Eurico de Barros

Eurico de Barros

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Os filmes em cartaz esta semana, de ‘As Mortalhas’ a ‘Thunderbolts*’

Os filmes em cartaz esta semana, de ‘As Mortalhas’ a ‘Thunderbolts*’

Tanto cinema, tão pouco tempo. Há filmes em cartaz para todos os gostos e de todos os feitios. Das estreias em cinema aos títulos que, semana após semana, continuam a fazer carreira nas salas. O que encontra abaixo é uma selecção dos filmes que pode ver no escurinho do cinema, que isto não dá para tudo. Há que fazer escolhas e assumi-las (coisa que fazemos, com mais profundidade nas críticas que pode ler mais abaixo nesta lista). Nas semanas em que há estreias importantes de longas-metragens no streaming, também é aqui que as encontra. Bons filmes. Recomendado: As estreias de cinema a não perder nos próximos meses
Dez séries sul-coreanas na Netflix

Dez séries sul-coreanas na Netflix

Não é só muito, variado e bom o cinema que sai regularmente da Coreia do Sul para os grandes festivais internacionais, para as salas de todo o mundo e para o streaming. Há também que contar com as séries de televisão que ali são produzidas em grande quantidade e vendidas para todo o mundo, com natural destaque para o mercado asiático, onde se revelam popularíssimas. Fomos escolher uma dezena delas que podem ser vistas na Netflix e que abrangem géneros como a comédia romântica e dramática, o policial, a ficção científica ou o fantástico, entre outros. Eis dez séries sul-coreanas para ver na Netflix agora.  Recomendado: Quinze filmes coreanos imprescindíveis a qualquer cinéfilo
Um roteiro para a Festa do Cinema Italiano em sete filmes

Um roteiro para a Festa do Cinema Italiano em sete filmes

A 18.ª Festa do Cinema Italiano começa em Lisboa no dia 9 de Abril e prolonga-se até dia 17, decorrendo nos cinemas São Jorge, Turim, El Corte Inglés, Fernando Lopes e na Cinemateca Portuguesa, entendendo-se também a mais de 20 outras cidades. Além das habituais secções e iniciativas variadas relacionadas com o cinema e a cultura de Itália, a edição deste ano assinala o centenário do nascimento de Marcello Mastroianni, com a secção Mastroianni 100 (entre outros filmes, será visto Viagem ao Princípio do Mundo, de Manoel de Oliveira) e, em colaboração com a Cinemateca, apresenta uma retrospectiva integral da obra do realizador e argumentista Antonio Pietrangeli (1919-1968), intitulada “Antonio Pietrangeli, esse Desconhecido”, e do qual se estrearam vários filmes em Portugal nas décadas de 50 e 60. Seleccionámos sete títulos de entre os programados para exibição. A programação completa e demais informações podem ser consultadas aqui. Recomendado: Entre política e pornografia, Festa do Cinema Italiano atinge a maioridade
As estreias de cinema para ver em Abril, de ‘Vermiglio’ a ‘O Retorno’

As estreias de cinema para ver em Abril, de ‘Vermiglio’ a ‘O Retorno’

Há muita Europa nas salas de cinema em Abril. Um dos destaques é Vermiglio, longa-metragem vencedora do Grande Prémio do Júri no Festival de Veneza de 2024, uma obra da italiana Maura Delpero sobre um desertor da II Guerra Mundial que se esconde numa vila remota. Este mês, também podemos assistir ao regresso a casa de Ulisses, o herói mitológico dos escritos de Homero, em O Retorno, uma produção que juntou Itália, Grécia, Reino Unido e França e levou às ilhas gregas actores como Ralph Fiennes ou Juliette Binoche. Ainda assim, de muito longe (Nova Zelândia) o terror também chega a Portugal, sob o título A Regra de Jenny Penn, com John Lithgow e Geoffrey Rush. Vamos ao cinema? Recomendado: O melhor do cinema alternativo em Lisboa
Quinze filmes coreanos imprescindíveis a qualquer cinéfilo

Quinze filmes coreanos imprescindíveis a qualquer cinéfilo

O cinema sul-coreano está, há muito, entre os mais vibrantes, ousados e influentes do mundo. E se ainda havia dúvidas, Parasitas tratou de as dissipar: o filme de Bong Joon-ho conquistou Cannes em 2019, arrebatou quatro Óscares em 2020 (tornando-se inclusivo a primeira produção de língua não inglesa a conquistar a estatueta dourada de Melhor Filme) e tornou-se um fenómeno global. Agora, com a estreia iminente de Mickey 17, o muito antecipado regresso do realizador, aproveitamos para revisitar 15 dos melhores filmes coreanos deste século – uma selecção que podia ser mais extensa, tal é a riqueza desta cinematografia. De Park Chan-wook a Lee Chang-dong, de Hirokazu Kore-eda a Kim Jee-won, todas estas obras são incontornáveis para qualquer cinéfilo que se preze. Recomendado: As estreias de cinema que não pode perder até ao final do ano
Todos os filmes com nomeações aos Prémios Sophia que pode ver em casa

Todos os filmes com nomeações aos Prémios Sophia que pode ver em casa

A Academia Portuguesa de Cinema apresentou os seus candidatos aos Prémios Sophia, os Óscares portugueses. Grand Tour lidera com 11 nomeações, seguido de O Pior Homem de Londres e Revolução (sem) Sangue, ambos com dez. Além dos filmes, os Prémios Sophia também olham para o pequeno ecrã e inclui uma categoria dedicada à melhor série do ano. A lista completa de nomeados está disponível no site da Academia Portuguesa de Cinema e a cerimónia terá lugar no dia 27 de Abril, no Salão Preto e Prata do Casino Estoril, com transmissão em directo na RTP2, como tem sido hábito. Recomendado: O melhor do cinema alternativo em Lisboa
Grandes actrizes e actores que nunca ganharam o Óscar

Grandes actrizes e actores que nunca ganharam o Óscar

Hollywood continua a ser implacável com algumas das caras mais conhecidas da indústria. Na cidade dos anjos contam-se histórias que traduzem amores e desamores da condição humana, histórias de força e superação, histórias de desastre e redenção, para que nos seja possível suportar a existência. Mas, no fim, há mais em jogo do que uma linha que nos estremece ou um monólogo que nos acompanha como bíblia para o resto dos dias. A estatueta dourada é a bitola que separa o que é bom do que é divino, mas nem sempre é consensual. Esta é a lista das actrizes e dos actores que nunca ganharam o Óscar. Recomendado: As actrizes e os actores com mais Óscares
As únicas comédias que ganharam o Óscar de Melhor Filme

As únicas comédias que ganharam o Óscar de Melhor Filme

Tal como a maior parte das cerimónias de prémios, os Óscares tendem a privilegiar um certo tipo de filmes – mais sérios, por assim dizer – em detrimento de quase tudo o resto. Embora haja sempre excepções, as comédias raramente estão nas boas graças da Academia de Hollywood. Uma tendência que foi recentemente contrariada na cerimónia de 2023, graças a Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo, que conquistou a estatueta dourada. De resto, ao longo dos anos, só sete filmes cómicos levaram para casa o cobiçado Óscar de Melhor Filme. Frank Capra, Leo McCarey, Billy Wilder, Tony Richardson, Woody Allen e, por fim, a dupla Daniel Kwan e Daniel Scheinert foram os realizadores dos filmes premiados. Recomendado: Os filmes que ganharam mais Óscares
Os dez musicais que ganharam o Óscar de Melhor Filme

Os dez musicais que ganharam o Óscar de Melhor Filme

Desde a primeira cerimónia de entrega dos Óscares, em Maio de 1929, até aos nosso dias, apenas dez musicais venceram o ambicionado Óscar de Melhor Filme. Entre os vencedores, estão clássicos como Um Americano em Paris (1951) e Gigi (1958), ambos de Vincente Minnelli, My Fair Lady (1964), de George Cukor, ou Música no Coração (1965), de Robert Wise. Mas nos últimos 50 anos só um filme (Chicago, de Rob Marshall) arrebatou a principal estatueta da Academia de Hollywood. Com as nomeações de Emilia Pérez e Wicked, serão os Óscares de 2025 a mudar estas contas?  Recomendado: Os filmes que ganharam mais Óscares
As actrizes e os actores com mais Óscares

As actrizes e os actores com mais Óscares

Foram muitos os actores e actrizes que, desde 1929, data da primeira cerimónia dos prémios, ganharam um Óscar. Pouco mais de 40 conseguiram levar para casa duas estatuetas da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood ao longo da carreira. Mais do que isso? Quase nenhuns. Katharine Hepburn é a actriz mais premiada, tendo recebido quatro Óscares de melhor actriz entre 1934 (por Glória de Um Dia) e 1982 (por A Casa do Lago). Depois, com três Óscares, surgem Frances McDormand, Daniel Day-Lewis, Meryl Streep, Jack Nicholson, Ingrid Bergman e Walter Brennan – o único que nunca foi eleito melhor actor principal, vencendo apenas por papéis secundários. Recomendado: Os filmes que ganharam mais Óscares
12 filmes fantásticos e de terror que ganharam Óscares

12 filmes fantásticos e de terror que ganharam Óscares

É muito raro um filme como A Forma da Água, de Guillermo Del Toro, ser nomeado para tantos Óscares como aconteceu em 2018: 13. Recebeu quatro (filme, realizador, banda sonora e direcção de arte), apesar de não estar na tradição da Academia de Hollywood distinguir com estatuetas douradas o cinema da fantasia e do sobrenatural. Mesmo assim, ao longo das décadas, foram vários os filmes fantásticos e de terror recompensados, quase sempre nas categorias secundárias, como caracterização, guarda-roupa ou efeitos visuais. Mas há excepções, como O Senhor Dos Anéis: O Regresso do Rei, a última aventura cinematográfica da trilogia tolkiana de Peter Jackson. Recomendado: Uma dúzia de grandes realizadores que nunca ganharam um Óscar
As estreias de cinema para ver em Março, de ‘Mickey 17’ a ‘Tudo Acontece em Paris’

As estreias de cinema para ver em Março, de ‘Mickey 17’ a ‘Tudo Acontece em Paris’

Março é o mês dos Óscares. Mas o cinema é um caminho e não se resume a uma gala em Los Angeles. Vamos por etapas. Se ainda estiver a aprender o bê-a-bá da cinefilia, comece pelos clássicos de cinema para totós; se está a aprofundar conhecimentos, certifique-se de que viu os 100 melhores filmes de sempre; se já é um utilizador avançado e é dado a circuitos marginais, não falta cinema alternativo em Lisboa. Mas se tudo o que anda à procura é de um bom filme para ver numa sala de cinema comercial, então aqui encontra as principais estreias de cinema de Março de 2025. Recomendado: Todos os filmes com nomeações aos Óscares que pode ver em casa

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Vermiglio

Vermiglio

4 out of 5 stars
Vencedor do Grande Prémio do Júri no Festival de Veneza, e candidato pela Itália à nomeação ao Óscar de Melhor Filme Internacional, Vermiglio, escrito e realizado por Maura Delpero, passa-se entre 1944 e 1945, na remota vila montanhosa do título, à qual chegam certo dia dois desertores do exército transalpino, que ali se refugiam, dividindo as opiniões dos locais: alguns, apoiam o que eles fizeram, outros, reprovam a sua fuga ao dever. Um dos soldados, siciliano, envolve-se amorosamente com a filha mais velha do respeitado professor local, Cesare, que tem uma família numerosa. Engravida-a e casam-se, mas a guerra acaba entretanto e o rapaz tem que regressar à sua Sicília natal para regularizar a sua situação militar. Maura Delpero remete para o cinema dos irmãos Taviani, e muito especialmente de Ermanno Olmi, com este filme em que recria meticulosa e placidamente, sem pressupostos político-“sociológicos”, e com uma reserva emocional que não impede a empatia com as personagens, o quotidiano de uma distante comunidade rural italiana nos meados da década de 40 e finais da II Guerra Mundial, e a vida dos membros de uma família que faz parte daquela, os Graziadei, cada qual uma pequena história em si.
Super Charlie

Super Charlie

Longa-metragem animada sueco-dinamarquesa sobre um menino de 10 anos cujo irmão recém-nascido tem superpoderes. Juntos, vão ajudar o pai, agente da polícia, a combater um supervilão e um cientista maléfico.
Pink Floyd at Pompei-MCMLXXII

Pink Floyd at Pompei-MCMLXXII

Versão restaurada digitalmente do documentário de 1972 realizado por Adrian Maben, que registou para a posteridade o concerto sem público dado pelos Pink Floyd em Outubro de 1971, nas ruínas do antigo anfiteatro romano de Pompeia.
Until Dawn

Until Dawn

Filme de terror adaptado do videojogo com o mesmo título. Uma jovem e um grupo de amigos visitam um vale remoto para tentarem resolver o mistério do desaparecimento da irmã daquela, e são vítimas de um assassino mascarado.
Camarada Cunhal

Camarada Cunhal

Depois da história da eleição presidencial de Mário Soares em Soares é Fixe!, Sérgio Graciano recria aqui a fuga de Álvaro Cunhal (Romeu Vala) da prisão do Forte de Peniche, no dia 3 de Janeiro de 1960, juntamente com outros nomes do PCP. 
The Accountant 2: Acerto de Contas

The Accountant 2: Acerto de Contas

Continuação do thriller de acção de 2016, em que Ben Affleck regressa ao papel de Christian Wolff, o talentosíssimo contabilista de uma série de organizações criminosas. Agora regenerado, Wolff vai resolver o mistério do assassínio de um velho conhecido, e depara com uma terrível conspiração. Com J.K. Simmons, Jon Bernthal e Cynthia Addai-Robinson.
À Sua Imagem

À Sua Imagem

O francês Thierry de Peretti assina esta fita passada entre os anos 80 e o nosso século, centrado em Antonia (Clara-Maria Laredo), uma fotojornalista que vive na Córsega e cuja vida pessoal e actividade profissional a levam a testemunhar de muito perto as movimentações das forças nacionalistas locais, mesmo as associadas aos grupos terroristas.
Bernardette-A Mulher do Presidente

Bernardette-A Mulher do Presidente

Catherine Deneuve dá aqui corpo a Bernadette Chirac, a mulher de Jacques Chirac, o falecido Primeiro-Ministro e Presidente da República francês, conhecido pelas suas várias indiscrições conjugais. Quando chega ao Eliseu após o marido ter ganho as eleições presidenciais, Bernadette espera ter a posição que merece, por tudo o que trabalhou na sombra para o pôr no mais alto cargo da nação francesa. Ao ver-se posta de lado, decide então tornar-se numa figura mediática. Michel Vuillermoz interpreta Chirac, Léa Domenach realiza, combinando factos e ficção.
Marcello Mio

Marcello Mio

Chiara Mastroianni, Catherine Deneuve, Fabrice Luchini, Nicole Garcia, Melvil Poupaud e Stefania Sandrelli são alguns dos intérpretes de Marcello Mio, a história de uma mulher chamada Chiara. É filha de Marcello Mastroianni e de Catherine Deneuve, e certo Verão, decide viver a vida do pai. Veste-se como ele, fala como ele e respira como ele. Christophe Honoré assina aqui uma homenagem original e brincalhona ao imenso actor italiano.
Diamanti

Diamanti

Filme de Ferzan Ozpetek em que um realizador convoca as suas actrizes preferidas para rodar um filme passado na Roma dos anos 70 e ambientado na indústria do vestuário. Realidade e ficção acabam por se entrelaçar, bem como as vidas de intérpretes e personagens. Com Luisa Ranieri, Jasmine Trinca e Stefano Accorsi.
O Regresso de Ulisses

O Regresso de Ulisses

Depois de 20 anos de ausência, Ulisses reaparece nas costas de Ítaca, abatido e irreconhecível. O rei regressou finalmente a casa, mas muito mudou desde que partiu para combater na guerra de Tróia. A sua amada esposa Penélope é agora prisioneira na sua própria casa, perseguida pelos seus muitos e ambiciosos pretendentes, e o seu filho, Telémaco, enfrenta a morte às mãos destes. Ralph Fiennes, Juliette Binoche e Charlie Plummer interpretam esta nova versão da história do aventuroso retorno de Ulisses ao seu reino, realizada por Uberto Pasolini.
O Amador

O Amador

Rami Malek e Laurence Fishburne interpretam este thriller de acção e espionagem realizado por James Hawes, sobre um introvertido criptógrafo da CIA que chantageia a agência para que o treinem e o deixem ir atrás dos terroristas que lhe assassinaram a mulher num atentado em Londres. O Amador é uma versão actualizada de Operação Vingança, que Charles Jarrott realizou, em 1980, com base num livro de Robert Littell. 

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‘Bernadette – A Mulher do Presidente’: Catherine Deneuve, primeira-dama de França

‘Bernadette – A Mulher do Presidente’: Catherine Deneuve, primeira-dama de França

Quando a realizadora e argumentista francesa Léa Domenach decidiu estrear-se nas longas-metragens com Bernadette - A Mulher do Presidente, uma fita muito ambiciosa sobre a vida de Bernadette Chirac, a viúva de Jacques Chirac, antigo Presidente da Câmara de Paris, Primeiro-Ministro e Presidente da República de França, durante os dois mandatos presidenciais do marido (1995-2007), pensou logo em Catherine Deneuve para interpretar o papel da biografada. Afinal, quem melhor do que a primeira-dama do cinema francês para dar corpo a esta antiga primeira-dama, que esteve casada com um dos mais activos, carismáticos, controversos – e também um dos mais mulherengos – políticos da história do século XX de França?  Domenach disse numa entrevista à televisão estatal francesa que a ideia que tinha de Bernadette Chirac, hoje com 91 anos, era igual à de muitas outras pessoas: uma senhora de origem aristocrática, conservadora e respeitada, que tinha estado sempre sob a enorme sombra do marido, e suportado em silêncio, estoica e passivamente, as suas muitas e públicas infidelidades. Essa imagem convencionada desfez-se depois da realizadora ter visto um documentário de 2005 intitulado Madâme, Le Film, de Jean Paul Lepers, que mostrava o lado menos conhecido da vida da viúva de Jacques Chirac. Nomeadamente a sua actividade política como autarca na região da Corrèze, o departamento eleitoral do marido, entre as décadas de 70 e 2011, durante as quais foi sucessivamente reeleita; e também a sua lig
Uma Disney muito foto-realista

Uma Disney muito foto-realista

Este artigo foi originalmente publicado na revista Time Out Lisboa, edição 672 — Inverno 2025 Tendo acumulado nas bilheteiras norte-americanas mais de 200 milhões de dólares no primeiro mês de exibição, Mufasa: O Rei Leão, de Barry Jenkins, uma das mais recentes fitas fotorealistas da Disney pertencente a uma franchise baseada numa longa-metragem de animação deste estúdio, exibe um resultado comercial que deve funcionar como um estímulo para a continuação desta linha de produção. E tanto mais que o filme anterior, O Rei Leão, de Jon Favreau (2019), a versão fotorealista do original animado de 1994 assinado por Roger Allers e Rob Minkoff, não tinha correspondido às expectativas da Disney em termos de receitas e havia sido mal recebida pela crítica (este novo Mufasa: O Rei Leão é uma prequela da fita de Favreau, com um elemento de continuação do filme de 1994). Ao animador sucesso de Mufasa: O Rei Leão, vieram juntar-se ainda os excelentes números e o bom acolhimento crítico de Vaiana 2, a mais recente longa-metragem da Disney em animação digital, pelo que o estúdio terminou 2024 em maré alta de resultados positivos neste particular. E não vai ficar por aqui. No que respeita especificamente às versões fotorealistas de animações clássicas da casa, elas vão continuar a pleno vapor, com duas estreias já previstas para o presente anos de 2025, uma para 2026 e nada menos do que cinco para os anos seguintes (a Disney prevê que serão estreadas até 2030).   O primeiro título a chega
'Marcello Mio': na pele de Marcello Mastroianni

'Marcello Mio': na pele de Marcello Mastroianni

Christophe Honoré já dirigiu Chiara Mastroianni em vários filmes, mas nunca num como Marcello Mio, que esteve em competição no Festival de Cannes de 2024. Chiara interpreta uma versão de si mesma que vai fazer uma leitura para um filme de Nicole Garcia (que também faz dela mesma) ao lado de Fabrice Luchini (idem, idem). Quando Garcia lhe diz que não gosta lá muito do modo como ela está a ler o papel e que o devia fazer mais ao estilo da mãe (Catherine Deneuve, também como ela própria) do que do pai, Marcello Mastroianni, Chiara fica estranha, primeiro, e depois muito deprimida, indo fechar-se em casa com uma toalha pela cabeça. E decide então pôr-se na pele do seu lendário pai – literalmente. Veste-se à homem, arranja uma cabeleira e um chapéu de homem e começa a comportar-se como o pai, pedindo a toda a gente que conhece que lhe chame não Chiara, mas sim Marcello. E é como Marcello Mastroianni que ela sobe ao palco de uma sala de espectáculos para cantar ao lado do estupefacto namorado, Benjamin Biolay (também ele mesmo). E para indignação do seu colega e amigo Melvil Poupaud (idem), que estava a assistir ao concerto, conheceu Marcello Mastroianni e contracenou com ele num filme, e não por não achar graça nenhuma à brincadeira, zanga-se valentemente com ela. Chiara/Marcello insiste também em voltar a fazer uma leitura do filme de Nicole Garcia na pele do pai, para grande exasperação desta (mas não de Fabrice Luchini, que alinha gostosamente na sua história), deixa a mãe Cath
‘O Amador’: os espiões nunca morrem, reciclam-se

‘O Amador’: os espiões nunca morrem, reciclam-se

A Guerra Fria alimentou constante e abundantemente o cinema de espionagem, dando origem a não poucos títulos clássicos deste género, bastantes deles baseados em livros assinados por autores consagrados como, entre outros, e com abordagens tão diversas ao tema como Ian Fleming, Robert Ludlum, John Le Carré, Len Deighton, Tom Clancy ou Robert Littell. Foi baseado numa obra deste último, The Amateur, que Charles Jarrott realizou, em 1980, um filme com o mesmo título, e que em Portugal se chamou Operação Vingança. Interpretado por John Savage, Christopher Plummer, Marthe Keller e Arthur Hill, Operação Vingança é a história de Charles Heller (Savage), um criptógrafo da CIA cuja mulher morre num atentado terrorista levado a cabo por agentes comunistas.  Heller quer vingar-se a todo o custo dos criminosos e chantageia os seus superiores para ser enviado para lá da Cortina de Ferro, para a Checoslováquia, decidido que está a eliminar os responsáveis pela tragédia, mesmo que morra a fazê-lo. Mas Heller acaba por perder o apoio dos seus colegas e vai ficar sozinho em território inimigo, tendo que se desenvencilhar por si. E ao mesmo tempo que elimina dois dos homens que mataram a sua mulher, faz uma descoberta inesperada: o líder do grupo de terroristas é um agente duplo e responde também perante a CIA, além das autoridades checas. O facto de, mais de 40 anos depois, o mundo ter mudado radicalmente, o Muro de Berlim haver caído, a Cortina de Ferro desaparecido, o comunismo sido derrota
‘Arthur’s Whisky’: um triplo regresso à juventude

‘Arthur’s Whisky’: um triplo regresso à juventude

O desejo de juventude eterna e o regresso aos anos em que se era novo são temas que não passam de moda no cinema, sobretudo no registo fantástico e de comédia, ou mesmo ambos misturados. Por exemplo, estreia-se este Verão Freakier Friday, a continuação de Um Dia de Doidos (2003) – este, por sua vez, um remake de As Aventuras de Annabel, com Barbara Harris e Jodie Foster (1976) –, em que Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan interpretam mãe e filha que trocam de corpos involuntariamente. A primeira fica mais nova e a segunda mais velha (é um caso de dois-em-um cronológico no mesmo filme, uma recua no tempo enquanto a outra avança), e têm que viver, de forma atabalhoada, situações características das suas respectivas faixas etárias. No caso de Arthur’s Whisky, de Stephen Cookson, que se estreia entre nós esta semana, estamos perante uma comédia dramática fantástica rodada em Inglaterra, que põe em cena um trio de amigas já solidamente instaladas na terceira idade, e a padecer das mazelas que a acompanham. Elas são Linda (Diane Keaton), Joan (Patricia Hodge) e Susan (Lulu). Joan acaba de enterrar o marido, o Arthur do título, que foi fulminado por um raio numa noite de tempestade, ao sair do barracão no jardim de casa onde se costumava fechar a fazer as suas excêntricas experiências. Ao ir arrumar o barracão, Joan encontra aquilo que parece ser whisky caseiro destilado pelo marido.  Só que quando Joan e as amigas o provam, em homenagem ao falecido, descobrem que na noite da sua morte
‘Monsieur Aznavour’: a história de um monumento da canção francesa

‘Monsieur Aznavour’: a história de um monumento da canção francesa

Como milhões de outros jovens franceses, Mahdi Idir e Grand Corps Malade (nome artístico do rapper, compositor e realizador Fabien Marsaud) cresceram a ouvir os discos de Charles Aznavour tocados pelos pais. Mas sempre apreciaram essas canções, ao contrário de milhões de outros jovens franceses como eles, que não gostavam da música que os pais ouviam e só mais tarde, quando eram mais crescidos, começaram a perceber que havia muita coisa boa entre o que os mais velhos punham a tocar nos seus gira-discos. “Ele sempre fez parte de nós, da família”, sublinharam numa entrevista a propósito de Monsieur Aznavour, o filme biográfico realizado por ambos e com Tahar Rahim no papel do lendário cantor francês de origem arménia, e um monumento da chanson com projecção planetária, admirado pelos mais ilustres dos seus pares, de Frank Sinatra a Johnny Halliday, passando pelos Três Tenores. Aznavour, que morreu em 2018, com 94 anos, ainda conheceu os dois realizadores, e deu a bênção ao projecto do filme. Ajudou bastante a isso o facto de Jean Rachid-Kallouche, o produtor dos filmes daqueles, ser também genro do cantor, que um dia apareceu para almoçar em sua casa quando Idir e Marsaud também lá estavam a comer. Aznavour  tinha visto o primeiro filme da dupla, Patients, e gostado. E disse a Kallouche que, se algum dia fizessem um filme sobre a sua vida, queria que fosse ele a produzir. O produtor arriscou então que poderiam ser Idir e Marsaud a realizá-lo, e Aznavour respondeu: “Porque não?”
‘Siga a Banda!’: sucesso de público e de crítica em França chega a Portugal

‘Siga a Banda!’: sucesso de público e de crítica em França chega a Portugal

Em 2017, o actor e realizador francês Emmanuel Courcol (Um Triunfo) tinha trabalhado numa curta-metragem documental chamada Des confettis sur le béton, sobre uma banda filarmónica e o seu grupo de majoretes de uma vila do norte de França, que o deixou com vontade de fazer um filme sobre um daqueles agrupamentos musicais populares. Esse filme é Siga a Banda!, que foi um dos sucessos de bilheteira do cinema francês de 2024, com 2,5 milhões de entradas, tendo também – coisa rara – sido elogiado por toda a crítica, e obtido sete nomeações para os Césares (embora não tenha ganhado nenhum). A antestreia deu-se no Festival de Cannes. Thibaut Desormeaux (Benjamin Lavernhe) é um famoso maestro que desmaia durante um ensaio de orquestra em Paris. É-lhe diagnosticada uma leucemia e dito que precisa de um transplante de medula óssea, e a irmã faz logo um teste de ADN para ver se é uma dadora compatível. É aí que Thibaut descobre que é adoptado, porque não têm o mesmo ADN dela. A mãe revela-lhe então que ele tem um irmão, que ela e o marido não puderam adoptar na altura, porque entretanto tinha ficado grávida, inesperadamente, da irmã, e que por sua vez acabou também por ser adoptado. E ele vive ainda na vila onde ambos nasceram, no norte de França, numa zona mineira, e se chama Jimmy Lecocq (Pierre Lottin). O maestro viaja então para lá, para se dar a conhecer ao irmão e à sua mãe adoptiva, explicar a sua situação e convencê-lo a fazer um exame para saber se é um dador compatível. Lá che
Em 12 filmes, o Outsiders 2025 olha para o “outro” nos EUA

Em 12 filmes, o Outsiders 2025 olha para o “outro” nos EUA

Ingrid Thorburn acabou de sair de um internamento numa clínica psiquiátrica. Ingrid tem uma obsessão: as redes sociais. E tem um péssimo hábito: perseguir influencers que a impressionam. Ingrid decide então rumar a Los Angeles, para perseguir a sua mais recente fixação. Ela é Taylor Sloane, uma influencer californiana cujo imaculado e sofisticado estilo de vida, tal como é exposto no Instagram, fascinou aquele. Ingrid e Taylor, interpretadas, respectivamente, por Aubrey Plaza e Elizabeth Olsen, são as protagonistas de Ingrid Goes West (2017), uma comédia satírica e negra realizada por Matt Spicer, que ganhou os prémios de Melhor Argumento no Festival de Sundance e o de Melhor Primeira Obra nos Independent Spirit Awards. E é um dos 12 filmes de ficção e documentais, rodados entre 2014 e 2024, que formam o programa do Outsiders – Ciclo de Cinema Independente Americano, na sua quarta edição, que tem lugar entre 11 e 16 de Março no Cinema São Jorge. Desde que começou que o Outsiders pretende que os filmes que exibe, todos eles sempre de produção independente, sirvam como um espelho das muitas facetas da sociedade americana, embora procurando sempre estar unidos por tendências ou características comuns. Este ano, e segundo escreve no programa de apresentação Carlos Nogueira, curador da iniciativa,  o “outro” é o tema comum aos filmes da edição de 2015: “Pareceu-nos que a questão do “outro”, ou o tema da alteridade, seria uma das chaves da crispação que tem alastrado a todos os sec
O Pátio das Antigas: O Salão Central que depois foi Central Cinema

O Pátio das Antigas: O Salão Central que depois foi Central Cinema

Quando abriu as portas no Palácio Foz, nos Restauradores, a 18 de Abril de 1908, o Salão Central, propriedade do dinâmico distribuidor de filmes Raul Lopes Freire, era o cinema mais luxuoso de Lisboa, com 425 lugares e um pequeno grupo musical privativo para acompanhar ao vivo a projecção dos filmes mudos. Lopes Freire era já o proprietário de uma outra sala de cinema na Baixa, o Salão Chiado, situado nos Grandes Armazéns do Chiado. Numa publicidade dessa época reproduzida pelo blogue Restos de Colecção. O Salão Central é referido como “o melhor animatographo de Lisboa” e são anunciadas as suas “sessões elegantes à terça-feira”, “sessões da moda à quinta-feira”, “grandiosas matinés-concerto ao domingo” e “magníficos concertos pelo sexteto do Salão”. Recorde-se que pela mesma altura, e até 1939, o Palácio Foz acolheu, além do Salão Central, estabelecimentos tão variados como o restaurante A Abadia, a Pastelaria Foz e o cabaré Maxim’s. Em 1919, o incansável Lopes Freire fechou o cinema para melhoramentos. Em 1926, a sala voltou a encerrar para mais obras, reabrindo em 1928 (coincidindo com a abertura do citado Maxim’s), mantendo os mesmos padrões de luxo e elegância, mas agora com um novo nome: Central Cinema. Fecharia em 1945. Funciona lá hoje, desde 2007, a Cinemateca Júnior, depois de lá ter estado instalada a Cinemateca Portuguesa, entre 1958 e 1979. Coisas e loisas de outras eras + Sol a Sol, o primeiro “drugstore” de Lisboa + O cinema e a fotografia segundo a Pathé-Baby +
‘O Atentado de 5 de Setembro’: a tragédia dos Jogos Olímpicos de Munique vista pela televisão

‘O Atentado de 5 de Setembro’: a tragédia dos Jogos Olímpicos de Munique vista pela televisão

Realizados quase 30 anos depois do final da II Guerra Mundial de Munique, os Jogos Olímpicos de Munique de 1972 foram realizados sob o signo do slogan “Os Jogos da Serenidade”. A Alemanha queria proporcionar um grande espectáculo ao mundo e, através dele, mostrar que continuava, consistente e diligentemente, o seu processo de recuperação da devastação, dos traumas e também da culpabilidade colectiva associada àquele grande conflito. Talvez por isso, e para apagar a imagem propagandística e a envolvência marcial dos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936, que decorreram durante o regime nacional-socialista, a segurança foi descurada na Aldeia Olímpica e as autoridades alemãs não estavam preparadas para o que aconteceu. Na madrugada do dia 5 de Setembro, um comando de oito membros da organização terrorista palestiniana Setembro Negro infiltrou-se na Aldeia Olímpica, matou dois membros da equipa olímpica de Israel e fez nove outros reféns. Os terroristas exigiam a libertação de um conjunto de palestinianos e alguns não-árabes ligados a movimentos armados de extrema-esquerda, das cadeias israelitas. Todas as tentativas de negociação e de troca dos atletas reféns por personalidades alemãs falharam. No dia 6 de Setembro foi oferecido um avião aos terroristas, para irem com os reféns para o Cairo. A tentativa de resgate destes no aeroporto militar onde o avião se encontrava, falhou, redundando num massacre em que morreram todos os reféns, um polícia alemão e cinco dos oito membros do com
Tudo sobre ‘Bridget Jones: Louca por Ele’, e sobre ela mesma

Tudo sobre ‘Bridget Jones: Louca por Ele’, e sobre ela mesma

Faz agora 30 anos, em 1995, começou a ser publicada no diário inglês The Independent uma crónica intitulada Bridget Jones’s Diary, não assinada (o que levou muitos leitores logo a pensar que se tratava de um nome fictício). A dita Bridget Jones – Bridget Rose Jones, de seu nome completo – era uma mulher de trinta e poucos anos, da classe média, solteira, com uma profissão liberal e um grupo de amigos próximos muito fiel e castiço, que contava os seus problemas quotidianos, em especial as suas relações e desilusões sentimentais, e as suas aspirações românticas. Bridget bebia e fumava demais, e estava sempre a fazer resoluções para deixar os cigarros, beber menos e também perder algum peso.  A crónica, que através da personagem de Bridget Jones, satirizava e retratava, de forma deliberadamente estereotipada, mas também com empatia e bom humor, a vida de um largo segmento da população feminina inglesa (e não só), foi um sucesso imediato e inesperado. A sua autora revelou-se ser a jornalista e escritora Helen Fielding que rapidamente passou a sua criação (a que não escapavam características autobiográficas) a livro, em O Diário de Bridget Jones (1996), seguido por O Novo Diário de Bridget Jones (1999). Em 2013, saiu um terceiro título, Bridget Jones – Ele Dá-me a Volta à Cabeça. Foram todos best-sellers, como se esperaria. Entretanto, entre 1997 e 1998, Fielding saiu do The Independent e foi para o The Daily Telegraph, levando consigo a sua heroína. Em 2005, regressaram ambas ao
O Pátio das Antigas: Sol a Sol, o primeiro “drugstore” de Lisboa

O Pátio das Antigas: Sol a Sol, o primeiro “drugstore” de Lisboa

Antes do Tutti Mundi, antes do Apolo 70, antes do Imaviz, antes das Amoreiras, antes de qualquer outro, pequeno ou grande, de bairro ou para servir toda a cidade, o Sol a Sol foi o primeiro drugstore (como se chamavam então os centros comerciais, à moda dos EUA) de Lisboa. O Sol a Sol abriu a 20 de Dezembro de 1967 e situava-se, muito discretamente (tal como discreto era o seu letreiro), na cave de um prédio da Avenida da Liberdade, um pouco abaixo do edifício do Diário de Notícias, e logo a seguir à Rua Alexandre Herculano (as traseiras davam para a Rodrigues Sampaio). Fundado por um grupo de empresários, o Sol a Sol estava aberto das 9.30 à 01.00, o que só por si era uma grande novidade no comércio lisboeta. Havia 33 lojas, do oculista à florista, da sapataria à agência de viagens, passando por uma bem recheada discoteca e uma loja de posters que se tornou numa sensação entre os mais jovens. E até tinha música ambiente. “O drugstore da Avenida”, como também lhe chamavam, teve logo a atenção da imprensa e poucos dias após ter sido inaugurado, o Diário de Lisboa dedicou-lhe um artigo, com o título “A Carnaby de Lisboa fica numa cave da Avenida”, numa alusão à Carnaby Street londrina. Houve também quem não gostasse e dissesse que o Sol a Sol parecia “uma catacumba” e era “não aconselhável aos claustrofóbicos”. Fechou alguns anos depois, ainda antes do 25 de Abril. Coisas e loisas de outras eras + O cinema e a fotografia segundo a Pathé-Baby + As várias vidas do Restaurante Avi