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The Velvet Underground

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The Velvet Underground
Photograph: Cannes Film Festival
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A Time Out diz

5/5 estrelas

Todd Haynes escreve uma carta de amor visual à melhor banda de sempre.

Trabalhar o mito dos Velvet Underground é uma tarefa árdua. Esse mito diz que o filho de um mineiro galês, John Cale, de formação clássica, se cruzou em Nova Iorque com um aspirante a Dylan, o problemático Lou Reed, e juntos formaram a mais influente e mal-sucedida banda de todos os tempos, sob os dúbios auspícios de Andy Warhol. Mas, em The Velvet Underground, o realizador Todd Haynes (Longe do Paraíso, Carol) consegue muito mais do que aflorar essa história. Este documentário é um peã lírico e visual sobre a ideia da grande arte e do que lhe subjaz.

Supostamente, estamos perante o primeiro filme decente sobre os Velvet Underground, e graças a deus. Ao contrário, digamos, de The Beatles Anthology, não há entrevistas contemporâneas na TV, conferências de imprensa, chegadas a aeroportos. Basicamente, ninguém quis saber dos Velvet Underground para nada. Não há musicólogos chatos aqui. Em vez disso, Haynes dirige algumas cabeças falantes – membros sobreviventes da banda, como Cale e a baterista Moe Tucker, e a bailarina Mary Woronov – e intercala-as com belas, belas imagens, em grande parte das câmaras que estavam sempre a rolar na Factory. O realizador encontra virtude na situação da banda, uma espécie de gatinho de Warhol, e investe no paradoxo dos Velvet: outsiders transformados em insiders tentando escapar.

Haynes dedica muito tempo para descobrir como é que os Velvet Underground se tornaram no mitos dos Velvet Underground. O realizador analisa a cena de Nova Iorque do início dos anos 1960: a arte, os clubes gay, as socialites. Logo no início, Cale surge em imagens de arquivo no concurso de televisão I’ve Got a Secret. O seu segredo é que participou num concerto de 18 horas, executando 840 vezes uma curta peça de Erik Satie para piano. “Porque é que alguém lhe pediria que a tocasse 840 vezes?”, pergunta o apresentador, enquanto o público se ri desse absurdo da alta cultura. “Não faço ideia”, responde Cale, urbanamente.

A América de I’ve Got a Secret é o que Andy Warhol disse ser arte, para desespero da elite cultural. Os Velvet Underground eram o que o artista dizia ser pop, para desespero das crianças. “Eles eram assustadores”, diz a irmã do guitarrista Sterling Morrison, sobre os primeiros espectáculos do grupo.

Se adora os Velvet Underground, tem aqui duas horas de felicidade visual e auditiva. Se não, também.

Apple TV. Estreia a 15 de Outubro

Chris Waywell
Escrito por
Chris Waywell

Elenco e equipa

  • Realização:Todd Haynes
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