossa concepção sobre o que

Sair à noite no Porto: dez paragens obrigatórias até amanhecer

Sair à noite no Porto: dez paragens obrigatórias até amanhecer

A noite no Porto é um mundo pequeno, mas intenso, concentrado num punhado de zonas de grande actividade onde é possível aliar espaços clássicos a muitas casas que vão aparecendo com ideias novas. Este guia conciso do que fazer na Invicta, entre a saída e a reentrada em cena do sol, tem tudo isso – da cerveja artesanal para embalar o fim do dia, aos templos da dança onde as horas não contam. Mas antes ainda de começar a beber copos, ou a dar um passo de dança, aproveite e reserve mesa num dos novos restaurantes da cidade. Divirta-se, mas com juízo. Recomendado: Os melhores clubes para sair à noite no Porto

Rita Calçada Bastos: “A personagem da Nina tem um eco gigante em mim”

Rita Calçada Bastos: “A personagem da Nina tem um eco gigante em mim”

A Nina que encontramos em A Gaivota, de Anton Tchékov, e em Os Apontamentos de Trigorin, de Tennessee Williams, iluminou caminho para a nova criação da actriz e encenadora Rita Calçada Bastos. Se Eu Fosse Nina, em cena na Sala Virtual do São Luiz Teatro Municipal entre 15 e 22 de Março, é um espetáculo sobre uma personagem que é “um arquétipo da resistência”, sobre o teatro, sobre a condição humana. Marca o regresso da actriz à dramaturgia e à criação, oferecendo o texto a Carla Maciel, que dá corpo a este solo interpretado e filmado no Janelão da Sala, um dos recantos pouco conhecidos do São Luiz. “É fantástico. Dá à peça uma noção de profundidade e de solidão.” Rita Calçada Bastos diz que ter feito o espectáculo num teatro vazio foi “arrepiante”, mas assinala que o mais importante, nesta fase, é garantir que o teatro “não deixe de existir”. Tal como Nina queria. Como surgiu a ideia para fazer este espectáculo?Este Se Eu Fosse Nina já está a querer nascer há alguns anos. Nem sempre é fácil conseguir co-produções para que os espectáculos aconteçam. A Aida Tavares [directora artística do São Luiz], conhecendo já o meu trabalho como actriz, decidiu apostar também no meu trabalho como criadora. Começou a ganhar forma aí. O texto parte da suposição de como é que eu posso salvar aquela personagem de A Gaivota, de Anton Tchékhov, que para mim é um arquétipo da resistência. Mesmo que a coisa seja difícil, nós queremos resistir e não desistir. De repente, parece que a actualidade amp

Especial Dia da Mulher: Paula Cardoso, no lado negro da força

Especial Dia da Mulher: Paula Cardoso, no lado negro da força

Paula Cardoso iniciou o seu percurso no jornalismo em 2003, na revista Visão. Em 2006 mudou-se para o semanário SOL e, passados seis anos, foi trabalhar para Angola, assumindo o cargo de chefe de redacção do jornal Agora. Regressou a Portugal em 2017. Na sua trajectória como jornalista, cruzou-se apenas com dois colegas não brancos nas redacções portuguesas, o que é sintomático das assimetrias étnico-raciais que minam o país, em várias frentes. “Não é só na comunicação social, é um problema generalizado”, nota Paula. Foi precisamente para tentar promover uma “maior representatividade negra no mercado profissional” e combater o racismo em Portugal que, em 2019, decidiu desenvolver os seus próprios projectos. Começou com Força Africana, uma série de livros infanto-juvenis que valoriza a cultura africana e tem como protagonistas personagens negras, contrariando as narrativas eurocêntricas e branqueadas da maior parte da literatura para crianças, bem como dos manuais escolares e dos livros de História. “Para mim, a educação é pilar em todas estas discussões”, assinala a autora. “Comecei então por trazer essa diversidade para os mais novos porque percebi que, no meu percurso, houve uma série de processos autodestrutivos que decorreram desse início de vida. A questão de não acreditarmos em nós, de acharmos que estamos sempre aquém.” A partir de Força Africana, Paula Cardoso diagnosticou “outras ausências”. “Para os livros, tentei – e consegui – encontrar uma ilustradora que tivesse

Descobrir os negócios locais do Porto em tempo de confinamento

Descobrir os negócios locais do Porto em tempo de confinamento

Ao contrário do que possa parecer para quem não domine a língua, a expressão portuguesa “vou ali e já volto” é perfeitamente indefinida. Até mesmo as variações que concretizam uma ou ambas as proposições – vou a tal sítio, volto dentro de tantas meias horas. O destino pode esconder outros, o tempo é uma estimativa benévola para não nos chatearem à partida, só à chegada, depois de o mal estar feito. O único significado que comporta é este: vou sair e eventualmente, como em princípio é inevitável, voltarei. Pois bem: a pandemia e os seus deveres de confinamento dinamitaram esta parte do contrato social. Agora, não há alternativa. Manda a lei que as saídas sejam rápidas, cirúrgicas. Mas isto de estarmos circunscritos às imediações da habitação trouxe, no entanto, inesperadas vantagens. Além do contributo para a saúde pública, obrigou-nos a descobrir ou a frequentar mais os negócios das nossas ruas, aos quais nem sempre demos o merecido carinho. A equipa da Time Out falou com chefs, artistas, programadores e empresários para saber o que de bom têm descoberto nos passeios higiénicos e sobre os seus novos hábitos. Como ir ali e voltar já – mas mesmo.

Pedro Barreiro: “O artista está sempre a trabalhar”

Pedro Barreiro: “O artista está sempre a trabalhar”

Gráficos, números, estatísticas, mapas, geolocalizações. É pouco comum vermos estes dados associados ao trabalho artístico, e é ainda mais raro quando são eles o cerne do projecto, como acontece em An Artist Is Always Working. A mais recente criação de Pedro Barreiro é uma performance ininterrupta, com prazo indeterminado, que pode ser acompanhada através do site www.alwaysworking.art, onde o artista e programador do espaço Rua das Gaivotas 6, em Lisboa, regista os momentos em que lhe vêm ideias à cabeça, e o respectivo dia, hora e local. A julgar pelos dados até agora publicados, é à noite que Pedro Barreiro se sente mais iluminado. “Quando o Sol se põe eu vejo melhor.” Não temos acesso às ideias propriamente ditas, apenas à sua sinalização. O que interessa captar desta peça é a sua operatividade. Esta revela a constância, o tempo despendido e o valor intrínseco do trabalho artístico, cujo capital diferencial são as ideias, mesmo antes de serem formalizadas, materializadas e legitimadas na cadeia entre artistas, programadores e financiadores (Marx com certeza teria alguma coisa a dizer sobre isto). A acompanhar de perto esta performance estão Eduarda Neves, Jorge Louraço Figueira, João Estevens e Telma João Santos, que irão escrever textos críticos – mas isso não impede que outras pessoas se “posicionem” sobre o projecto, diz Pedro Barreiro. Ele está de peito aberto a ouvir críticas, reflexões, opiniões. Esta performance é bastante singular. Como te lembraste disto? Teve al

Listings and reviews (36)

Pérola Negra

Pérola Negra

O antigo cabaret e bar de striptease é hoje um dos clubes obrigatórios da noite do Porto. Com uma programação regular e cuidada, preenchida por nomes nacionais e internacionais, o Pérola tem as portas abertas a vários géneros de música, do techno e do house ao hip-hop e derivados, do reggaetón ao funk brasileiro, passando por algumas das novas tendências da música electrónica global. A direcção artística, liderada por Jonathan Tavares, privilegia parcerias com editoras, colectivos, programadores e DJs locais e nacionais: XXIII, Kebraku, Undergarden, Lovers & Lollypops, SlimCutz, Turbo, entre outros. A decoração, essa, continua a mesma de sempre, icónica: sofás encarnados, varões e muitos espelhos. 

Manual da Falla

Manual da Falla

Esta nova criação da produtora, curadora e performer Ana Rocha inspira-se na obra musical do compositor espanhol Manuel
de Falla, na obra Hamlet ex-Machina de Heiner Müller, e em Hamlet de Shakespeare para pensar sobre a performatividade
da linguagem e a decomposição da figura masculina de Hamlet – e em como a partir disso se revelam outra vozes e presenças.

Drama

Drama

O coreógrafo Victor Hugo Pontes volta a debruçar-se sobre as intersecções entre dança e teatro e a transposição da palavra para o movimento. Através da meta-narrativa de Seis Personagens à Procura de Um Autor, de Pirandello, Drama questiona o acto criativo, os fundamentos do jogo teatral e o conflito de linguagens em cena.

Vão

Vão

Este espectáculo da companhia de circo contemporâneo Erva Daninha resulta de uma joint-venture entre
o director artístico e malabarista Vasco Gomes e o acrobata Leonardo Ferreira. É uma co-apresentação do Teatro Municipal do Porto e do Teatro Nacional São João no âmbito da bolsa de criação 5 Sentidos.

Sarna

Sarna

Encenação de João Cardoso para o texto de Mark O’Rowe, num monólogo 
de alta voltagem interpretado pelo actor Pedro Frias.

Sophie e As Artes

Sophie e As Artes

Uma performance 
inédita das artistas ANGELICA E VUDUVUM encerra o ciclo Sophia e As Artes, integrado 
no centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen.

A Humanidade é a Primeira Virtude

A Humanidade é a Primeira Virtude

O encerramento do programa Cultura em Expansão deste ano fica a cargo da actriz Beatriz Batarda, que apresenta um solo criado de raiz para esta ocasião.

O Convidador de Pirilampos

O Convidador de Pirilampos

Com texto do escritor Ondjaki,
 o cartoonista e performer visual António Jorge Gonçalves faz uma encenação em que desenha ao vivo, acompanhado por Cláudia Semedo (narração), José Conde (clarinetista) e Paula Delecave (projecção de imagens). Uma peça para toda a família.

O Resto Já Devem Conhecer do Cinema

O Resto Já Devem Conhecer do Cinema

O Resto Já Devem Conhecer do Cinema leva-nos até Tebas, na Grécia Antiga, via As Fenícias de Eurípides, mas isto podia ser a Síria, ou
 um dos muitos campos de refugiados que atravessam 
o mundo, ou o Haiti, ou até mesmo a fronteira entre o México e os Estados Unidos. Indo directo ao assunto (e isto
 é mais complicado do que parece), esta peça de Martin Crimp (n.1956, Inglaterra), encenada por Nuno Carinhas e Fernando Mora Ramos (Teatro da Rainha), é sobre “o fio da história da humanidade”. Ou seja, “a violência”. “Ao ser uma peça sobre a humanidade é sobre a globalização e o homem contemporâneo. Este encadeamento da violência como motor da história permanece”, diz Fernando Mora Ramos. “Falamos de muros, de coisas impostas sempre pela lei da força e nunca pelo princípio da negociação.” Na conferência em que participou no Fórum do Futuro, Martin Crimp resumiu bem toda esta questão com o seguinte comentário, lembra Mora Ramos: “Parece que estamos vocacionados – nós, humanos – para corrigir um erro com outro erro ainda maior.” “Por que não há outro modo de partilharmos as coisas?”, pergunta o encenador – e esta
 é uma das muitas perguntas que surgem a partir de um texto carregado de “ambiguidades”, “duplicidades”; um texto que “deixa muita coisa em aberto”, afirma Nuno Carinhas que trabalha pela primeira vez com o universo “Crimpiano”, especialidade de Mora Ramos – e é através dele que retomam uma parceria iniciada com O Fim das Possibilidades, de Sarrazac (2015). “A peça debate

Pedras Salgadas Spa & Naure Park

Pedras Salgadas Spa & Naure Park

Aqui pode dormir em casas nas árvores, como nos filmes, rodeado por natureza e ar puro. Não lhe vai faltar nada: tem cama de casal, casa de banho, kitchenette, sofá, internet e duas janelas através das quais pode ver o céu estrelado à noite. O projecto hoteleiro ecológico da vila termal de Pedras Salgadas distingue-se ainda pelas eco-houses, equipadas para receber até seis pessoas e localizadas no coração do parque – e premiadas pelo ArchDaily. No spa termal, renovado pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira, pode fazer vários tratamentos de bem-estar e de estética, tirando partido dos benefícios da água das fontes de Pedras Salgadas. Já que aqui está: O termalismo é um bem para todos – e não apenas de alguns, como se pensa. Aproveite para mergulhar nas águas minerais das Termas das Pedras Salgadas.

Quinta dos Murças

Quinta dos Murças

Novidades no douro são sempre bem-vindas, e esta não é excepção. A Quinta dos Murças, propriedade onde são produzidos desde 2008 vinhos de terroir com selo do Esporão (além de óptimos azeites biológicos), abriu agora as portas da sua casa. Localizada na margem direita do rio Douro, entre a Régua e o Pinhão, esta quinta ganha pontos pela vista e pelo ambiente de intimidade: há apenas cinco quartos, para um máximo de dez hóspedes. Pode contar com jardins e piscina e participar nas rotinas diárias, seja no campo, na adega ou até na cozinha. E por falar em cozinha, fique a saber que aqui são servidas refeições típicas durienses, preparadas pela caseira. E porque Douro é vinho, também pode juntar à sua estadia programas de enoturismo, desde passeios pelas vinhas recentemente reestruturadas, até várias provas.

Octant Douro

Octant Douro

Duas piscinas exteriores panorâmicas (também conhecidas como
piscinas infinitas), spa e um hotel contemporâneo em harmonia com a paisagem são os seus grandes trunfos. A meio caminho entre o Porto e o Douro Vinhateiro, este hotel em Castelo de Paiva é a escapadinha perfeita a poucos quilómetros de casa. Com um design que homenageia a região através do uso do xisto tradicional e com transparências em vidro que percorrem todo o hotel, incluindo os quartos com vistas directas para os rios e os socalcos do Douro, tudo aqui é anti-stress. Há jardins, spa com circuito de hidroterapia (piscina de relaxamento, sauna, banho turco, tepidário, quatro salas de massagem e Vichy), ginásio e um restaurante com vista panorâmica. Se quiser meter-se em actividades, tem muito com que
se entreter: desde tours de barco a provas de vinhos, caminhadas pelos maravilhosos Passadiços do Paiva a visitas à Ilha dos Amores, um pequeno óasis natural e paradisíaco situado no meio do rio Douro.

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Artistas emergentes vão planar entre Belém e o Cais do Sodré

Artistas emergentes vão planar entre Belém e o Cais do Sodré

Num circuito artístico que muitas vezes se fecha sobre si próprio, e em que escasseia um diálogo regular e produtivo entre estruturas de diferentes dimensões, há que dar as boas-vindas à primeira edição da Gaivotas <-> Belém, uma mostra de artes performativas pensada em conjunto pelo Teatro Praga, O Espaço do Tempo e o Centro Cultural de Belém (CCB). De 8 a 13 deste mês, entre a Rua das Gaivotas 6 e o CCB, este programa gizado por Rui Horta, coreógrafo e director de O Espaço do Tempo, e por Pedro Barreiro, artista e programador da Rua das Gaivotas 6, tem como missão primordial “oferecer condições e espaços de visibilidade e de reconhecimento a artistas emergentes da cena contemporânea portuguesa”. Bruna Carvalho, Joãozinho da Costa, Luara Raio e Silvestre Correia apresentam espectáculos em estreia, espelhando – ainda que numa pequeníssima amostra – a crescente diversidade étnica e estética do tecido de artes performativas em Portugal e os jovens criadores que o vão nutrindo, apesar dos variados obstáculos que encontram face a programações ainda demasiado conservadoras e largamente ancoradas em nomes já instituídos. Como tal, a parceria entre estes três espaços é simbólica. A Rua das Gaivotas 6, projecto do Teatro Praga, tem desempenhado um papel importante no estímulo da cena artística independente lisboeta, sobretudo no apoio, no acolhimento e na apresentação de artistas emergentes e divergentes. O Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo, é talvez o centro de residências mais re

Em Almada, a dança transborda mais uma vez as fronteiras da Europa

Em Almada, a dança transborda mais uma vez as fronteiras da Europa

Em 2021, as artes performativas nacionais ganharam um novo festival: a mostra Transborda, em Almada, organizada pelos directores artísticos da Casa da Dança, também na Margem Sul. Os brasileiros Adriana Grechi e Amaury Cacciacarro trouxeram para ambas as estruturas uma programação de dança contemporânea mais experimental virada simultaneamente para o local e para o internacional, desviando o raio de acção do habitual circuito franco-belga para a produção artística de criadores do Brasil e da América Latina. Na segunda edição da Transborda, que arranca esta quinta-feira e decorre até 12 de Março, isso é ainda mais evidente. “Há uma forte presença de artistas brasileiros e de outros países da América Latina. Na verdade, a maior parte destes artistas vive há muitos anos na Europa sem perder a conexão com os seus países de origem e vem contribuindo para formar uma Europa – e também uma América Latina – mais diversa e múltipla”, diz Adriana Grechi à Time Out. Para a co-directora da mostra, esta vivência entre dois continentes contribuiu para “a expansão do olhar, com a capacidade de ultrapassar fronteiras e de dialogar com culturas diversas”. Marcelo Evelin (Brasil/Holanda), Vania Vaneau (Brasil/França), Vera Mantero (Portugal), Volmir Cordeiro (Brasil/França) e Marcela Santander (Chile/França), Nacera Belaza (Argélia/França), Bruno Brandolino (Uruguai/Portugal) e Bibi Dória (Brasil/ Portugal) são os artistas que compõem o alinhamento deste ano, com espectáculos, oficinas, convers

‘Concerto N.º 1 Para Laura’ assinala os 30 anos de carreira de Sílvia Real

‘Concerto N.º 1 Para Laura’ assinala os 30 anos de carreira de Sílvia Real

No início da pandemia, Sílvia Real teve de despejar um barracão “cheio de tralhas”. Tralhas de uma carreira de 30 anos, o mesmo que dizer de uma vida. Por lá encontrou memórias e materiais de “momentos bons e menos bons”, entre adereços, figurinos, cenários, fotografias, diários criativos, cassetes de música, cartas a parceiros artísticos. Nunca teve queda para revisitar o passado, mas este trabalho de limpeza e selecção que se impôs fê-la perceber que poderia construir qualquer coisa a partir dali. “De repente, os fantasmas dos meus espectáculos estavam a querer dar-me uma força”, diz a coreógrafa, performer e pedagoga, uma das figuras-chave da dança contemporânea portuguesa e co-fundadora da companhia Real Pelágio, juntamente com o músico Sérgio Pelágio, que cumpre agora 25 anos de actividade.  Embalada pelo passado, mas com os pés bem assentes no presente, Sílvia Real iniciou um processo de pesquisa solitário em que foi tacteando novos sentidos e caminhos para aqueles objectos. Assim gizou Concerto N.º 1 Para Laura, espectáculo que se estreia esta quarta-feira no São Luiz, em Lisboa, numa co-criação com o coreógrafo Francisco Camacho, cúmplice de longa data. Inicialmente pensado para ser um solo, o formato rapidamente se estendeu quando a Real Pelágio foi repescada pelos apoios da DGArtes durante a primeira fase da pandemia. “Ao repensar o que estava a fazer, achei que seria imprescindível dar emprego a mais pessoas. Quis dar contratos de trabalho, o máximo que conseguisse

Teresa Coutinho: “Parecia-me desonesto não falar na primeira pessoa”

Teresa Coutinho: “Parecia-me desonesto não falar na primeira pessoa”

Este é o primeiro solo de Teresa Coutinho. Um solo mais ou menos acompanhado, um solo em que a solidão tem muitos tentáculos, pontos de tensão e memórias conflituosas; aquele lugar ao qual a actriz, criadora e dramaturga “teve de voltar”, mas onde já não quer estar. Depois de ter sido adiado devido à covid-19, o espectáculo sobe finalmente ao palco do Teatro do Bairro Alto, de quinta-feira a sábado, passando depois pelo Teatro Campo Alegre, no Porto, nos dias 4, 5 e 9 de Fevereiro. Solo cruza a autobiografia de Teresa Coutinho com terrenos de pesquisa centrados na construção de uma ideia padronizada de mulher, veiculada tanto pelo cinema como pelo teatro – e como o desmantelamento dessas molduras sócio-culturais é um trabalho in continuum de dentro para fora, de fora para dentro. Porquê um solo e porquê este solo?É o significado da palavra e a ideia de estar a sós na vida que têm uma real importância no que são as premissas do espectáculo e no que o texto se tornou, mais do que este ser um espectáculo em que eu estou sozinha em palco. Não estou: tenho duas colaboradoras, duas mulheres a filmar em tempo real e que, necessariamente, também são intérpretes. Se calhar essa não deixa de ser uma forma de eu fugir à tal solidão. Precisei de falar da solidão que enfrentamos e, por mais que me pareça necessário confrontá-la na primeira pessoa, dou por mim a tentar fugir dela em cena. Acho que estou sempre a tentar fugir dela. Talvez porque me pareça que não há maior solidão do que a d

Um festival para pensar os feminismos fora e dentro do teatro

Um festival para pensar os feminismos fora e dentro do teatro

Numa altura em que se discute cada vez mais, e cada vez mais abertamente, os feminismos dentro e fora das artes, o Teatro Nacional D. Maria II e a Maison de la Culture d’Amiens, em França, aliaram-se para organizar o Feminist Futures Festival, um projecto que visa abordar as desigualdades de género nas artes performativas, e como combatê-las, através de perspectivas alinhadas com o feminismo interseccional – ou seja, um feminismo que se debruça, de forma integrada e cruzada, não só sobre questões de género, mas também sobre classe, raça, orientação sexual, religião, nacionalidade, entre outros contextos que possam ser vectores de opressão ou de privilégio. Depois do arranque em Amiens, o festival chega agora a Lisboa. Desta segunda e até sexta-feira, o D. Maria II acolhe uma programação gizada por Tiago Rodrigues, Magda Bizarro e Laurent Dréano no âmbito da rede apap, que congrega 11 instituições de 11 países e co-produz artistas com percursos europeus emergentes. Naomi Velissariou, buren, Agata Maszkiewicz, Paula Diogo, Sergiu Matis (cujo espectáculo foi cancelado em Lisboa devido à covid-19) e Tatiana Julien são os criadores associados ao Feminist Futures, aos quais se juntam outras e outros para dinamizar o segundo tentáculo do evento, a Feminist School, centrada em momentos de reflexão e partilha de ideias, com conversas, workshops e visitas. O pontapé de saída é dado por Paula Diogo com Terra Nullius (segunda, sexta e sábado às 17.00), uma áudio-caminhada que vai buscar

Isabelle Huppert e Tiago Rodrigues  n’O Cerejal

Isabelle Huppert e Tiago Rodrigues n’O Cerejal

Tudo começou num jantar nas redondezas do Teatro Nacional D. Maria II, em 2018. Isabelle Huppert, que estava em Portugal para a rodagem do filme Frankie, de Ira Sachs, encontrou-se com Tiago Rodrigues. A actriz francesa e o encenador e dramaturgo português, então director artístico do D. Maria II, já haviam partilhado uma admiração mútua pelos respectivos trabalhos e perceberam, rapidamente, que existia uma vontade partilhada em cruzar caminhos. O ponto de encontro foi Anton Tchékhov e a sua derradeira peça. “Já não sei quem disse Tchékhov primeiro, mas numa mesma noite ambos dissemos Tchékhov muitas vezes e, antes que déssemos conta, já estávamos a prometer um ao outro fazer O Cerejal juntos”, recorda Tiago Rodrigues. Promessa cumprida. Depois da estreia, em Julho, na 75.ª edição do Festival de Avignon – momento em que Tiago Rodrigues foi nomeado o novo director artístico desse mesmo festival, um dos mais importantes acontecimentos mundiais das artes performativas –, O Cerejal chega ao D. Maria II esta quinta-feira, com um elenco franco-português encabeçado por Isabelle Huppert e Adama Diop. Apesar de serem ambos fãs acérrimos de Tchékhov, nem Huppert nem Rodrigues tinham ainda mergulhado profissionalmente no universo do dramaturgo russo. No entanto, segundo a actriz francesa, ele já pairava nas peças do encenador português. “A Isabelle Huppert falou em Tchékhov como uma influência que reconhecia em alguns dos meus espectáculos”, conta Tiago Rodrigues. “Disse que havia uma e

Mostra Estufa: o circo contemporâneo sobe ao palco do Teatro Campo Alegre

Mostra Estufa: o circo contemporâneo sobe ao palco do Teatro Campo Alegre

À quarta edição, a Mostra Estufa já ocupou um lugar de destaque na programação nacional de circo contemporâneo. Dirigido por Julieta Guimarães e Vasco Gomes, da companhia Erva Daninha, e em co-produção com o Teatro Municipal do Porto, este programa dá a conhecer artistas de diferentes técnicas, linguagens e contextos, procurando estimular a partilha de processos de investigação e criação de espectáculos em work in progress. “Mostramos três projectos em fase de desenvolvimento, todos eles em etapas distintas”, diz Vasco Gomes. “Tal como o nome indica, é uma estufa, um lugar onde há espaço para experimentar.” Cada trabalho tem enfoque numa técnica específica. Mellow Yellow reúne Juri Bisegna, Ottavio Stazio e Ricardo S. Mendes, três artistas com áreas de formação distintas – circo, dança e teatro, respectivamente – que aqui cruzam o malabarismo com a dança e a manipulação de objectos. Memória é uma co-criação do português Bruno Machado, director artístico e cofundador do INAC – Instituto Nacional de Artes do Circo, e do costa-riquenho Mauricio Jara, artista e professor especializado em pinos, actualmente a viver em Portugal. “O Mauricio é um especialista de nível internacional nesta técnica, e aqui, juntamente com a visão do Bruno Machado e o trabalho de vídeo e design da Ashleigh Geogiou, apresenta um projecto que vai mais para o lado mental. Vai jogar muito com as rasteiras que a nossa mente nos coloca”, descreve Vasco Gomes. “Usa-se o circo um pouco como a metáfora do nosso

Companhia Palmilha Dentada tem uma nova casa no Porto

Companhia Palmilha Dentada tem uma nova casa no Porto

Ao fim de 20 anos, a Palmilha Dentada conseguiu uma morada fixa, e sua, no Porto, a cidade que viu nascer e crescer uma das companhias de teatro independente mais resistentes do país. Numa localização improvável, mas especial – o número 125 da Travessa das Águas, uma pequena e semi-secreta artéria junto de Anselmo Braamcamp que mais parece uma vila no meio da cidade –, a Palmilha Dentada vai poder finalmente “ter o controlo” de um espaço de apresentação, organizar temporadas longas e gerir calendários de forma a poder levar a cabo aquilo por que sempre batalharam. Ou seja, “ter uma relação íntima, regular e continuada” com o seu público, depois de ter passado vários anos a saltar entre espaços como o Tertúlia Castelense, a Sala Estúdio Latino, o Helena Sá e Costa ou o Armazém 22. Ter este Lugar vai também permitir que mais pessoas possam conhecer a companhia, sem a pressa e a pressão tantas vezes impostas pelo circuito mais institucional. “Principalmente agora, mais do que há 20 anos, ou tens um espaço ou estás nas mãos de programadores cujos objectivos políticos são diferentes das opções do criador”, diz Ricardo Alves, dramaturgo, encenador e director artístico da companhia. “Eu não estou preocupado em ter a sala cheia todos os dias. O programador está. Eu tenho necessidade de ter cadeiras vazias para que o público me venha ver e me descubra, e isso não é compatível com os objectivos dos programadores. Eles são pressionados, cada vez mais, para fazer permanentes festivais.”

Este ciclo de solos no São Luiz é também um arquivo

Este ciclo de solos no São Luiz é também um arquivo

Tiago Vieira, Maria Duarte e João Rodrigues, Odete, Carlota Lagido, Rita Só e Mónica Calle, Sónia Baptista e Tiago Barbosa são os artistas reunidos em Recuperar o Corpo, um ciclo de solos programado por Miguel Bonneville no São Luiz Teatro Municipal que arranca este sábado, prolongando-se até Novembro. O projecto começou a germinar “com a ideia de construir um arquivo pessoal de artistas”, artistas esses que vão estando mais à margem dos circuitos institucionais. “A minha primeira ideia foi a de criar um site, uma vez que seria a forma mais imediata de o fazer com poucos meios”, conta Miguel Bonneville. Além da vontade de manter estes criadores “fora de uma determinada obscuridade”, este projecto começou também “como uma forma de combater a dificuldade que existe em fazer circular espectáculos – o que os torna ainda mais efémeros – e, consequentemente, ter informações sobre esses espectáculos e sobre os artistas que os criam”, explica o artista e performer. Começou como uma forma de combater a resistência obstinada em inscrever mais do que alguns ínfimos artistas na história de arte deste país.” Este arquivo acabou por ganhar, também ele, um corpo e concretizar-se em palco. Bonneville procurou congregar estes criadores “sob um tema abrangente”: o do “corpo intérprete-criador, a partir da premissa “de que não há arte sem corpo”. Aqui, há “corpos singulares que são experimentados na primeira pessoa e que procuram sair de uma determinada domesticação”. O corpo do performer, do c

Dança, música e teatro a circular por Vila do Conde

Dança, música e teatro a circular por Vila do Conde

A Norte, o Circular é um dos festivais que mais tem contribuído não só para nutrir uma comunidade ligada às artes performativas, mas também para estimular e reforçar espaços de encontro e diálogo entre várias disciplinas. Dança, performance, música, teatro, artes visuais e pensamento voltam a cruzar-se nesta 17.ª edição, “onde reside uma ampla diversidade temática suscitada por cada uma das propostas autorais”, dizem os programadores Paulo Vasques e Dina Magalhães. O arranque, no sábado, faz-se com um três em um, reunindo artistas portugueses e estrangeiros que já são cúmplices de longa data do festival. O primeiro momento é a inauguração da exposição Membrana, do baterista e percussionista João Pais Filipe e da artista visual e realizadora Mónica Baptista, acompanhada por uma performance às 17.30. Numa co-produção com a Solar - Galeria de Arte Cinemática/Curtas Metragens de Vila do Conde (fica até 6 de Novembro), e resultante de uma residência artística no Uganda em 2019, Membrana apresenta um conjunto de esculturas sonoras, fotografias e vídeos numa simbiose entre a matéria, o som e a luz enquanto forças vibratórias (e não só), propondo conduzir-nos “numa deriva rizomática”. A esta inauguração segue-se, às 21.00 no Teatro Municipal, o espectáculo de abertura do Circular, Calçada, que marca o regresso a Vila do Conde do coreógrafo brasileiro Volmir Cordeiro. Reprogramado de 2020 para a edição deste ano devido às contingências impostas pela crise pandémica, Calçada é um espec

Entre corpos e afectos, a BoCA pede-nos prova de humanidade

Entre corpos e afectos, a BoCA pede-nos prova de humanidade

Depois de uma edição online, a BoCA – Biennial of Contemporary Arts volta a pôr os pés na terra. E fá-lo com uma programação intensa e intensamente transdisciplinar entre vários espaços de Lisboa, Almada e Faro, passando por teatros, museus, praias, percursos de barco, espaços verdes. Neste terceiro round, a bienal convoca uma série de artistas nacionais e internacionais, estabelecidos e emergentes, para instigar novas criações e colaborações, reflexões cruzadas e olhares críticos sobre temas em torno dos afectos, da empatia, da ecologia, da multidimensionalidade dos corpos e o que eles trazem, dos discursos hegemónicos da História e seus legados, bem como possíveis reconstruções. Gus Van Sant, Grada Kilomba, Miles Greenberg e Odete são os artistas residentes em 2021/22, aos quais se juntam nomes como a encenadora Mónica Calle, o realizador Pedro Costa, a compositora Sarah Davachi, a rapper Capicua, a coreógrafa portuguesa Tânia Carvalho e a coreógrafa brasileira Alice Ripoll, o filósofo Bruno Latour, os artistas visuais Diana Policarpo, Jonathan Uliel Saldanha, Andreia Santana ou os berru, entre muitos outros. À terceira edição, a BoCA lança ainda um novo projecto educativo, Andamento – Entre o Teatro e o Museu, dirigido a jovens entre os 18 e os 27 anos. Falámos com o director artístico, John Romão, sobre os destaques da programação. ©Creative Agency, On Revelations and Muddy Becomings de Odete Porquê o título-mote Prove You Are Human?É a primeira vez que temos um título-

O fado vai bater forte no CCB

O fado vai bater forte no CCB

Goste-se ou não, o fado é um pilar da cultura portuguesa, um dado adquirido, uma tradição inabalável. Apesar disso, paradoxalmente, pouco se sabe sobre as suas origens, sobretudo no que diz respeito às danças que lhe estão associadas. Numa tentativa de escarafunchar os buracos da historiografia do fado dançado, resgatá-lo e reinterpretá-lo, a dupla Jonas&Lander criou Bate Fado, um espectáculo ancorado num importante processo de pesquisa que se foca no chamado fado batido, uma das danças próprias do fado com maior expressão na Lisboa do século XIX. É um híbrido entre dança e concerto, com quatro bailarinos, quatro músicos e um fadista-bailarino. Estreado no Festival DDD no Porto, em Abril, vai finalmente ser apresentado no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, nos dias 2 e 3 de Setembro. Nos mesmos dias, estará patente no CCB a exposição “Gabinete de Curiosidades”, com parte da investigação levada a cabo pela dupla. Entre imagens inéditas que retratam o fado batido e o seu contexto social, serão exibidos três documentários sobre o fado dançado de Quissamã, no Rio de Janeiro, onde a prática de se dançar o fado com sapateado e palmas se mantém até hoje. Esta foi, aliás, uma das coordenadas principais de Bate Fado, tanto do ponto de vista da pesquisa historiográfica como coreográfica, numa peça onde os corpos dos bailarinos são como instrumentos de percussão, evocando os cruzamentos com danças afro-brasileiras, necessariamente enquadradas no contexto colonial e de tráfico