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Piratas das Caraíbas - Homens Mortos Não Contam Histórias

  • Filmes
Fotograma de la película Piratas del Caribe: la venganza de Salazar
Foto: Cortesía de la producción
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A Time Out diz

Já lá vão os tempos em que os filmes de piratas só precisavam de um par de galeões, um herói destemido (pirata ou não), um vilão escarninho, uma heroína bem decotada e em perigo, uns quantos combates no mar e em terra e um duelo final à espada entre o herói e o mau.

Agora, os filmes de piratas – o que resta deles, ou seja, a série Piratas das Caraíbas, da Disney, iniciada em 2003 com A Maldição do Pérola Negra – precisam de efeitos digitais, muitos efeitos digitais, para concretizar as sequências fantásticas que são o seu enchimento, e para corporizar
as personagens sobrenaturais que as acompanham. Agora, os filmes de piratas são muito mais filmes de fantasy, primos direitos de O Senhor dos Anéis e outros do género, do que apenas filmes de piratas convencionais. E por isso custam fortunas a fazer, como aqueles, ou como os de super-heróis.

Piratas das Caraíbas: Homens Mortos não Contam Histórias, o quinto da série, e em princípio o último, foi rodado na Austrália (é a primeira vez que a produção abandona as Caraíbas) custou cerca de 250 milhões de dólares e tem desta vez ao leme dois realizadores, os noruegueses Joachim Rønning e Espen Sandberg (Kon-Tiki). Estes pouco mais fazem do que gerir a complexa orquestra dos efeitos especiais, como sucede neste tipo de bisarmas cinematográficas, gigantescas empreitadas meticulosamente planeadas ao longo de vários anos, onde não ficam marcas do estilo de quem as fez.

A fita vai buscar um fio de história que
 ficou pendurado em Nos Confins do Mundo (2007), o terceiro filme da série, e o último em que apareceram as personagens de Orlando Bloom e Keira Knightley, e mantém-se fiel
à tradição de ter sempre uma personagem feminina forte e interventiva na acção. No caso de Homens Mortos não Contam Histórias, ela é Carina Smith (Kaya Scodelario), uma astrónoma que é tomada por bruxa pelas autoridades inglesas das Caraíbas, que a prenderam e vão executar (uma das várias incongruências do argumento reside no facto de haver uma bruxa a sério, que os mesmos ingleses não só protegem como consultam...).

O enredo de Homens Mortos não Contam Histórias tem como centro o mítico Tridente de Poseidon, que as várias personagens procuram por motivos diferentes. Assim, Henry Turner (Brendon Thwaites), que faz de filho das personagens de Bloom e Knightley, quere-o para libertar o pai da maldição que
o tornou prisioneiro do navio-fantasma Holandês Voador no citado terceiro filme da série; e o capitão Salazar (Javier Bardem), o caçador de piratas-fantasma, para voltar a ser de carne e osso e poder enfim vingar-se de Jack Sparrow (Johnny Depp), que anos antes o tinha condenado àquela condição.

Quatro filmes depois do original, Depp já interpreta Sparrow em piloto automático de tiques e excentricidades corporais várias. E se em dois dos Piratas das Caraíbas anteriores, Keith Richards aparece no papel de pai deste, em Homens Mortos não Contam Histórias, é Paul McCartney que surge brevemente a fazer de tio dele.

A história do filme é mais uma vez um ténue cabide onde são penduradas uma sucessão de sequências crescentemente aparatosas, que começam no roubo do banco na cidade, em estilo de western slapstick, e culminam na descoberta do Tridente de Neptuno numa ilha mágica que reproduz o mapa celeste.

Pelo meio há combates no mar, um pouco de terror, algum alívio cómico e abuso da acção em câmara lenta, gaivotas e tubarões-fantasma, uma ilha mágica e muita gente com problemas dermatológicos e os dentes estragados. Bem como aquela sensação de espectacularidade mecânica, de monotonia elefantina, de deslumbramento fabricado artificialmente e a peso de ouro que, quase sem excepção, pesa sobre as megaproduções que saem ultimamente de Hollywood.

No final de Piratas das Caraíbas: Homens Mortos não Contam Histórias, o ressuscitado Pérola Negra, agora devolvido a Jack Sparrow e à sua tripulação, afasta-se num horizonte digital, e é caso para dizer que já vai tarde.

Por Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Classificação:12A
  • Data de estreia:sexta-feira 26 maio 2017
  • Duração:129 minutos

Elenco e equipa

  • Realização:Joachim Rønning, Espen Sandberg
  • Argumento:Jeff Nathanson
  • Elenco:
    • Johnny Depp
    • Kaya Scodelario
    • Orlando Bloom
    • Geoffrey Rush
    • Javier Bardem
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