[title]
À semelhança do primeiro filme, Deadpool 2 sabe bem quem é o seu público-alvo e o que quer – incessantes piscares de olho à banda desenhada e a outros super-heróis. Quem não tiver visto a anterior película, que revelava como o estouvado mercenário Wade Wilson se tornou no Deadpool, vai ter dificuldade em acompanhar esta continuação, com as suas sucessivas graçolas com rabos e as suas vísceras geradas por computador, intercaladas por centenas de piadas em circuito fechado e meta-comentários.
O filme abre com o anti-herói de Ryan Reynolds a fumar um cigarro, antes de rebentar com ele próprio e com o seu apartamento. A sua noiva, Vanessa (Morena Baccarin), foi apanhada no fogo cruzado enquanto ele tentava dar cabo de uns bandidos aleatórios, e ele está a tentar matar-se. O que é complicado para alguém que é indestrutível, mas sempre dá para um breve encontro com Vanessa no Além – sim, a sério...
Tem tudo tão pouco a ver com o personagem, que uma pessoa quase espera que Deadpool se dirija directamente ao público e diga que é só uma piada. Mas não. O filme tenta encontrar um equilíbrio precário e pouco convincente entre a leveza debochada e o sentimentalismo sincero, enquanto Deadpool tenta proteger Julian Dennison, que faz de órfão, de Cable, um soldado futurista interpretado por Josh Brolin. A acção é constante e demasiado rápida, com perseguições e lutas editadas de um modo frenético. Há explosões, coisas viradas de pernas para o ar. Algumas explodem e são viradas de pernas para o ar ao mesmo tempo.
Reynolds, o principal responsável por este inesperado sucesso, vai bem. E há algumas cenas com piada. Incluindo um salto de pára-quedas ao som de “Thunderstruck” dos AC/ DC, com Rob Delaney no papel de Peter, um tipo normal cujo superpoder é basicamente ter um bigode. Mas o filme é demasiado longo e, quando o protagonista não está no ecrã a fazer piadas, a ânsia de chocar e as infindáveis meta-referências começam a aborrecer. Ainda assim, os fãs irredutíveis de Deadpool não se vão queixar.
Por Phil de Semlyen