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Três horas de um tarantinismo (porque há muitos) explorando uma situação: um local e um grupo de homens e uma mulher lá enfiados com razões para desconfiarem uns dos outros. São três horas em volta de algo que caberia em muito menos, mas são três horas que passam num ápice e, raios, são três horas que parecem um diálogo contínuo sobre tudo e nada, fascinante pela sua fluidez (não é surpresa) e pelo modo como distrai o espectador daquilo que é basilar: quando é que tudo vai explodir? Parte do filme (à volta de um terço) passa-se numa diligência, o resto numa loja no meio do nada – a caminho de Red Rock, o destino de quase todas as personagens – conhecida por ser um local de encontro, onde as pessoas podem beber café e comer um ensopado.
É aqui que ficam enfiados os tais oito odiados, porque há uma tempestade de neve lá fora que impossibilita qualquer aventura pela estrada. E a perspectiva de ficarem ali enfiados durante dias faz aumentar a pressão sobre as personagens, mas isso nunca passa para o espectador, graças ao fluxo contínuo dos diálogos de Quentin Tarantino (novamente um primor) e até à sua narração, um toque perfeito para tudo o que está para vir.