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"Malandragem tropical-chique." É assim que Don L define o clima de seu novo álbum, Caro Vapor II – qual a forma de pagamento?, que chega com força ao palco do Circo Voador, nesta sexta-feira, 29 de agosto. Dez anos depois de lançar o primeiro Caro Vapor, o rapper cearense estreia no Rio com um show de peso e de conceito.
No palco, a performance é uma imersão sensorial: projeções, iluminação intensa e atmosfera performática. Tudo sob a direção artística do coletivo Caro Vapor Vida (formado por André Maleronka, Don L e Marina Deeh).
O disco é cheio de colaborações: Alice Caymmi, Alt Niss, Anelis Assumpção, Bela Maria, Bruno Paschoal (Terno Rei), Catatau, Giovani Cidreira, Luiza De Alexandre, Luiza Lian, Terra Preta, Theo Crocker, Feijuca e Thiago França, todos nomes que se cruzam entre o rap, o jazz, o pop e o experimental.
Batemos um papo com Don L sobre o disco, os temas urgentes da atualidade e a energia de tocar no Circo Voador. Abaixo, os destaques:
Caro Vapor foi lançado há mais de dez anos. Por que dar continuidade agora?
Eu escrevi o disco em 3 meses mais ou menos. Mas assim como o volume 2, o volume 1 é também um álbum de acúmulo de experiências, questionamentos e contradições entre pulsão de vida e morte, de angústia em um mundo de impossibilidades causadas pela sua condição social, ao mesmo tempo que te vende sonhos em propagandas por todos os lados como se fossem acessíveis a todos, mas com mensagens codificadas do que não é pra você. É sobre o dilema e o preço das nossas escolhas. E se perguntar em que nível realmente temos alguma escolha e os caminhos que percorremos e o quanto isso está sujeito a tudo que nos cerca. São questões que vão amadurecendo e levaria um tempo de qualquer forma, mas eu poderia ter feito em menos da metade desse tempo. A questão é que ser artista independente no brasil, com ambições artísticas desse nível, é caro. E tempo é também uma forma de pagamento.
Nesse tempo, quais novos assuntos se tornaram urgentes para você? E quais continuam?
Acho que os mesmos assuntos continuam mas em metamorfose, com novas caras, novas seduções, novas repulsas. Algumas perguntas são respondidas e outras nascem. De lá pra cá a parcela da nossa vida que se tornou virtual, mediada pela internet, se inverteu. Antes a vida online imitava a vida real, agora a vida real tenta imitar uma vida online mediada pelos algoritmos. Nossos sonhos também se reduziram a ganhar em algum tipo de loteria e fazer parte dos 1%. Então um dos assuntos latentes era a própria urgência em mudar de assunto, ter outros sonhos, mesmo que tudo que a gente consiga agora seja uma vontade, uma constatação disso.
O que Fortaleza e o Nordeste falam desse Sul Global? E o que você espera que surja de novidades desse lugar do mundo?
A gente sempre teve ritmos, rimas e estratégias de sobrevivência pra momentos de crise. Em algum momento talvez isso se inverta, talvez lá seja o lugar bom de se estar.
Como é tocar no Circo Voador? Animado para encontrar o público carioca?
O Circo tem uma aura, uma atmosfera diferente, que todo mundo fala sobre mas ninguém explica. É grande o suficiente para ter muita energia e ser contagiante, mas não grande demais para deixar de ser intimista, quase confessional, ter uma proximidade muito boa entre público e artista. E o Rio de Janeiro é o Brasil no máximo, em esteróides, nesse caso para melhor das energias com um público bonitão, diverso, que tem ginga no pé e soma na palma da mão com suingue.
Que mensagens principais você gostaria que a galera refletisse depois de ver seu show?
O show traz camadas adicionais pra sentir o disco. É isso que a gente quer, que o público que já conhece e curte, sinta de uma nova maneira. Tenho certeza de que cada um sai de lá motivado pra fazer valer e viver sua melhor vida.
📍 Onde: Circo Voador – Rua dos Arcos, s/n – Lapa
📆 Quando: Sexta-feira, 29 de agosto de 2025
⏰ Horário: Portões abrem às 20h | Show às 21h
🎫 Ingressos: R$ 90 a R$ 180
👤 Classificação: 18 anos