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Jason Bourne, amnésico durante 13 anos, nos primeiros quatro filmes da série, recupera finalmente a memória, ou pelo menos o suficiente dela para transformar Jason Bourne numa evolução interessante da história do herói que mata com as próprias mãos.
Ajuda, claro, que os dois principais ingredientes do sucesso de Bourne – Matt Damon e o realizador Paul Greengrass – estejam outra vez reunidos. E não só reunidos, mas concentrados no principal. Além de Damon, destaque para a entrada de Alicia Vikander e sobretudo de Tommy Lee Jones, num filme que percorre a Islândia, Berlim, Londres, Washington, a Grécia e Las Vegas com uma desenvoltura frenética de fazer inveja a James Bond.
Para trás ficam as tentativas falhadas de substituir Damon por Jeremy Renner em The Bourne Legacy e de transformar a série em algo mais denso do que uma alternativa a Bond em Green Zone, passado durante a guerra do Iraque.
Como outros heróis com treino de tropas especiais antes dele, também Bourne passa parte do seu tempo de recolhimento entre filmes em lutas anónimas por dinheiro fácil em lugares obscuros, antes que o argumento e Nicky (Julia Stiles) lhe forneçam a motivação para voltar ao terreno.
A grande mudança, nos 10 anos em que Jason esteve fora de combate, é que agora as redes sociais têm o mesmo peso simbólico na história do que tem a CIA, e os vilões estão armados até aos dentes com computadores em vez de com os arsenais do antigamente.
Ainda assim, há coisas que não mudam na actividade de Bourne – a informação continua a ser o activo mais importante, agora obtido por outros caminhos; e a sua competência no combate físico permanece um dos prazeres do filme, sobretudo quando registado com a economia tensa da câmara de Greengrass.
Jason Bourne não só traz de regresso a memória do herói, como deixa também a óptima recordação dos primeiros filmes da série.
Nuno Henrique Luz