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Foram 15 anos coletando informações para chegar ao que - no próximo dia 30 - será lançado como Guia Mapa da Cachaça (Editora Senac), segundo seu autor, o especialista no assunto, Felipe Jannuzzi, será mais uma “celebração à bebida brasileira e aos produtores que fazem história”. O lançamento será na Academia da Cachaça, no Leblon, onde a carta com mais de 200 rótulos é do Jannuzzi, e separada por estados. São cinco mil unidades que serão comercializadas por R$ 280, nas principais livrarias do Brasil e on-line no site do Mapa, Senac e Amazon, além da própria Academia, onde está também à venda o copo de cristal feito exclusivamente para a cachaça pela fábrica portuguesa Vista Alegre.
“São mais de 600 páginas e ali eu trago tudo que eu consegui aprender nos últimos anos. Então, tem a parte histórica, tem a parte mapeada dos territórios que a gente visitou e entendeu ali a importância histórica, econômica de receitas e sensorial para cachaça. E principalmente ali tem a avaliação às cegas de em torno de 200 rótulos que nós fizemos com uma equipe aqui em São Paulo quando nós treinamos ali dez pessoas usando a nossa metodologia que a gente também traz no livro e pontuamos essas cachaças dividido em nove categorias”, conta o autor.

O "Guia Mapa da Cachaça" revela quem são os grandes nomes da cachaça hoje — aqueles que se destacam não só pelo sabor, mas também pela forma como cuidam do que produzem e representam. Avaliamos a qualidade sensorial e físico-química com rigor, mas também fomos além: consideramos práticas socioambientais, estratégias de valorização da categoria, iniciativas de marketing e o cuidado com o design e as embalagens.
Além de teorias e avaliações sensoriais, tem a história dos alambiques e a avaliação das suas cachaças. “E o que a gente trouxe também de inédito nessa obra foi pontuar também os produtores, não só pelo sensorial, mas também pelas práticas socioambientais e também investimentos em comunicação”.
Felipe Jannuzzi também avaliou os rótulos mais bonitos e criou uma obra inédita no mercado de cachaça, um produto bilingue, português e inglês.
“É um guia rico de imagens e além de contribuir para o aprimoramento de produtores, bartenders, sommeliers, mestres de adega, mestres alambiqueiros, chefs, vendedores e importadores, inspira apreciadores experientes e novos consumidores a se encantarem com a qualidade e a complexidade desta bebida, que é um patrimônio nacional.”
Às cegas, é possível identificar um terroir. “Eu posso aqui te dar como exemplo a própria Coqueiro amendoim ou a própria Maria Isabel Branca, que trazem muito dessa característica de Paraty. também tem a questão da Havaninha, que ela representa o terroir de Salinas e também muito perceptível no sensorial, então tem essa questão da tradição, que a gente conseguiu trazer bem no guia e também tem uma coisa que é legal, é realmente como a gente tem aprendido a usar mais as madeiras brasileiras usando técnicas relativamente novas como por exemplo a tosta e o caso da Quinta Amburana, que é aí do Rio de Janeiro, do Carmo, ela usa um blend de barris de amburana tostados e não tostados. E a tosta que ela usa ajuda a amaciar a madeira, que é difícil de você controlar.”
Outro fator em destaque na obra é o talento individual dos mestres de adega, que a gente chama de master blenders. “Eu te dou dois exemplos um o Adwalter Maneghetti da Santa Terezinha do Espírito Santo que ele faz assim uns blends umas coisas muito diferentes, uma coisa que ele trouxe aqui é a Santa Terezinha Craft que é uma cachaça que é filtrada em bagaço de cana então ela traz esse dulçor adicional ali do bagaço e ficou uma coisa muito legal. O outro é o Renato o Chiapetta, da cachaça San Basile, de São Paulo, que ele tem uma cachaça que entrou no guia, que é envelhecida em barril que antes passou por absinto. Então, isso trouxe aromas pouco convencionais.
O uso das madeiras brasileiras para fazer blends é um charme à parte contada no guia. A Matriarca, por exemplo, é feita num blend de cinco madeiras brasileiras. “A gente está cada vez mais ficando menos refém do carvalho. Pela primeira vez no mercado, a gente tem uma verdadeira expressão do que seria um destilado, uma cachaça, que passa por essa madeira genuinamente nossa.”.