Cinco actores diferentes interpretam Salvador Dalí nesta fita em que o excêntrico realizador francês Quentin Dupieux compartilha, formalmente e do ponto de vista narrativo, do espírito surrealista do pintor, bem como do onirismo desabrido mas “lógico” das fitas de Luis Buñuel, com uma pitada de absurdo pythoniano e pózinhos de Dada. O filme, que parece começar normalmente mas a certa altura transforma-se numa série de sonhos dentro de sonhos dentro de sonhos, centra-se num projecto de entrevista sobre Dalí que nunca chega a ser concretizado por uma jornalista francesa nos anos 80, e passa-se tanto fora como dentro da cabeça do genial e demencial pintor, acabando por ser simplesmente indescritível e inclassificável. Interpretações de Anaïs Demoustier, Edouard Baer, Gilles Lellouche (o melhor e mais extravagante, física e verbalmente, dos vários Dalí), Jonathan Cohen, Pio Marmai e Romain Duris. A música, também ela “dalíesca”, é de Thomas Bangalter, dos Daft Punk, e Dupieux mantém-se fiel aos 77 minutos que costumam durar as suas realizações. é o OVNI cinematográfico do ano (ou, como diria o espalhafatoso Dalí de Lellouche, “Cinematogrrrrrrrrrrrráfico!”)
Tanto cinema, tão pouco tempo. Há filmes em cartaz para todos os gostos e de todos os feitios. Das estreias em cinema aos títulos que, semana após semana, continuam a fazer carreira nas salas. O que encontra abaixo é uma selecção dos filmes que pode ver no escurinho do cinema, que isto não dá para tudo. Há que fazer escolhas e assumi-las (coisa que fazemos, com mais profundidade nas críticas que pode ler mais abaixo nesta lista). Nas semanas em que há estreias importantes de longas-metragens no streaming, também é aqui que as encontra. Bons filmes.
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