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Mesmo com (quase) 20 anos de carreira, Papatinho, um dos maiores produtores musicais do Brasil, não para de inovar em suas produções. O carioca lançou há um mês e meio o álbum ‘‘Música Popular Carioca’’, nome sugerido por acaso pelo Seu Jorge, com uma proposta totalmente diferente e inovadora ao resgatar a cultura dos bailes do Rio de Janeiro dos anos 90/2000.
‘‘Na verdade eu não me planejei pra fazer esse projeto. Como eu tô sempre fazendo música, e de certa forma o trap ficou meio repetitivo, comecei a fazer uns beats diferentes (de Miami Bass) e lembrei que tinha uma música não lançada com Mc Marcinho em um beat de trap. Então eu peguei a voz dele, joguei no beat de Miami Bass e ficou realmente um funk melody autêntico, muito irado. Aí pensei ‘E se eu fizer mais?’, quando eu vi tinha projeto.’’
Fundador e dono da gravadora Papatunes, Papatinho iniciou sua trajetória no ano de 2006, fazendo parte da Cone Crew Diretoria, junto com os MCs Cert, Maomé, Ari, Batoré e Rany Money. O grupo, mesmo com todas as dificuldades que o underground tinha, fez um enorme sucesso com hits atemporais como ‘‘Rainha da Pista’’ e ‘‘Chama os mulekes’’ e foi um dos grandes responsáveis por abrir portas para o rap nas principais mídias. Para o produtor, esse momento ‘‘independente’’, sem uma gravadora ou empresário auxiliando, foi muito importante pois deu a oportunidade dele ter experiências em diferentes funções.
‘‘Vendi show com nome falso (risos), cheguei a ser técnico de som, distribuía os primeiros cachês (o primeiro foi 300 reais, 50 para cada), era o produtor artístico dos vídeos, depois edita e entregava como uma espécie de diretor de vídeo e, claro, fazia os beats, mas foi um grande aprendizado.’’
O álbum ‘‘Música Popular Carioca’’ ou MPC, último trabalho de Papatinho, conta com participações de peso. Nomes da nova geração como Anitta, Mc Kevin O Chris, Mc Cabelinho e Xamã se juntam com artistas dos anos 2000 como Fernanda Abreu, Naldo Benny e Mc Marcinho ao longo do projeto. Ao todo, são mais de 20 artistas - todos cariocas e um ‘‘carioca naturalizado’’ exaltando a cultura do funk do Rio de Janeiro através desse resgate. ‘‘A causa é irada, é um resgate a cultura, Rio de Janeiro, funk antes do tamborzão, antes do atabaque, um momento muito puro do funk, de início’’ - falou o produtor.
Como disse Mc Maomé, ‘‘chama o Papatinho homem sujeito que trabalha’’. Ainda que o MPC ainda tenha muitos frutos para serem colhidos, o produtor não para de trabalhar em outros projetos. Sempre inovando, Papatinho revelou que, ainda este ano, perto do dia das crianças, vai lançar um álbum infantil chamado ‘‘Tropinha do Papato’’. ‘‘É um projeto muito especial, tão especial quanto MPC, mas completamente diferente, porque é pras crianças’’. O artista se apresenta neste sábado (19) no Alma Festival, no RioCentro.