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O novo filme do prestigiado e oscarizado realizador canadiano Denys Arcand, autor de As Invasões Bárbaras e O Declínio do Império Americano, passa-se numa casa de repouso onde vive Jean-Michel (Remy Girard), um arquivista solteirão, e cuja calma é perturbada por um grupo de jovens activistas políticos que se instala nos jardins da instituição, exigindo a remoção de um fresco que mostra o acolhimento dos descobridores europeus pelos nativos americanos. Naquela que deverá ser a sua obra de despedida, o octogenário Arcand satiriza e enfrenta o politicamente correcto em todas as suas expressões censórias, fanáticas e absurdas, bem como a incompetência, a arrogância e a hipocrisia da classe política, ao mesmo tempo que assina uma comédia melancólica sobre o ocaso da vida do protagonista (o qual, no entanto, é presenteado com um novo e inesperado fôlego mesmo a acabar a história, porque nem tudo é tão negro como parece) e da civilização ocidental, deixa uma visão pessimista sobre o futuro do Canadá, e muito em especial do seu Quebec natal, e faz o seu testamento cinematográfico (o título original do filme é, precisamente, Testament). O final de Parece que Estou a + é um achado de premonição e de ironia.