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Histórias de Bairro

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A Time Out diz

Encontros improváveis tentam trazer ternura, riso e compaixão num mundo de alienação urbana

Quem viu Short Cuts(Robert Altman, 1993) reconhecerá em Histórias de Bairro, de Samuel Benchetrit, o mesmo formato de vinhetas com vários personagens e as suas pequenas histórias, contadas em paralelo mas sem relação entre elas para além do cenário comum – no caso, um prédio decrépito nos arrabaldes de Paris –, e o mesmo registo de comédia dramática, mas com um tom e uma câmara mais neutros. 
 
Escrito por Benchetrit a partir de um livro seu, Crónicas do Asfalto, e com uma passagem sem grandes ondas pelo festival de Cannes em 2015, Histórias de Bairro tem nos actores o seu principal argumento e no próprio argumento a sua principal fraqueza. Ter Isabelle Huppert, Gustave Kervern, Valeria Bruni Tedeschi e Michael Pitt e dar-lhes um conjunto de personagens que não são mais do que ideias gerais, algumas boas, é certo (o inquilino timidamente egoísta de Kervern, por exemplo), mas sem desenvolvimento visível do “boneco” original de cada um, é um desperdício escandaloso do talento disponível.
 
O filme tem os seus momentos – Jules Benchetrit, que faz um adolescente sabido, a filmar a actriz esquecida de Huppert em casa desta; a cena de abertura com Kervern contra o condomínio em peso – mas eles são raros e apenas servem para nos mostrar aquilo que Histórias de Bairro podia ter sido e não é. Isto é, o filme de alguém com unhas para o seu casting.
 
Nuno Henrique Luz
Escrito por
Nuno Henrique Luz
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