Eurico de Barros

Eurico de Barros

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Os filmes em cartaz esta semana, de ‘Um Dia Ainda Mais Doido’ a ‘Terapia de Família’

Os filmes em cartaz esta semana, de ‘Um Dia Ainda Mais Doido’ a ‘Terapia de Família’

Tanto cinema, tão pouco tempo. Há filmes em cartaz para todos os gostos e de todos os feitios. Das estreias em cinema aos títulos que, semana após semana, continuam a fazer carreira nas salas. O que encontra abaixo é uma selecção dos filmes que pode ver no escurinho do cinema, que isto não dá para tudo. Há que fazer escolhas e assumi-las (coisa que fazemos, com mais profundidade nas críticas que pode ler mais abaixo nesta lista). Nas semanas em que há estreias importantes de longas-metragens no streaming, também é aqui que as encontra. Bons filmes. Recomendado: Os melhores filmes de 2025 até agora
Os melhores filmes de 2025 até agora

Os melhores filmes de 2025 até agora

Com o calor do Verão a intensificar-se, aproveitámos o tempo à sombra para fazer os primeiros balanços do ano. E como não resistimos a uma boa lista fomos vasculhar entre as estreias de cinema a que Portugal já assistiu em 2025 e escolhemos os filmes que mais se destacaram até ao momento. Entre longas-metragens vindas do Irão, da China, da Roménia ou de França, de realizadores consagrados e de estreantes, nos géneros mais variados, do terror ao romance, da animação ao suspense, estes são os melhores filmes de 2025 até agora (dois dos quais que já estão no streaming). Recomendado: Os melhores filmes de 2024
As estreias de cinema para ver em Agosto, de ‘Drácula: Uma História de Amor’ a ‘Eddington’

As estreias de cinema para ver em Agosto, de ‘Drácula: Uma História de Amor’ a ‘Eddington’

Se é daquelas pessoas que prefere a noite e o escuro, em vez do calor, sol e praia, temos boas notícias. Agosto é perfeito para passar dentro da sala de cinema – e não é só por ser mais fresquinho. A contrariar as tendências, o cartaz deste mês está repleto de grandes filmes de terror, como os chocantes Hora do Desaparecimento, de Zach Cregger, ou Eddington, de Ari Aster, que neste novo trabalho decidiu olhar para as teorias da conspiração e para a pandemia, apoiado por actores como Joaquin Phoenix, Pedro Pascal ou Emma Stone. Se não quer sair do cinema com um arrepio na espinha, tem sempre a oportunidade de ver Noiva em Apuros ou Um Dia Ainda Mais Doido, protagonizado por Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan.  Recomendado: As estreias de cinema a não perder nos próximos meses
As estreias de cinema para ver em Julho, de ‘Mundo Jurássico: Renascimento’ a ‘Superman’

As estreias de cinema para ver em Julho, de ‘Mundo Jurássico: Renascimento’ a ‘Superman’

Com o aproximar do Verão abre-se a janela dos blockbusters. Prova disso são os dois grandes destaques deste mês, duas produções que fazem regressar ao ecrã caras conhecidas (e focinhos famosos). Primeiro, o poderoso extra-terrestre Kar-El, por cá conhecido como Super-Homem e desta vez interpretado por David Corenswet. Neste Superman, o homem da câmara é James Gunn. De regresso estão também os dinossauros de Mundo Jurássico, no sétimo filme da franquia iniciada em 1993. Mas nesta lista também há espaço para produções independentes, muitas delas europeias (o britânico Mike Leigh, por exemplo), e vários géneros, do terror à comédia. Descubra os dez filmes a não perder neste mês de Julho. Recomendado: Os 100 melhores filmes de sempre
As estreias de cinema para ver em Junho, de ‘28 Anos Depois’ a ‘F1’

As estreias de cinema para ver em Junho, de ‘28 Anos Depois’ a ‘F1’

Há dois mundos cinematográficos que este mês regressam ao cinema (e um é mesmo o fim do mundo). Por um lado, a saga John Wick apresenta mais um título, este um pouco diferente dos quatro filmes interpretados por Keanu Reeves: Ballerina. Entalada entre os capítulos 3 e 4 da saga, a nova história tem uma nova heroína, Eve Macarro, e uma nova assassina de serviço, interpretada por Ana de Armas. E por outro, 28 Anos Depois, a terceira parte dos filmes pós-apocalípticos 28 Dias Depois (2002) e 28 Semanas Depois (2007). E em Junho temos também Brad Pitt a alta velocidade, com F1. Estas são as dez estreias de cinema que queremos ver em Junho. Recomendado: The Bear, Squid Game e mais sete séries para ver em Junho
Exterminador Implacável: não se pode mesmo exterminá-lo?

Exterminador Implacável: não se pode mesmo exterminá-lo?

Em 1984, Arnold Schwarzenegger teve o seu melhor papel de sempre e encontrou o personagem que o acompanha desde então. Como T-800 (Modelo 101), o actor chocou de frente, por assim dizer, com a sua persona cinematográfica, cortesia do realizador James Cameron, que iniciou aqui uma carreira multimilionária sem nunca mais atingir a qualidade do primeiro par de filmes. Desde então, a saga mereceu seis longas-metragens, com problemas de continuidade entre elas, e duas séries: Terminator: As Crónicas de Sarah Connor (2008) e a série de animação Extreminador Implacável Zero (2024), disponível na Netflix. Mas estes são os filmes, por ordem cronológica. Recomendado: Saiba tudo sobre as novidades do universo ‘A Guerra dos Tronos’
Os melhores filmes de Diane Keaton

Os melhores filmes de Diane Keaton

Woody Allen trouxe-a do palco para o cinema em 1972, na comédia O Grande Conquistador, e fez dela a sua primeira musa, dirigindo-a numa série de filmes onde se destaca, obviamente, Annie Hall, que deu a Diane Keaton o Óscar de Melhor Actriz em 1978. Mas se Keaton é uma consumada actriz cómica, não se limita nem se contenta com esse registo, tendo-se mostrado também uma soberba actriz dramática, como se pode ver, por exemplo, na trilogia O Padrinho, de Francis Ford Coppola, ou num dos filmes mais singulares da sua carreira, À Procura de um Homem. Relembramos os melhores filmes de Diane Keaton. Recomendado: 18 estreias de cinema para ver nos próximos meses
Os melhores filmes de Johnny Depp

Os melhores filmes de Johnny Depp

Johnny Depp foi dirigido neste punhado de filmes, feitos a partir dos anos 1990, quando se impôs em Hollywood, por cineastas como John Waters, Mike Newell e especialmente Tim Burton, com quem já colaborou em oito filmes (nove se contarmos com Alice do Outro Lado do Espelho, do qual Burton é produtor). Depp também tem olho para a realização, tendo em 1997 visto estrear a sua primeira longa-metragem, O Bravo, que também interpreta, com Marlon Brando no elenco. Mas isso é matéria para outra conversa. Estes são os melhores filmes de Johnny Depp, o actor.  Recomendado: Os melhores filmes de Tim Burton
Dez filmes eróticos e de SM a sério

Dez filmes eróticos e de SM a sério

Já se fez muito bom cinema erótico. O Porteiro da Noite, de Liliana Cavani, História de O, de Just Jaeckin, ou A Pianista, de Michael Haneke, foram rodados entre os anos 70 e o início do século XXI, e são alguns dos filmes eróticos e de temática sadomasoquista que entraram para a história do cinema pela sua ousadia e qualidade. Mas não são os únicos. Com argumentos originais ou baseados em livros, com uma pitada de realidade ou fruto do génio criativo, mais e menos polémicos, eis dez filmes eróticos e de sadomasoquismo indispensáveis. Recomendado: Netflix and chill? Os melhores filmes românticos para ver agora
Os melhores filmes de Liam Neeson

Os melhores filmes de Liam Neeson

Liam Neeson é um actor que trabalha. Este ano, tem filmes em várias fases de elaboração, dois deles com estreia marcada para 2025: a comédia de ficção científica Cold Storage e The Naked Gun: Aonde é Que Para a Polícia?!, uma nova versão dos filmes protagonizados por Leslie Nielsen nas décadas de 1980 e 1990. E foi no início dos anos 1980 que Neeson se estreou no cinema, depois de se ter distinguido no palco e ter experimentado a televisão, e nunca mais parou desde então. Faz uma média de quatro filmes por ano, tudo para mais, nada para menos. Recordamos aqui um punhado dos seus melhores papéis, de Vingança Sem Rosto a Silêncio. São estes os melhores filmes de Liam Neeson. Recomendado: O melhor do cinema alternativo em Lisboa
Os melhores filmes com Sophia Loren

Os melhores filmes com Sophia Loren

Sophia Loren é a mais lendária actriz do cinema italiano, com uma carreira lançada no início dos anos 50, em figurações e papéis secundários. Depois de se impor em Itália em meados da mesma década, rapidamente ganhou projecção internacional. A última vez que a vimos no cinema foi no filme Uma Vida à sua Frente (2020), onde assumiu o papel principal, numa obra dirigida pelo seu filho, Edoardo Ponti. Uma nova versão de um filme dramático dos anos 70 baseado num livro do escritor francês Romain Gary, então interpretado por Simone Signoret. Loren tinha 85 anos quando vestiu esse último papel, numa longa-metragem que pode ser vista na Netflix. Mas aqui apresentamos uma escolha de oito dos seus papéis mais notáveis. Recomendado: Os melhores filmes italianos sobre amor e traição
As estreias de cinema para ver em Maio, de ‘Thunderbolts*’ a ‘O Esquema Fenício’

As estreias de cinema para ver em Maio, de ‘Thunderbolts*’ a ‘O Esquema Fenício’

Há sagas que parecem não ter fim e há duas estreias este mês que regressam a universos conhecidos da sétima arte. Falamos de Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final, segunda parte do último filme desta série de acção que se prolonga há quase três décadas; e de Thunderbolts*, mais uma incursão pelo Universo Cinematográfico Marvel, agora sobre um grupo de anti-heróis e vilões reformados. Mas há outros filmes em cartaz que queremos ver, num mês de grandes realizadores, entre os quais David Cronenberg, com As Mortalhas; e Wes Anderson, com O Esquema Fenício. Estas são as estreias de cinema para ver em Maio. Recomendado: Ruído, And Just Like That... e mais 11 séries para ver em Maio

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O Segundo Acto

O Segundo Acto

3 out of 5 stars
Mais um filme onde Quentin Dupieux, o mais “jarryesco” dos realizadores franceses, cultiva o seu apurado sentido do nonsense e da bagunça formal criativa, pondo em cena, no restaurante no meio do nada com o mesmo nome do título, um quarteto de personagens que não se portam como seria de esperar delas num filme. Florence (Léa Seydoux) está perdidinha de amores por David (Louis Garrel), que não a quer ver nem pintada, e quer atirar para os braços do seu amigo Christian (Raphaël Quenard). Inesperadamente, entra na equação Guillaume (Vincent Lindon), o pai de Florence, a quem ela quer apresentar o seu apaixonado. Dupieux dinamita esta historieta pondo os intérpretes a fugirem constantemente do guião e a falarem das suas vidas pessoais, amorosas e profissionais (há ainda um “secundário” tão nervoso que nem sequer consegue servir o vinho à mesa, e membros da equipa técnica que aparecem aqui e ali), e tornando O Segundo Acto numa charge gostosamente sarcástica ao meio do cinema, às vaidades, rivalidades e ridículos dos actores, ao wokismo e ao #MeToo, e ainda à Inteligência Artificial aplicada à produção de filmes, que nos deixa levemente arrepiados. E, mais uma vez, nos 76 minutos que os seus filmes costumam durar. Se não existisse, Quentin Dupieux tinha que ser inventado.
Verdades Difíceis

Verdades Difíceis

4 out of 5 stars
Marianne Jean-Baptiste é a principal intérprete da nova realização do britânico Mike Leigh, no papel de Pansy, uma dona de casa londrina que está muito longe de ser feliz, é atormentada por toda uma série de fobias e de pequenas paranóias, embirra violenta e amargamente com tudo e todos, e tem conflitos constantes com o muito paciente marido, que trabalha como canalizador, e com o filho, que passa o dia a preguiçar e se sente esmagado e tolhido por ela. Já a sua irmã Chantelle (Michele Austin), mãe solteira, é completamente diferente de Pansy em tudo. Leva uma vida estável e organizada, é dona de um próspero cabeleireiro e as filhas têm bons empregos. Leigh não dirigia Marianne Jean-Baptiste desde Segredos e Mentiras (1996), e tira aqui dela uma interpretação notável de intensidade agressiva e de azedume em jacto contínuo, fazendo dela o oposto polar da sempre alegre e militantemente optimista Poppy de Sally Hawkins em Um Dia de Cada Vez (2008). Onde aquela é solar e o filme exuberante, Pansy é sombria e Verdades Difíceis crispado. Mike Leigh não nos decifra esta intragável personagem – decerto a mais problemática e antipática das várias deste tipo que já filmou, ficcionais ou reais –, embora no final deixe no ar algumas vagas pistas que poderão ajudar; nem nos pede compaixão para ela (temos pena é dos familiares, dos conhecidos e dos estranhos que ela atormenta e destrata ao longo da fita…) ou trata como um estereótipo de melodrama ou tragicómico, abstendo-se ainda de qualqu
Comboio do Ártico

Comboio do Ártico

3 out of 5 stars
Grande produção norueguesa passada durante a II Guerra Mundial, Comboio do Ártico é realizada por Henrik Martin Dahlsbakken. O filme acompanha, no Verão de 1942, os 35 navios civis que formam um comboio que transporta, pela perigosa rota do Árctico, material bélico e abastecimentos vitais para a União Soviética invadida pelos alemães. De súbito, há ordens para o comboio ser desfeito e os cargueiros optarem para continuarem a seguir para Murmansk, o seu destino, ou regressarem à Islândia, de onde partiram. Dahlsbakken passa então a centrar a acção num barco que fica isolado e à mercê das minas e dos ataques dos submarinos e aviões inimigos. Comboio do Ártico transforma-se então num filme de suspense eficaz e muito realista, e passa a focar-se nos conflitos, nas tensões e nas relações entre os membros da tripulação, que não deixam de fora o comandante. Este quer prosseguir na rota definida mas o imediato é da opinião que se deve ou regressar, ou ir para águas geladas mais seguras. A fita foi rodada num velho barco de transporte de carvão que participou nas duas guerras mundiais e foi preservado, o que contribui muito para a autenticidade da atmosfera vivida a bordo.
O Ritual

O Ritual

3 out of 5 stars
Os filmes de terror sobre exorcismos são todos devedores, inevitavelmente, de O Exorcista, de William Friedkin. E nenhum dos muitos já feitos depois conseguiram alçar-se ao nível deste, mesmo quando tentaram contornar ou inovar a pauta narrativa, estilística e emocional que a fita de Friedkin estabeleceu (ver, por exemplo, o recente O Exorcismo, de Joshua John Miller, com Russell Crowe). Em O Ritual, passado no interior dos EUA nos anos 20 e alegadamente baseado em factos reais, como é habitual nestes filmes, David Midell recorre às situações, convenções e personagens tipificadas que este subgénero do terror sobrenatural consagrou, mas consegue ao mesmo tempo escapar-se ao espartilho do formato, ao dar tanta atenção ao exorcismo em si como à erosão física, à inquietação psicológica e à perturbação espiritual sentida pelos dois padres que o estão a fazer, e pelas freiras do mosteiro em que se encontram. Midell tem ainda uma abordagem visual e gráfica mais elíptica e comedida do que o habitual às sequências de possessão e de exorcismo, que rima com a interpretação invulgarmente contida de Al Pacino no frade capuchinho exorcista, bem coadjuvado por Dan Stevens no jovem padre perturbado pelo recente suicídio do irmão, e que sente a sua fé abalada. Aliás, uma das sequências mais conseguidas e arrepiantes de O Ritual não é de exorcismo, mas sim aquela em que a personagem de Pacino é visitada, de noite, por uma entidade demoníaca, que fica na sombra a proferir as suas ameaças.
A Vida de Chuck

A Vida de Chuck

3 out of 5 stars
Tom Hiddleston interpreta o papel do título nesta adaptação de uma novela de Stephen King, uma história contada em sentido cronológico inverso e três partes, que começa com o fim da vida de Chuck Krantz, um homem comum que nunca saiu da pequena cidade dos EUA em que viu a luz do dia e cresceu, mas à qual está ligada o destino do universo, e depois recua no tempo para ver como ele a viveu. Realizado por Mike Flanagan, que já assinou outras duas adaptações de livros do escritor, Jogo Perigoso (2017) e Doutor Sono (2019), A Vida de Chuck assenta um pé no fantástico e outro no realismo (que Stephen King também cultiva ocasionalmente), a sua decifração assenta num poema de Walt Whitman que é referido por um par de vezes durante a história, e assemelha-se ao resultado da junção do espírito de um filme de Frank Capra como Do Céu Caiu Uma Estrela com o da série The Twilight Zone. Tem alguma sacarina, mas que não chega para ser enjoativo, e a “mensagem” é evidente, embora não pese demais, e a primeira parte, quando se começam a manifestar os sinais do fim do universo associados à agonia de Krantz, quase que vale por toda a fita, que tanto pode ser entendida metaforica (a morte de um homem é também a de todo um universo que ele contém) como literalmente (a existência do universo está, de forma inexplicável, ligada à de um indivíduo anónimo e aparentemente sem importância). Mark Hamill interpreta o papel do avô de Chuck.
Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final

Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final

3 out of 5 stars
Chega finalmente aos ecrãs a segunda parte, e oitavo título, daquele que será o derradeiro filme desta série de espionagem e acção protagonizada por Tom Cruise desde o primeiro, estreado em 1996, há quase 30 anos. Ethan Hunt e a sua equipa, mais alguns aliados que apanham pelo caminho, continuam a tentar anular a Entidade incorpórea (o vilão digital da fita) que se quer apoderar de todos os arsenais nucleares mundiais e desencadear um holocausto atómico no planeta, bem como Gabriel (o segundo vilão, este humano), que pretende, pelo seu lado, controlar a Entidade e ser ele a mandar no planeta. Embora com menos e menos variadas sequências de acção do que o anterior, Missão: Impossível – Ajuste de Contas – Parte Um (2023), e um pouco mais de palha de explicações e de exposição, sobretudo na primeira meia hora, Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final, realizado com mão firme e visão panorâmica por Christopher McQuarrie (no seu quarto filme da série), continua à altura dos pergaminhos desta saga que passou a ocupar o lugar central no cinema do género (sobretudo depois que James Bond deixou de se manifestar), e Tom Cruise, à beira de fazer 63 anos, afirma-se mais uma vez, e em simultâneo, como superprodutor, “estrela” de primeira grandeza e como o actor mais trabalhador, entusiasmado, profissional e que mais arrisca – a própria vida, mesmo, já que dispensa os “duplos” – para dar o maior, melhor, mais arrebatador e inédito espectáculo do mundo aos espectadores. A longa sequênc
Juventude: Primavera/ Tempos Difíceis/ Regresso a Casa

Juventude: Primavera/ Tempos Difíceis/ Regresso a Casa

4 out of 5 stars
Colossal documentário em três partes, totalizando cerca de 10 horas de duração, assinado pelo realizador chinês Wang Bing. Co-produzido com três países europeus, Juventude foi rodado entre 2014 e 2019 na cidade de Zhili onde se concentram muitos milhares de pequenas fábricas de vestuário, sobretudo infantil, e trabalham e vivem, em condições precárias, cerca de 300 mil pessoas, quase todas jovens e vindas do campo. Bing dá-nos um amplo e detalhado panorama do repetitivo dia-a-dia destes trabalhadores sazonais, adolescentes ou na casa dos 20 anos, do seu convívio, entre brincadeiras e namoros, dos choques com os empresários que os contrataram (sobretudo na segunda parte, Tempos Difíceis), e das suas aspirações e frustrações, filmando-os ainda em viagem e junto das suas famílias. Retrato de uma nova geração de chineses ao trabalho nas suas máquinas de costura e em movimento entre o campo e a urbe, Juventude mostra também as realidades e o funcionamento do modelo económico-industrial que permite à China inundar o mundo com os seus produtos baratos e em que a quantidade prima sobre a qualidade, e o grande fosso que existe ainda entre o país urbano que o Estado chinês exibe como vitrina do progresso e da superioridade tecnológica, económica e industrial chinesa, e o país rural, onde muitas coisas continuam como a ser como eram há muito tempo, e que é visto na terceira parte, Regresso a Casa. Através dos seus longos documentários (este Juventude não escapa a alguma repetição e pode
O Esquema Fenício

O Esquema Fenício

3 out of 5 stars
Pouco antes da actual moda dos “Starter Packs” na Internet, houve outra, que embora breve, foi bastante significativa para os cinéfilos: a dos falsos trailers de filmes de sucesso mundial, tal como teriam sido realizados por Wes Anderson, gerados por Inteligência Artificial (IA) e feitos por fãs do realizador de Um Peixe Fora de Água, Moonrise Kingdom e O Grande Hotel Budapeste. Entre os melhores destes trailers brincalhões, todos eles pastiches impecáveis do inconfundível estilo visual de Anderson e que podem ser encontrados no YouTube, estão os de franchises como Guerra das Estrelas, The Matrix, O Senhor dos Anéis e Harry Potter. Já antes o célebre programa Saturday Night Live tinha feito um sketch com a forma de um trailer de um falso filme de terror de Anderson, intitulado The Midnight Coterie of Sinister Intruders, onde Edward Norton finge ser Owen Wilson, um dos actores favoritos e regulares do realizador. Estas novas brincadeiras digitais em redor da peculiar estética de Wes Anderson levaram ao aparecimento de alguns artigos sisudos sobre os perigos da IA na sua aplicação ao cinema. Mas não se pode negar aos autores dos ditos trailers conhecimento dos tiques cinematográficos do cineasta, muito menos sentido de humor. E Anderson não reagiu mal aos ditos, sentindo-se até lisonjeado. Eles são, aliás, uma manifestação da enorme popularidade do realizador e do culto que o rodeia. Os seus idiossincráticos filmes podem irritar muita gente e ser aclamados por outra tanta, mas
O Ano Novo Que Não Aconteceu

O Ano Novo Que Não Aconteceu

4 out of 5 stars
Realizado em estreia nas longas-metragens por Bogdan Muresanu, este filme faz-nos recuar à Roménia de perto do Natal de 1989, quando o regime totalitário de Nicolae Ceausescu foi derrubado pela fúria popular em Bucareste. O realizador adopta o ponto de vista de uma série de personagens anónimas cujas vidas se cruzam e assistem, ou participam decisivamente, no caso de uma delas, na queda do “Conducator”. Prémio de Melhor Filme na secção paralela Orizzonti do Festival de Veneza de 2024, e extensão de uma curta realizada por Muresanu em 2018, The Christmas Gift, O Ano Novo que Não Aconteceu está na linha de fitas anteriores sobre o mesmo tema de outros realizadores romenos, como 12:08 a Este de Bucareste, de Corneliu Porumboiu (2006), The Paper Will be Blue, de Radu Muntean (2006), ou o mais recente Libertate, de Tudor Giurgiu (2023). Com a particularidade de ter uma forma “coral”, de cruzar várias personagens na mesma narrativa, que se conhecem com maior ou menor intimidade, são apenas vizinhos ou nunca se viram, de contemplar um registo finamente controlado na harmonização de drama e comédia, e de acabar precisamente quando a revolta popular se inicia, concluindo com imagens de arquivo da queda do comunismo romeno nas ruas, e a libertação dos principais protagonistas das várias situações difíceis em que se encontravam. O Ano Novo que Não Aconteceu é um dos melhores filmes sobre este momento inesquecível da história contemporânea da Roménia.
Riddle of Fire

Riddle of Fire

3 out of 5 stars
Ainda não há pouco tempo, o cinema americano era prolífero na produção de filmes infanto-juvenis, que os pais também podiam ver na companhia dos filhos pequenos. A Walt Disney era, naturalmente, o estúdio que dominava esta modalidade de filmes, através de toda uma sorte de títulos que iam de adaptações de clássicos da literatura do género às aventuras de personagens míticas da história dos EUA, como Davy Crockett ou Daniel Boone, e de vedetas de quatro patas como a inesquecível Lassie, passando por comédias familiares que as mais das vezes tinham como heróis crianças ou grupos de crianças amigas, irrequietas e travessas, mas também de bom coração. Esses tempos desapareceram quase por completo, mas de quando em quando aparece nos cinemas um filme que, pelo espírito que o anima, pela história, pelos protagonistas e pelas suas características gerais, remete para a “era de ouro” do cinema infanto-juvenil. Estas produções já não têm a chancela da Disney, sendo antes independentes com orçamentos modestos e recursos técnicos limitados, mas que compensam estas falhas com entusiasmo, imaginação, sinceridade e um conhecimento profundo da tradição de fitas que representam e a que dão continuidade. Riddle of Fire, a primeira longa-metragem de Weston Razooli, que passou na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes de 2023, é um desses filmes.   Passado numa pequena vila do Wyoming, Riddle of Fire tem como heróis dois irmãos, Jodie e Hazel, que com a sua vizinha e grande amiga Alice
Vermiglio

Vermiglio

4 out of 5 stars
Vencedor do Grande Prémio do Júri no Festival de Veneza, e candidato pela Itália à nomeação ao Óscar de Melhor Filme Internacional, Vermiglio, escrito e realizado por Maura Delpero, passa-se entre 1944 e 1945, na remota vila montanhosa do título, à qual chegam certo dia dois desertores do exército transalpino, que ali se refugiam, dividindo as opiniões dos locais: alguns, apoiam o que eles fizeram, outros, reprovam a sua fuga ao dever. Um dos soldados, siciliano, envolve-se amorosamente com a filha mais velha do respeitado professor local, Cesare, que tem uma família numerosa. Engravida-a e casam-se, mas a guerra acaba entretanto e o rapaz tem que regressar à sua Sicília natal para regularizar a sua situação militar. Maura Delpero remete para o cinema dos irmãos Taviani, e muito especialmente de Ermanno Olmi, com este filme em que recria meticulosa e placidamente, sem pressupostos político-“sociológicos”, e com uma reserva emocional que não impede a empatia com as personagens, o quotidiano de uma distante comunidade rural italiana nos meados da década de 40 e finais da II Guerra Mundial, e a vida dos membros de uma família que faz parte daquela, os Graziadei, cada qual uma pequena história em si.
Super Charlie

Super Charlie

Longa-metragem animada sueco-dinamarquesa sobre um menino de 10 anos cujo irmão recém-nascido tem superpoderes. Juntos, vão ajudar o pai, agente da polícia, a combater um supervilão e um cientista maléfico.

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‘The Naked Gun: Aonde é que Pára a Polícia?’: por favor, não chamem a polícia!

‘The Naked Gun: Aonde é que Pára a Polícia?’: por favor, não chamem a polícia!

Nos anos 80 e 90, as iniciais ZAZ eram, em Hollywood, sinónimo de comédia nonsense de grande quilate. Entre 1980 e 1994, altura em que se separaram, David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker, irmão daquele, e amigos desde a infância, foram responsáveis (nalguns casos, também com a colaboração de Pat Proft), pela produção, escrita e realização de títulos de enorme sucesso comercial e de crítica como Aeroplano! (1980), paródia brilhante aos filmes-catástrofe de aviação, Ultra Secreto (1984), gozo pegado às fitas passadas na II Guerra Mundial e de espionagem (e de passagem, aos surf movies e aos musicais), e a uma trilogia, Aonde é que Pára a Polícia?. Esta reduzia jubilatoriamente a pó as séries e filmes policiais em todos os seus estereótipos, situações feitas, enredos preguiçosos e personagens tipificadas, e saiu de uma série de televisão também dos ZAZ, Polícias à Parte (1982), que teve apenas seis episódios e passou em Portugal na RTP. Esta série, e os três filmes que se lhe seguiram, Aonde é que Pára a Polícia? (1988), Aonde é que Pára a Polícia? Parte 2 ½: O Aroma do Medo (1991) e Aonde é que Pára a Polícia 33 1/3 (1994), deram ao veterano Leslie Nielsen o papel do tenente Frank Drebin, da Polícia de Los Angeles, o agente da lei mais insondavelmente burro e inacreditavelmente desastrado da história do cinema cómico, émulo americano do Inspetor Clouseau de Peter Sellers. Depois de 15 anos de triunfos, e de terem associado os seus nomes ao melhor do cinema de comédia absurd
O Pátio das Antigas: Roupa branca “elegante e chic” era na Loja da América

O Pátio das Antigas: Roupa branca “elegante e chic” era na Loja da América

Até o Tio Sam foi mobilizado para publicitar a Loja da América, inaugurada na Baixa, na Rua do Ouro, em 1872. Com efeito, num anúncio de jornal de 1900, reproduzido no blogue Restos de Colecção, a figura que personifica os EUA surge a publicitar uma “Exposição de Rouparia para senhoras, homens e crianças (…), com “Modelos das primeiras casas de Paris, Berne e Valência”, feitos expressamente para a LOJA DA AMÉRICA”. Sem faltar os “enxovaes completos para noivas e baptisados”. Hoje quase totalmente esquecida, a Loja da América foi uma das mais célebres e bem afreguesadas da Baixa. Vendia tudo o que fosse “roupa branca”, quer de uso pessoal, quer doméstico, com um acervo que ia das camisas, lenços, camisolas interiores e dos referidos “enxovaes”, aos panos de linho, algodão e americanos, guardanapos, lençóis, colchas e “robes-chambres”, tudo em “modelos exclusivos” e do mais “elegante e chic”. O proprietário da Loja da América tinha também a Camisaria Americana, situada uns números mais abaixo, especializada em camisas, e que a complementava neste tipo de artigos de vestuário masculino. A Camisaria Americana foi a primeira a fechar, no final da I Guerra Mundial. A Loja da América encerrou no início dos anos 50, não resistindo à concorrência das lojas mais recentes e modernas. Coisas e loisas de outras eras + O Monte Carlo, uma lenda do Saldanha + Os carrinhos de pedais do Jardim Zoológico + A sapataria requintada da Rua Garrett + O Salão Central que depois foi Central Cinema
‘Quarteto Fantástico: Primeiros Passos’: os super-heróis querem regressar em grande

‘Quarteto Fantástico: Primeiros Passos’: os super-heróis querem regressar em grande

O título deste filme de Matt Shakman, O Quarteto Fantástico: Primeiros Passos (estreia-se esta semana) induz em erro, sobretudo os menos atentos a estas coisas dos comics de super-heróis e do cinema. Estes não são, de forma alguma, os primeiros passos das quatro super-personagens criadas em 1961 para a Marvel por Stan Lee e Jack Kirby, seja nos filmes, seja na televisão, seja na animação, ou mesmo na rádio (em 1975, houve uma adaptação radiofónica das aventuras do Quarteto Fantástico, e quem deu voz ao Tocha Humana foi... Bill Murray, então um quase desconhecido que se preparava para entrar no Saturday Night Live, e iniciar a sua caminhada para a fama).  Com efeito, o Quarteto Fantástico – Sr. Fantástico, Mulher Invisível, Tocha Humana, A Coisa – já foi protagonista de quatro séries de desenhos animados na televisão, entre 1967 e 2006, e de nada mais, nada menos, do que quatro filmes de longa-metragem em imagem real. O primeiro, The Fantastic Four, data de 1994, foi produzido por Roger Corman e nunca se estreou comercialmente, por questões relacionadas com direitos, e só pode ser visto em versão pirata; o segundo, Quarteto Fantástico, feito em 2005, teve uma continuação em 2007, Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado; finalmente, em 2015, surgiu Quarteto Fantástico, um reboot da fita de 1994. As críticas destes três filmes não foram boas, mas os dois primeiros portaram-se bem nas bilheteiras (ao contrário da versão de 2015, que falhou com estrondo). A ideia de mais um film
‘Sei o que Fizeste no Verão Passado’: o assassino do gancho não desiste

‘Sei o que Fizeste no Verão Passado’: o assassino do gancho não desiste

No final dos anos 90 e no início deste século, Kevin Williamson era um dos argumentistas mais prolíferos, populares e solicitados em Hollywood, e mais dedicados ao thriller de terror, ao fantástico e à ficção científica. Williamson escreveu, então, entre outros, filmes como Gritos (1996) e Gritos 2 (1997), de Wes Craven, Mistério na Faculdade (1998), de Robert Rodriguez, Amaldiçoados (2005), também de Wes Craven, criou a série Dawson’s Creek (1998-2003) e assinou o argumento e a realização do muito curioso – embora também muito maltratado pela crítica –, O Rapto da Senhora Tingle (1999), com Helen Mirren no papel principal, o de uma exigente professora de liceu que entra em conflito radical com uma aluna finalista. Um dos maiores sucessos de Kevin Williamson nessa altura foi Sei o que Fizeste no Verão Passado (1997), de Jim Gillespie, um teen slasher um pouco menos convencional e bastante menos sangrento do que o habitual neste subgénero do terror. É a história de quatro adolescentes que uma noite, de volta da praia, atropelam uma pessoa na estrada. Em pânico, e depois de outro amigo do grupo ter passado por eles de carro, os jovens decidem atirar o corpo ao mar, embora o homem ainda dê sinais de vida. O quarteto jura nunca mais falar no que aconteceu e cada um deles segue o seu caminho. Um ano mais tarde, uma das raparigas recebe uma carta anónima em que se lê apenas: “Sei o que fizeste no Verão passado”. E a seguir, uma figura vestida com um chapéu e um oleado de pescador c
‘Ler Lolita em Teerão’: a literatura contra a teocracia iraniana

‘Ler Lolita em Teerão’: a literatura contra a teocracia iraniana

Em 1979, Azar Nafisi, uma jovem iraniana recém-formada em Literatura Inglesa nos EUA, regressou ao seu país com o marido, Bijan, confiando que o novo regime revolucionário islâmico que pouco tempo antes tinha derrubado o governo do Xá Reza Pahlevi iria mudar o país para melhor. E ela e Bijan queriam muito contribuir para isso. Nafisi foi recebida de braços abertos e começou a dar aulas da sua especialidade na Universidade de Teerão. Mas cedo começou a perceber que as coisas iam mudar no Irão, sim, mas para pior, e que sob a tutela do soturno ayatollah Khomeini, o país ia ser transformado numa teocracia da qual as mulheres estariam entre as principais vítimas. Além de ser obrigada a usar véu, Azar Nafisi viu a universidade onde leccionava tornar-se cada vez mais sufocante em termos de liberdade de ensino, de troca de opiniões e de debate, até tudo ficar completamente submetido aos ditames do Corão e da lei islâmica. Farta e revoltada, Nafisi acabou por ser expulsa, passando a ensinar noutra universidade em 1981, da qual se demitiria em 1987. Entre 1995 e 1997, formou um clube de leitura em sua casa, com seis das suas antigas e melhores alunas, cujas vidas tinham entretanto dado muitas voltas, dedicado à leitura e discussão de vários clássicos da literatura, caso de Lolita, de Vladimir Nabokov, O Grande Gatsby, de Scott Fitzgerald, Daisy Miller, de Henry James, e Orgulho e Preconceito, de Jane Austen (estão todos proibidos no Irão), assim como As Mil e Uma Noites. Para elas, a
O Pátio das Antigas: O Monte Carlo, uma lenda do Saldanha

O Pátio das Antigas: O Monte Carlo, uma lenda do Saldanha

Faz agora 70 anos, em 1955, foi inaugurado na Avenida Fontes Pereira de Melo, mesmo a chegar ao Saldanha, o Café-Restaurante Monte Carlo, paredes meias com o seu congénere Monumental, aberto também nesse mesmo ano e incluído no edifício do imponente Cine-Teatro Monumental. Ocupando o espaço onde tinha estado a Pastelaria Fradique, o Monte Carlo formava, com o Monumental e A Paulistana, este situado no lado oposto da avenida, um emblemático trio de cafés da zona do Saldanha. O Monte Carlo era um mundo em si. À entrada, havia um porteiro fardado e uma das melhores tabacarias de Lisboa (antes do 25 de Abril, até se lá comprava a Playboy por baixo do balcão…). Tinha bilhares e barbearia e jogava-se lá xadrez, damas e cavalos. O restaurante servia o famoso Bife à Monte Carlo e foi o primeiro a ter comida indiana na capital, caso de um muito popular Balchão de Gambas. Além dos habitués, alguns dos quais passavam lá o dia, chegavam de manhã e só saíam quando as portas fechavam, bem depois da meia-noite, o Monte Carlo era frequentado por tudo que era artista, intelectual, jornalista, toureiro, desportista e político, do regime e da oposição. Toda a gente lá cabia, até alguns excêntricos conhecidos. A demolição do Monumental, em 1984, e a consequente desolação do Saldanha, ditaram a decadência do Monte Carlo, que fechou no final dessa década. Hoje está lá uma loja de roupas. Coisas e loisas de outras eras + Os carrinhos de pedais do Jardim Zoológico + A sapataria requintada da Rua Gar
Diga 33… anos de curtas em Vila do Conde

Diga 33… anos de curtas em Vila do Conde

Nome destacado e singular do cinema independente norte-americano na década de 90, e ligado a Nova Iorque, Whit Stillman, autor de fitas como Metropolitan (1990), Barcelona (1994) ou The Last Days of Disco (1998), vai ser um dos convidados da edição deste ano do Curtas Vila do Conde (12 a 20 de Julho), na secção In Focus. Stillman trará cinco dos seus filmes e participará, a 18 de Julho, numa conversa moderada por Daniel Ribas, que concluirá com um filme-surpresa; e no dia 17, na sessão Making Low Budget Films, o cineasta irá conversar com jovens realizadores presentes no festival que procuram produzir longas-metragens de baixo orçamento, dando como exemplo não só casos anteriores de sucesso rodados por  nomes como Lena Dunham, Spike Lee ou Lloyd Kaufman, como também filmes seus feitos com orçamentos curtos, caso de Metropolitan e Damsels in Distress. A secção In Focus da 33.ª edição do Curtas Vila do Conde irá ainda acolher o realizador palestiniano Mahdi Fleifel, do qual o Festival de Cannes exibiu To a Land Unknown (2024). Este será, em estreia portuguesa, um dos filmes de Fleifel a ver em Vila do Conde, mais nove curtas-metragens suas. Haverá, a 19 de Julho, uma conversa com Mahdi Fleifel, moderada por Ricardo Alexandre, em que serão exibidas as curtas 20 Handshakes for Peace (2014) e I Signed the Petition (2018). Já a secção New Voices será dedicada a Maureen Fazendeiro, francesa radicada em Portugal. O Curtas estreará a sua nova curta-metragem, Les Habitants, e passará,
‘28 Anos Depois’: regresso ao mundo pós-apocalipse

‘28 Anos Depois’: regresso ao mundo pós-apocalipse

Algum tempo após a estreia do seu filme de ficção científica pós-apocalíptica 28 Dias Depois, em 2002, o realizador Danny Boyle declarou que este “não era um filme de zombies”. Mas a verdade é que a fita, escrita por Alex Garland e passada após a disseminação acidental de um vírus da raiva altamente contagioso que leva ao colapso da sociedade em toda a Grã Bretanha, foi fundamental para dar um novo fôlego aos zombies no cinema – e também na televisão (e gerou ainda as inevitáveis imitações grosseiras). Ao facto não foi também alheio o facto de 28 Dias Depois, feito com um orçamento modesto, ter constituído um sucesso de crítica e comercial, e sido um dos filmes mais lucrativos do seu género naquele ano. Perante tudo isto, a ideia de uma continuação foi logo acalentada por Boyle, Garland e pelo produtor Andrew Macdonald, mas passaram cinco anos até que o filme, intitulado 28 Semanas Depois, se estreasse nos cinemas. O realizador, o argumentista e os principais actores (entre eles Cillian Murphy, intérprete do principal papel de 28 Dias Depois) estavam ocupados com outros projectos, e Boyle contactou o seu colega espanhol Juan Carlos Fresnadillo (autor, entre outros, de Intacto) para o rodar e participar na escrita do argumento, sob a supervisão geral de Alex Garland. O que levou a uma remodelação total da história original da fita, atrasando consideravelmente as filmagens. Interpretado por Robert Carlyle, Jeremy Renner, Idris Elba e Rose Byrne, 28 Semanas Depois surgiu em 2007
Brad Pitt entra na Fórmula 1 ao volante de um orçamento astronómico. Ganhará a corrida das bilheteiras?

Brad Pitt entra na Fórmula 1 ao volante de um orçamento astronómico. Ganhará a corrida das bilheteiras?

A Fórmula 1 tem produzido muito mais documentários do que filmes de ficção. Recordemos apenas, na primeira categoria, e feitos especificamente para cinema, Weekend of a Champion, de Roman Polanski (1972), que segue o antigo Campeão do Mundo Jackie Stewart no fim-de-semana do Grande Prémio do Mónaco de 1971 (e que ganharia, ao volante do seu Tyrrell), e o magnífico Senna, de Asif Kapadia (2010), sobre Ayrton Senna. Mas há também bons exemplos de filmes não-documentais ambientados no Grande Circo da Fórmula 1, caso do clássico Grande Prémio, de John Frankenheimer (1966), cujo enredo sentimental está algo datado, mas que tem imagens únicas da Fórmula 1 na década de 60, contou com a participação dos pilotos e das equipas de então e está ainda, em termos das sequências de competição, tecnicamente à altura do que é feito hoje, sem a menor dúvida. Juntam-se a este Um Momento, Uma Vida, de Sidney Pollack (1977), em que Al Pacino faz o papel de um piloto de Fórmula 1 (que corre na equipa Brabham, então patrocinada pela Martini) que desiste inesperadamente da competição após a morte do seu parceiro num terrível acidente durante um grande prémio na Europa; e, é claro, Rush – Duelo de Rivais, de Ron Howard (2013), considerado por muitos como o melhor filme de Fórmula 1, que recria, com algumas liberdades dramáticas justificadas e nunca forçadas, a histórica rivalidade entre James Hunt e Niki Lauda, dois pilotos sobredotados mas com personalidades e feitios opostos, e interpretados, respe
‘Um Silêncio’: um escândalo sexual que destrói uma família

‘Um Silêncio’: um escândalo sexual que destrói uma família

Em 2008, um advogado belga chamado Victor Hissel foi detido pela polícia, sob a acusação de posse de pornografia infantil no computador. A notícia não teria grande impacto, não fosse Hissel ter sido, 12 anos antes, o advogado das famílias de duas das crianças assassinadas por Marc Dutroux, um dos mais tristemente célebres criminosos e pedófilos da história. Representando os familiares das pequenas Julie Lejeune, de oito anos, e Mélissa Russo, de nove, Hissel distinguiu-se pela veemência com que então atacou magistrados, polícias e investigadores do caso, apontando-lhes a incompetência, o desleixo e mesmo a possível corrupção, assim como eventuais tentativas de encobrimento.  Criticado por alguns pelo carácter “excessivo” de algumas das suas declarações e pelo seu estilo e discurso “inflamatórios”, o causídico ganhou uma imensa popularidade na Bélgica, e mesmo fora do país, e transformou-se na figura maior e mais emblemática da luta contra a pedofilia. Após a sua prisão em 2008, Victor Hissel defendeu-se das acusações dizendo que havia sido vítima de abusos sexuais por um familiar próximo na infância, e que não tinha imagens nem filmes de pornografia infantil no seu computador (o que a investigação policial confirmou), tendo-se limitado a visitar sites da mesma para conhecer esta realidade, no âmbito da defesa das vítimas de Marc Dutroux. Só que o fez por milhares de vezes, e em parte após se ter retirado do processo. Houve nessa altura quem adiantasse que Hissel estava a ser
O Pátio das Antigas: Os carrinhos de pedais do Jardim Zoológico

O Pátio das Antigas: Os carrinhos de pedais do Jardim Zoológico

Há muitas décadas, havia dois espaços muito especiais para a miudagem no Jardim Zoológico de Lisboa. Um, era o ringue de patinagem, onde pontificava o sabedor, carinhoso e paciente professor Francisco Xavier de Araújo, que ali ensinou a patinar várias gerações de crianças e tem uma rua com o seu nome na zona. O outro era o Centro Mobil de Trânsito, construído por iniciativa da Mobil Oil Portuguesa para ensinar as regras de trânsito às crianças e familiarizá-las desde logo com os hábitos da segurança rodoviária. Inaugurado em Maio de 1963, o Centro de Trânsito Mobil tinha um sala de aulas para 30 crianças, um posto de socorros e um armazém, bem como uma pista que simulava um conjunto de ruas, com passeios, sinalização, passagens de peões, paragens de transportes colectivos, bombas de gasolina, etc. Era ali que, conduzindo carrinhos de pedais, os meninos e as meninas iam aplicar na prática a teoria que antes tinham ouvido na sala de aulas, explicada por instrutores encartados. A circulação dos carrinhos e o cumprimento das regras de trânsito eram seguidas na pista por um supervisor e por uma criança vestida de polícia de trânsito. Era como circular por uma cidade em miniatura. Quem teve o primeiro contacto com a segurança rodoviária nos carrinhos de pedais do Centro Mobil de Trânsito do Jardim Zoológico nunca mais se esqueceu das regras aprendidas, nem da experiência. Coisas e loisas de outras eras + A sapataria requintada da Rua Garrett + O Salão Central que depois foi Central
‘Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final’: Tom Cruise volta a tornar o impossível em possível

‘Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final’: Tom Cruise volta a tornar o impossível em possível

É o oitavo filme de uma das séries cinematográficas mais lucrativas da história do cinema (mais de 4,09 milhares de milhões de dólares até hoje), iniciada quase há 30 anos, em 1996 com Missão: Impossível, de Brian De Palma, que adaptava à tela a popular série de televisão de espionagem homónima (1966-73, e 1988-89), vista então em Portugal na RTP. E que, com Tom Cruise no papel principal, o agente Ethan Hunt, da IMF (Impossible Mission Force), e também como produtor todo-poderoso e controlador ao menor detalhe de todos os aspectos da cada filme, se transformou na franchise de acção de referência, solidificando ao mesmo tempo a carreira e a posição na indústria cinematográfica, o poder comercial e o valor nas bilheteiras de Cruise (à beira de fazer 63 anos), uma das últimas verdadeiras estrelas de cinema vivas. Continuação e conclusão de Missão: Impossível – Ajuste de Contas Parte Um (2023), e de novo realizado por Christopher McQuarrie (ao leme desde Missão: Impossível – Fallout, a sexta fita da série), Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final é, mais uma vez, totalmente construído em redor da personagem de Ethan Hunt. E de uma sucessão de proezas tão inauditamente perigosas como espectaculares realizadas pelo agente, em terra, no ar ou na água, que o próprio Tom Cruise insiste em executar pessoalmente, raramente com recurso a “duplos” e recusando utilizar efeitos especiais, mostrando assim a sua total devoção ao género e à sua tradição de produção, e ao seu público, que