Quinta ecológica e turismo de habitação superlativos numa casa ao estilo Português Suave, atribuída ao arquitecto Raul Lino, de 1922. É o maior espaço verde privado em Vila Real.
Eis-nos chegados à capital de Trás-os-Montes e Alto Douro, cidade que o nosso GPS insiste em confundir com Vila Real de Santo António, uns quilometrozinhos mais a Sul. Foi deste sítio à beira do rio Corgo que saiu Diogo Cão, o navegador pioneiro a estabelecer relações com o reino do Congo, em mais um momento enternecedor de geografia. A Casa Diogo Cão (Rua Irmã Virtudes, 4) fica no centro de Vila Real. É uma casa típica da segunda metade do século XV que foi resistindo à passagem do tempo, dando-nos, hoje, uma oportunidade rara para perceber como eram as casas típicas daquele tempo. E não, não há nenhum veterinário em Vila Real com o mesmo nome. Diogo Cão pode ter descoberto a foz do rio Zaire, sim senhor, não está mau, mas não descobriu o que acontece ao juntar amêndoas, ovos e açúcar numa massa em forma de crista de galo como fez a Casa Lapão (Rua da Misericórdia, 64). Esta pastelaria especializada em doçaria conventual arranjou a sua própria maneira de dar novos mundos ao mundo – criando ou divulgando especialidades únicas como as já citadas cristas de galo, os toucinhos do céu, os pitos de Sta. Luzia (é massa quebrada com abóbora e canela, não sejam porcos) e os antoninhos (uns pastéis de doces de ovos e gila). É um lugar essencial para todas aquelas pessoas que querem ver o sangue nas suas veias cristalizar. Se comprou umas calças muito largas e não quer gastar dinheiro num cinto, também pode passar aqui uma tarde a provar estas especialidades. Mas o ex-líbris de Vila Real é a Casa de Mateus. Pausa para reflectir: o que é um líbris? E porque é que ser o “ex” dele é tão bom? Adiante. A Casa de Mateus parece ter sido feita para o instagram, numa altura em que não se sonhava sequer com instagram – se calhar, quando foi inaugurada, alguém comentou “ah, este palácio parece ter sido feito de propósito para umas pinturas a óleo ou umas gravuras a água-forte”. O autor do icónico edifício é Nicolau Nasoni, arquitecto italiano cujo trabalho mais conhecido talvez seja a Torre dos Clérigos, no Porto. A Casa de Mateus (Rua da Misericórdia, 64, das 09.00 às 19.30, visitas a partir de 8,50€) é hoje um importante centro cultural cujos jardins, edifício principal, capela e adega (atenção enoturistas!) podem ser visitados por marcação.