Experimentou o Lifestyle e a Cultura e nunca mais quis outra coisa. Bastou uma rápida passagem pela redacção do Público (corria o ano de 2011) para perceber o bem que se está por estas bandas. A Time Out encarregou-se do resto – de o levar a conhecer os cantos à cidade de Lisboa e fazê-lo ganhar um gostinho por lojas, artesãos e novas marcas locais. A moda esteve sempre no topo da lista, dentro e fora da redacção. À mesa, será sempre um eterno dividido entre as modernices do nosso tempo e todos aqueles lugares que pararam no tempo. Se tudo um resto falhar, um bom croquete vai sempre fazê-lo feliz.

Mauro Gonçalves

Mauro Gonçalves

Editor Executivo, Time Out Lisboa

Follow Mauro Gonçalves:

Articles (213)

Exposições em Lisboa para visitar este fim-de-semana

Exposições em Lisboa para visitar este fim-de-semana

Chegados a Julho, parece que a agenda começa a dar sinais de abrandamento. Ainda assim, há novidades dignas de nota, sobretudo na hora de fazer planos para o fim-de-semana – planos que envolvam arte. No Jardim Gulbenkian, há uma instalação de junta arte e ciência. Já o Atelier-Museu Júlio Pomar acaba de inaugurar uma exposição dedicada ao artista português, onde neorrealismo e resistência ao fascismo são duas faces da mesma moeda. Este é o último fim-de-semana para visitar "Pós-Museu: 'A' de Ausência", uma exposição com obras da Colecção de Arte Contemporânea do Estado. Recomendado: Guia para não pagar entrada nos museus em Lisboa
Acha que conhece os Anjos? Vinte sítios para descobrir no bairro

Acha que conhece os Anjos? Vinte sítios para descobrir no bairro

Não é de hoje que andamos de olho neste bairro, atravessado pela Avenida Almirante Reis. Se em 2021 foi considerado pela Time Out o mais cool da cidade, quatro anos depois os Anjos continuam em ebulição. Novos negócios abriram e tendências urbanas ganharam aqui forma, atraindo vizinhos e visitantes. A atmosfera é vibrante, sobretudo no que toca à comida e aos vinhos. Mas há também livrarias, galerias e cafés de especialidade. Vá por nós e tire um dia para descobrir (ou redescobrir) este bairro Lisboa. Dizemos-lhe quais os 20 sítios que tem mesmo de conhecer nos Anjos, mas se tiver tempo arranjamos-lhe mais. Recomendado: O melhor da Penha de França
As melhores coisas para fazer este fim-de-semana em Lisboa

As melhores coisas para fazer este fim-de-semana em Lisboa

Estamos em Julho, antecâmara da silly season e altura do ano em que as multidões acorrem às praias e piscinas, deixando a cidade mais transitável. O que não é necessariamente sinónimo de vazio cultural e recreativo. O Festival ao Largo soma e segue, enquanto o Cool Jazz promete um sábado de emoções fortes, mas já com lotação esgotada. Algés volta a vibrar com o NOS Alive e o Festival de Almada enche ambas as margem do Tejo de teatro. Reserve tempo para provar as especialidades dos melhores restaurantes da cidade (e arredores) e as exposições do momento. Recomendado: Fim-de-semana perfeito em família
Felicidade entre duas fatias de pão! Seis sítios para comer sandes em Lisboa

Felicidade entre duas fatias de pão! Seis sítios para comer sandes em Lisboa

Já tínhamos visto muita coisa – as bifanas são um clássico lisboeta, os cachorrinhos desceram do Porto até Lisboa há quatro anos e a febre dos hambúrgueres esmagados prolifera na cidade –, mas nunca uma vontade tão partilhada de elevar a sanduíche clássica a refeição de elite (em alguns casos, até é obra de chef). Falamos de seis sítios para comer sandes em Lisboa, alguns deles inaugurados nos últimos meses, que se dedicam em exclusivo a esta iguaria. E há para todos os gostos: pastrami às camadas, cachorros de polvo, guarnições de beterraba, pickles caseiros, carnes picantes e molhos de perder a conta. Por cima e por baixo está sempre o pão, mas no meio os ingredientes mudam ao sabor da criatividade. Recomendado: As melhores tascas de Lisboa  
Os melhores rooftops em Lisboa

Os melhores rooftops em Lisboa

A palavra rooftop pode ainda não ser reconhecida pelo dicionário Priberam, mas quem ciranda por Lisboa sabe bem pronunciar este estrangeirismo – e mesmo que não saiba, estamos aqui para dar uma ajuda. Os rooftop bares já fazem parte do vocabulário alfacinha. São lugares altos por natureza, com bebidas e petiscos por inerência, vistas desafogadas e, por vezes, ambientes festivos. Perca o medo das alturas (nós já perdemos há muito tempo) e suba até um destes terraços com bar, ideais pra reunir amigos ao pôr-do-sol e pela noite fora. Esta é a lista dos melhores rooftops em Lisboa. Recomendado: Sete bares speakeasy em Lisboa
Os melhores sítios para ver a bola em Lisboa

Os melhores sítios para ver a bola em Lisboa

É sempre melhor ver um jogo de futebol na companhia de outras pessoas do que ficar a sofrer sozinho em casa. Até porque, entre adeptos, copos e petiscos, as vitórias têm outro sabor (e as derrotas conseguem ser um bocadinho menos dolorosas). Vista a camisola e apresse-se a arranjar mesa, seja numa esplanada bem iluminada (e bem regada, já agora) ou no aconchego de um restaurante, de preferência com o que picar (lembre-se que já estamos na época dos caracóis). As televisões e telas estão a postos, esperamos que a nossa Selecção Feminina de Futebol também. Durante a fase de grupos, são três os jogos de Portugal no calendário. O primeiro é no dia 3 de Julho, às 20.00, com a Espanha. No dia 7 de Julho, a Selecção Nacional defronta a italiana e, por fim, a Bélgica, a 11 de Julho, sempre às 20.00. Recomendado: Os melhores bares de vinho em Lisboa
As melhores coisas para fazer em Lisboa em Julho de 2025

As melhores coisas para fazer em Lisboa em Julho de 2025

Novo mês, uma agenda em branco, pronta a preencher com o que de melhor acontece em Lisboa – da arte ao teatro, da música à vida nocturna. Em Julho, os termómetros começam a subir a pique e há eventos incontornáveis – o NOS Alive vai trazer algumas das estrelas do momento, o Festival ao Largo volta a levar a música erudita ao Chiado e o Festival de Almada aquece os palcos em ambas as margens do Tejo. E como tudo o que é intenso e concorrido, também este mês exige planeamento. Tome nota das melhores coisas para fazer em Lisboa em Julho. Recomendado: Os 124 melhores restaurantes em Lisboa
O melhor da agenda na gastronomia

O melhor da agenda na gastronomia

Somos adeptos de boas mesas, mas somos sobretudo a favor de bons encontros, fartos e bem regados. As novidades gastronómicas multiplicam-se e, para que não perca pitada, organizamos-lhe a agenda. Foodies, gastrónomos, chefs, restaurateurs e todos aqueles a quem a gastronomia interessa: eis os eventos a não perder. Festivais de talento, mercados de vinhos, debates de ideias, jantares a várias mãos, festas que celebram a diversidade de sabores e prémios para o que de melhor se faz por cá. É o maravilhoso mundo da gastronomia portuguesa em eventos a acontecer nas próximas semanas. Recomendado: Os 124 melhores restaurantes em Lisboa
Arraiais em Lisboa este fim-de-semana

Arraiais em Lisboa este fim-de-semana

Estamos em Junho, o mês dos Santos Populares e, no caso lisboeta, de celebrar o Santo António na rua. E o que é que não pode faltar? Um rol de arraiais capaz de deixar a cidade em alvoroço. Já lhe dissemos quais os arraiais que não pode perder. Mas, se ainda não espreitou a programação completa, pode ficar em cima do acontecimento com esta lista, feita a pensar em cada um dos fins-de-semana do mês. Seja onde for, conte com sardinhas assadas, bifanas no pão e música pimba. Recomendado: Os melhores sítios para ver a bola em Lisboa
Santo António: os melhores arraiais alternativos em Lisboa

Santo António: os melhores arraiais alternativos em Lisboa

Se ficar em casa nos fins-de-semana de Junho não é uma hipótese, mas dispensa sardinhadas, bailaricos e marchas na noite de Santo António, temos alternativas. Aliás, temos opções para começar a festejar ainda antes da véspera de Santo António – e outras para continuar a levantar o copo ao longo do mês. Não há como fugir. Em Junho toda a cidade está em festa, por isso aproveite estes Santos fora do cânone. Mas lembre-se sempre de uma coisa: todos os arraiais são populares, mesmo quando são alternativos. Recomendado: Sardinha assada e bailarico. Estes são os melhores arraiais em Lisboa
Sardinha assada e bailarico. Estes são os melhores arraiais em Lisboa

Sardinha assada e bailarico. Estes são os melhores arraiais em Lisboa

A espera acabou. Os grelhadores voltam a aquecer, as cervejas a arrefecer e os cantores populares a afinar a voz. Tudo mérito do Santo António, o santo mais popular de Lisboa, que todos juntos evocamos para transformar a cidade num imenso arraial enquanto assistimos, deliciados, ao sacrifício de milhares de sardinhas. Arraiais populares ou alternativos, a escolha é só sua, há gostos para tudo e ninguém julga ninguém. Não perca de vista esta lista dos melhores arraiais em Lisboa, mas atenção: o mais provável é que esteja em constante actualização. Se gosta de estar em cima do acontecimento, veja também as listas para os arraiais que acontecem esta semana, este fim-de-semana ou hoje mesmo. Recomendado: Os Dez Mandamentos da Sardinha
Os melhores arraiais hoje em Lisboa

Os melhores arraiais hoje em Lisboa

Chega Junho e com ele os arraiais que animam a cidade dia e noite. Não há festa como esta, isso é certo. Como é certo que não é fácil escolher onde ir com tanta oferta, das festas populares aos arraiais alternativos que proliferam por aí. O santo mais popular de Lisboa transforma a cidade num imenso arraial e não queremos que se perca, nem que desista de sair. Ou seja, facilitamos-lhe o trabalho. Está à procura de um arraial para hoje? Não tem de seguir o cheiro a sardinha. Aqui estão os melhores arraiais hoje em Lisboa. E arraiais para este fim-de-semana. E arraiais para esta semana. Recomendados: Os melhores arraiais em Lisboa

Listings and reviews (27)

Relíquias da Memória

Relíquias da Memória

Mais do que uma loja, este é um daqueles sítios onde nos podemos perder — em épocas e acabamentos, em detalhes e medidas, a visualizar como esta ou aquela peça ficariam lá em casa. Os objectos são às centenas e atravessam séculos de história. No espaço anteriormente ocupado pela República das Flores, as peças de decoração, mobiliário e luminária são a perder de vista. Há de tudo um pouco: arte sacra, móveis oitocentistas, candeeiros da década de 60, porcelanas orientais, lustres, letreiros e até um antigo posto de gasolina.
Homecore

Homecore

Alexandre Guarneri conheceu Portugal há 30 anos, na mesma altura em que fundou a sua própria marca de moda e lhe deu um nome que perdura até hoje, Homecore. Disposta em dois expositores, a colecção divide-se entre as linhas masculina e feminina. No vestuário, há um tipo de minimalismo que privilegia os cortes e os materiais. Muitas das roupas são reversíveis e feitas com tecidos provenientes de stocks parados de fábricas portuguesas. Mas há mais para descobrir nesta loja. Veja, os ténis que andam nas bocas do mundo, estão aqui e são, também eles, um projecto de amigos. La Boite Concept, uma marca francesa de colunas, gira-discos e sistemas de som, demonstra uma verdadeira valorização do design, enquanto as cerâmicas de Cécile Mestelan incorporam as linhas de algumas das peças da Homecore. A montra fica completa com a perfumaria e cosmética da bicentenária Buly e com as almofadas do Flores Textile Studio.
Boudoir Vintage Boutique

Boudoir Vintage Boutique

Entrar na Boudoir Vintage Boutique é como afastar a cortina que separa esta antiga sala, reservada à intimidade feminina, do resto da casa. Entre corpetes cor-de-rosa, luvas de renda, camisas de noite e combinações de toque sedoso e robes acetinados, a abertura da loja, em Abril de 2021, veio aumentar o nível de especificidade dos espaços já dedicados ao segmento da segunda mão em Lisboa. Aqui, brilha a roupa interior. A roupa interior não é a única coisa à venda na Boudoir Vintage Boutique. Como complemento, existem expositores com outras peças em segunda mão, algumas com assinatura de designer. 
Sons of the Silent Age

Sons of the Silent Age

É a última inauguração de Bruno Lopes e Tiago Andrade, também conhecidos como os senhores da moda vintage. A loja que nasceu como projecto fotográfico ganhou um espaço físico, mesmo em plena pandemia. Ao lado de peças mais especiais (o que inclui Chanel, Dior ou Saint Laurent), há peças personalizadas pelos próprios proprietários. Além do espaço na Calçada do Combro, a Sons of the Silent Age também já chegou à Rua do Ouro, no número 172.
Studiorise

Studiorise

É no estúdio onde tudo acontece. É escuro, tem capacidade para 20 pessoas (lotação reduzida devido à pandemia) e está equipado com um sistema de som digno de uma pista de dança. Porém, dançar só mesmo com os pés atarraxados nos pedais. Sim, porque estas aulas exigem calçado próprio, disponibilizado pelo estúdio e a fazer lembrar as velhas idas ao bowling. O studiorise abriu em Outubro de 2021 com uma versão festiva das habituais aulas de cycling. São 45 minutos non stop, o que significa que tem de ir preparado para suar em bica, do princípio ao fim. Não se preocupe porque no escurinho da sala não dá para ver nem a pessoa que está ao lado. Quanto à música, tudo depende de quem dá a aula. A trupe de instrutores é a jóia da coroa do Studiorise. São sete e cada um leva para o estúdio os seus ritmos favoritos.
American Vintage

American Vintage

Foram anos a conquistar a clientela lisboeta com um estilo minimalista de inspiração mediterrânica. Em 2021, a francesa American Vintage decidiu expandir-se na capital portuguesa e abrir uma loja na artéria mais luxuosa da cidade, a Avenida da Liberdade. Com cerca de 150 metros quadrados, o espaço reúne as colecções feminina e masculina da marca e faz parte de um plano de novas aberturas que contempla várias cidades europeias.
Drogaria Oriental

Drogaria Oriental

Quem diria que a loja que vende as famosas toucas às flores já tem mais de 120 anos? Nada mal. Ao contrário dos velhos negócios familiares que passam de pais para filhos, entre os três proprietários que a Drogaria Oriental já teve, não há qualquer parentesco. Nas prateleiras mantêm-se as especialidades da casa e não há grande superfície que lhes faça sombra. São escovas de fios de seda, sabonetes Ach. Brito, cremes Benamôr, perfumaria avulsa (ainda com os frascos antigos) e, claro, as toucas que um dia Cristina Ferreira descobriu e que, depois disso, começaram a sair que nem pão quente para todos os pontos do país. E o balcão é mesmo o original.  
Galeria Underdogs

Galeria Underdogs

Nascida em 2010 num armazém colossal do Braço de Prata, por aí passam alguns dos mais mediáticos artistas da actualidade. Dantes, o grande corpo artístico que é a Underdogs vivia com um pé em Marvila e outro no Cais do Sodré, mas os pés juntaram-se para caberem todos dentro do armazém na Rua Fernando Palha. Se antes havia duas casas a albergar obras de arte, agora passa a haver só uma – a Underdogs Art Store está agora instalada em Marvila, junto da galeria que sempre esteve por ali. Além disso, há também a Underdogs Capsule, dedicada a pequenas exposições e projectos experimentais.
Smile You Are in Spain Studio Part I

Smile You Are in Spain Studio Part I

Não, esta exposição não é financiada pelo Instituto de Turismo de España, embora a campanha publicitária lançada em 2004 tenha inspirado, e muito, o artista em questão. O objectivo foi, desde o início, ter magotes de gente a passar férias pelo país inteiro. Ora, o português Luís Lázaro Matos fez-lhes a vontade. Pisou os cenários paradisíacos dos anúncios e olhou para a forma como a paisagem, as tradições, as pessoas e a arte depressa são convertidas em coisas pontas a consumir. Daí, nasceu “Smile You Are in Spain Studio”. A primeira parte acaba de inaugurar na galeria Madragoa; a segunda, na forma de uma instalação performativa, vai ter de esperar até dia 24 de Fevereiro, dia em que arranca mais uma edição da ARCO, em Madrid. Mas, afinal, que postais trouxe o artista desta gincana por terras espanholas? Bem, talvez seja melhor saber primeiro o que levou na mala. Um smile e, por oposição, O Grito, de Edvard Munch, aqui, símbolo do amargo de boca trazido pela crise económica que bateu à porta, anos depois. A obra-prima foi à praia, tirou fotografias e agora o cenário veraneante veio para Lisboa, com paredes amarelas, desenhos na fachada da galeria e com a música “Hay Que Venir Al Sur”, de Raffaella Carrà, a ecoar ao longo da exposição. Vídeo, fotografia e desenho abrem o apetite para ver o capítulo seguinte. Até lá, é na Madragoa que o Verão espanhol estende a toalha.
Second Chance

Second Chance

Para João Figueiredo, não há como o retrato clássico. É no meio de intrigas palacianas e caprichos da nobreza que o artista ocupa a Galeria Espaço Arte Livre até meados de Janeiro. Nos últimos anos, este tem sido o cenário trabalhado por João e o resultado é agora trazido para a Avenida. Há uma instalação e um vídeo, mas é nas pinturas que o autor desafia os visitantes e desvendarem as histórias das personagens que lhe têm povoado o imaginário. Da condessa de peitos fartos e olhar superior ao barão de ar comprometido, em alguns casos as expressões denunciam que estão ligados entre eles e pelas razões mais rocambolescas. A relação de quem visita “Second Chance” com as pinturas é, por isso, imediata, numa espécie de big brother setecentista. No final, muito fica por desvendar, não fosse o artista um perito em aguçar curiosidades.
Barahona Possollo

Barahona Possollo

Depois do retrato oficial do ex-presidente da República, já muita tinta correu do pincel de Carlos Barahona Possollo. Ainda assim, esta é a primeira exposição do pintor, desde que a obra-prima veio a público, momento a que o próprio chama de “impacto mediático”. Se o nome continua fresco na cabeça dos lisboetas, isso só o número de entradas no Espaço Cultural Mercês o dirá. O que garantimos, desde já, é que Barahona Possollo volta ao Príncipe Real em preparos bem diferentes dos da última vez. O homoerotismo esbateu-se. Há corpos sim, mas muito mais próximos do nu mitológico, daquele que tem as curvas e protuberâncias todas no sítio, mas que não faz corar tanto. Dado o primeiro aviso, o segundo: aqui, o pintor diversificou o formato. Mal entramos, tanto damos de caras com o rapaz saudável com meia melancia (do mais próximo dos trabalhos anteriores de Possollo que vai ver por aqui), como nos apercebemos da quantidade de pequenas telas espalhadas pelas paredes. É caso para dizer que o artista se rendeu ao encanto das coisas pequenas. “Sinto que nos quadros pequenos posso arriscar mais do que nas grandes telas. Nessas, acho que não me dou tanta liberdade”, explica. E quando olhamos de perto, o realismo de Barahona Possollo ganha outros ares. Atraído pela mancha impressionista, passou o último ano de volta de paisagens: falésias, rochedos, colinas e, em dois casos muito particulares, a cidade de Lisboa. Ao longo dos quase 30 quadros, a figura humana ficou para segundo plano, numa
Pontas Soltas

Pontas Soltas

O senhor da imagem está bem, não se preocupe. Por estes dias, a loja e galeria Mona, nas Janelas Verdes, recebe a exposição “Pontas Soltas”, de Ivo Purvis, mais uma mente criativa da publicidade que se deu conta de que o que faz todos os dias talvez tenha o seu quê de artístico. E parece que algumas boas ideias não se chegaram a conveter em anúncios. Aqui, a avalanche de bonecada foi inevitável. Homem dos Bonecos é uma das imagens que pode ver durante as próximas semanas.

News (797)

Patrícia Mariano pintou um mural em Campolide. Agora, recebe destaque internacional

Patrícia Mariano pintou um mural em Campolide. Agora, recebe destaque internacional

O mural Calipso, pintado por Patrícia Mariano, durante a última edição do festival MURO LX, foi considerado a melhor intervenção de arte urbana do mês de Junho pela plataforma internacional Street Art Cities. Fica no Bairro da Bela Flor, em Campolide, e concorre agora ao prémio Best of 2025. Através de uma figura mitológica, uma ninfa do mar, retratada na empena de um prédio residencial, a artista portuguesa quis abordar temas como a sustentabilidade, a relação entre humanos e natureza e a importância da protecção dos recursos naturais. "Estou radiante. Esta conquista tem um significado especial porque sou mulher e acaba por ser um reconhecimento importante das nossas vozes e talentos no mundo da arte urbana", refere Patrícia Mariano, citada em comunicado. Quanto à plataforma que a distinguiu, dedica-se a "documentar, celebrar e promover a arte urbana em todas as suas formas". A Street Art Cities conta com cerca de 78 mil murais mapeados em mais de 2000 cidades espalhadas pelo globo, além de também ter como propósito conectar artistas, fotógrafos e aficcionados da arte urbana em todo o mundo. "Em Calipso, Mariano não só demonstra a sua excelência técnica e a sua voz singular no muralismo contemporâneo, como também dirige uma mensagem ambiental pertinente, instigando-nos a reconectarmo-nos e a cuidado do nosso mundo natural", afirma a plataforma em comunicado. Com a distinção Best of June, a artista, que vive e trabalha em Lisboa, fica agora habilitada a ficar com o galardão a
Alkantara Festival arranca a 14 de Novembro com coreógrafa premiada

Alkantara Festival arranca a 14 de Novembro com coreógrafa premiada

É o regresso do Alkantara Festival, mostra dedicada às artes de palco que vai percorrer nove salas de Lisboa, entre os dias 14 e 23 de Novembro. Entre produções nacionais e estrangeiras, os espectáculos são apenas uma parte do programa, que vai incluir também workshops e conversas. Durante dez dias, o festival vai passar pela Culturgest, o TBA, CCB, o Centro de Arte Moderna Gulbenkian, a Sala Valentim de Barros, as Galerias Municipais de Lisboa, a ZDB 8 Marvila, o MAAT e as Carpintarias de São Lázaro. Pela primeira vez, o São Luiz não será um dos palcos do Alkantara. A organização dá nota da longa relação com o teatro municipal – de 2006 a 2024 –, e informa, através de comunicado, que este deixa agora de ser co-produtor do festival. PIERRE GONDARD'Umuko', de Dorothée Munyaneza O espectáculo de abertura é Umuko, de Dorothée Munyaneza, artista que no ano passado venceu a primeira edição do Salavisa European Dance Award. O prémio, criado pela Fundação Calouste Gulbenkian em colaboração com outras seis instituições artísticas europeias, tem como objetivo distinguir artistas de todo o mundo que “demonstrem talento ou qualidades especiais que mereçam ser mais conhecidos para além das suas fronteiras nacionais”, indica a organização do festival em comunicado. Artista britânica, nascida no Ruanda, Munyaneza tem-se destacado nos papéis de bailarina, coreógrafa, actriz e cantora. Em palco estarão cinco jovens artistas ruandeses – bailarinos, músicos e poetas –, numa celebração da cri
Na mesa ou ao balcão, os vizinhos de Alfredo conquistam-se pelo estômago

Na mesa ou ao balcão, os vizinhos de Alfredo conquistam-se pelo estômago

Madeira, madeira e mais madeira. Escura, robusta e com algumas marcas do tempo, a madeira é o primeiro cartão de visita do Alfredo, restaurante que abriu em Março, em Arroios, mesmo em frente ao A Viagem das Horas, bar de vinhos e gastrobar que já se tornou num clássico lisboeta. Será que o novo vizinho vai pelo mesmo caminho? Pelo menos pinta não lhe falta. Somos recebidos à porta por Marin Colomès, um dos três sócios. É ele quem está ao leme da pequena cozinha, juntamente com Marc le Rohellec – o primeiro a tempo inteiro, o segundo dividido entre Arroios e o restaurante que abriu em 2021 no Cais do Sodré. Conheceram-se no Boavista Social Club e partiram, este ano, à conquista de um novo bairro. "Conheci o Marc mesmo antes de ele abrir o restaurante. Já estava cá há algum tempo, então ajudei-o a encontrar fornecedores e assim. Depois comecei a trabalhar com ele, até que começámos a falar em abrir algo juntos", explica Marin, imediatamente antes de introduzir o terceiro sócio, Gaetan Gimer. Allegra Guinan "Quisemos sair um bocado do Cais e gostamos realmente deste bairro, é bastante diferente. Acho que temos uma boa comunidade local que vem ao restaurante, em comparação com a multidão de turistas na Rua da Boavista. E aqui, tentámos fazer algo que funcionasse para toda a gente – temos o croquete, estamos a servir uma bifana agora, temos um arroz para partilhar e que as pessoas gostam imenso. São pratos mais pensados para uma clientela portuguesa", continua o chef. Antes de
As Bifanas do Afonso estão a ser servidas num hotel de quatro estrelas

As Bifanas do Afonso estão a ser servidas num hotel de quatro estrelas

A fila tem sido longa no Largo do Caldas, mas já existe uma alternativa para quem quer comer a bifana do momento. Desde o último fim-de-semana que o Lisbon Art Stay Hotel tem um balcão virado para a rua, onde vende as cobiçadas Bifanas do Afonso. Na esquina da Rua dos Sapateiros com a Rua da Assunção, este quatro estrelas acena a turistas e locais com a receita original, numa parceria que veio para ficar. "Foi uma parceria natural. Queríamos trazer para dentro de casa sabores com história, mas com um formato acessível e descomplicado. As Bifanas do Afonso são isso mesmo: um ícone da cidade, que se encaixa perfeitamente na nossa missão de oferecer uma experiência 100% lisboeta, mas sempre com um toque artístico e acolhedor", diz Alexander Gerer, director do grupo hoteleiro, citado em comunicado. DR As bifanas são as autênticas. A confeccioná-las e a servi-las, agora em plena Baixa, estão membros da equipa da casa-mãe, como garante o hotel à Time Out. Até o preço é o mesmo: 3€. O valor só aumenta caso queira sentar-se na esplanada, ou no interior do restaurante do hotel, com serviço de mesa e umas batatas fritas a acompanhar. Aí a conta sobre para 5,50€. Até a fila é uma tendência que já começa a desenhar-se na Rua Augusta, sobretudo à medida que o aroma a bifanas se alastra no ar. Estas bifanas no pão (com ou sem mostarda) tornaram-se um autêntico destino de romaria. José Rodrigues encarrega-se da frigideira, tal como da nova parceria com o hotel. A casa, com meio século de
Com marisco e cocktails, o Santa Joana abre o seu terraço à cidade

Com marisco e cocktails, o Santa Joana abre o seu terraço à cidade

O edifício do Locke Santa Joana, hotel que abriu há cerca de um ano no centro da cidade, continua a revelar-se uma caixa de surpresas. Depois de um mega restaurante dirigido por Nuno Mendes, chef português de fama internacional, e do bar mais ou menos secreto, com whiskies e discos de vinil, The Kissaten, eis que há mais um espaço a abrir as portas ao público. O Santa Joana Terrace faz parte do restaurante principal do hotel, mas, como boa esplanada, está munido de uma carta de cocktails e de um menu próprios, que prometem refrescar os finais de tarde e as noites de Verão. A arquitectura não é a dos nossos dias. Estamos num convento do século XVII e os grandes pórticos que ligam o terraço ao interior do restaurante deixam-no bem claro. No pátio interior que agora se abre à cidade, a atmosfera é a de um oásis, de um perímetro alheado de tudo o resto. Há sofás, cadeirões e mesas de refeição. E há plantas, muitas plantas. Ao centro, fica bar, responsável por providenciar o devido refresco. Francisco Nogueira A começar pelos cocktails. Com whisky e feno-grego, o Alperce & Oolong (13€) destaca-se pelos sabores suaves, enquanto o Beterraba & Leche de Tigre (14€) é feito com pisco, cebola e uma pitada de picante. O Ládano & Bolhas (16€) leva rum, campari e Champanhe. Já o Pimento Vermelho & Tomate (15€), protagonista do menu especial de final de tarde, leva aguardente de agave, ginjinha e citrinos, além dos ingredientes que lhe dão nome, claro. De terça a sábado, entre as 18.00 e
Com comida de conforto e discos de vinil, há um novo italiano no Cais do Sodré

Com comida de conforto e discos de vinil, há um novo italiano no Cais do Sodré

Há sempre um disco a girar no novo italiano da Rua da Boavista. Chama-se Fratelli Brutti, abriu em Maio e aponta a mira ao traço comum de todos os pratos tradicionais italianos, o conforto. O espaço é já um velho conhecido dos lisboetas – é a morada do antigo Cavalariça e, entretanto, também já foi CAV 86, conceito gastronómico que agregava as cozinhas francesa, brasileira e portuguesa. Hoje, é a simplicidade das pizzas e pastas que predomina na carta. Dois dos sócios mantêm-se – Abdull Baaghil, também ligado ao Grupo Cavalariça, e Bruno Contreras, o chef francês que se tornou empresário e que traz no currículo a passagem por restaurantes com estrelas Michelin, incluindo em Itália. No Fratelli Brutti, o objectivo foi criar uma menu de clássicos e com preços acessíveis (os pratos principais não vão além dos 22€). DR Contreras é quem assina o menu, a começar pelos arancini (5€). As bolas fritas de arroz são servidas com carne no interior mas também com molho cacio e pepe. Chegam à mesa como se querem – estaladiças por fora, cremosas por dentro. Ainda a caminho dos pratos principais, tropeçamos numa burrata com salada de curgete e pistáchio (12€) – mais fresca, menos intensa no palato. Há cinco pizzas na ementa e em todas elas seguem à risca a tradição napolitana. O resultado é uma massa leve e fofa, obtida através de fermentação lenta. As opções vão das clássicas Margherita, Quatro Queijos e Marinara às receitas Lardo & Rocola e Frutti do Mare. Bem guarnecidas, mas não ataful
Com natureza e geometria, as jóias de Inês Telles ganharam um lugar ao sol

Com natureza e geometria, as jóias de Inês Telles ganharam um lugar ao sol

A relação entre pessoas e jóias pode muito bem assumir contornos de namoro. Pelo menos, é assim que Inês Telles interpreta alguns dos olhares lançados sobre as suas peças a partir do vidro da montra – a primeira em 15 anos de carreira. A loja inaugurou há coisa de dias, nas Avenidas Novas, mas já há histórias de amor a reportar. "É muito engraçada esta coisa das pessoas irem namorando, porque continuam a ser peças que não se compram por impulso. Agrada-me muito esta ideia das pessoas irem vendo, irem namorando, até adquirirem a peça que realmente querem", começa por contar Inês. Ao longo da última década e meia, já passou por vários bairros de Lisboa – sempre com atelier, nunca com uma loja virada para a rua. Na Estrela, nas Necessidades e na Graça, onde mantém até hoje o seu espaço de trabalho, recolheu parte da inspiração para as sucessivas colecções de jóias. Foi com elas que conquistou fama internacional – chegou a vender no Museu de Arte Moderna de São Francisco e no MoMA de São Francisco e continua presente, até hoje, em museus e galerias de toda a Europa – e que viu a joalharia portuguesa de autor deixar de ser um nicho, para passar a fazer olhinhos a uma audiência cada vez mais ampla. Abrir uma loja própria é mais um passo para fazer estas jóias chegarem mais longe. Sanda Vuckovic "A abertura de uma loja possibilita uma série de coisas novas para mim, principalmente na área criativa. A nossa produção tem sempre uma escala pequena, mas temos sempre de pensar na const
Música, provas e aulas de desenho. Aqui, os vinhos naturais dão pano para mangas

Música, provas e aulas de desenho. Aqui, os vinhos naturais dão pano para mangas

À primeira impressão, o Nata é um bar de vinhos muito moderno. Concluímo-lo sem grandes hesitações. E não é só por causa do balcão e dos bancos em inox, do chão em microcimento ou por ter os vinhos da semana escritos com um marcador sobre um espelho. Abbie Gill idealizou este espaço para ser mais do que uma garrafeira. Embora os vinhos estejam na base do projecto, a agenda mensalmente partilhada no Instagram dá-lhe outra vida. "Vamos ter muitas coisas durante o mês de Julho. A começar pela exposição de fotografia de uma amiga minha que pratica dança aérea, então vamos pendurar os trabalhos no tecto. Vamos ter desenho à vista e esta mesa vai estar coberta de tomates para as pessoas desenharem. Vamos ter um Nata Late até às duas da manhã. Queremos começar a ter uma noite destas uma vez por mês, em que afastamos as mesas para as pessoas dançarem um bocado. Tivemos música ao vivo na semana passada e toda a gente ficou de pé a cantar aos berros", começa por contar Abbie. RITA CHANTRE E só nos está a contar metade dos planos, que ainda incluem uma prova de vinhos vulcânicos italianos, numa espécie de meet and greet com o próprio produtor, um concerto de música folk e até um encontro de canídeos, mas em que o consumo de vinho fica estritamente reservado aos donos. "Eu quero um espaço onde as pessoas se possam juntar – famílias, amigos, locais, estrangeiros –, onde se sintam confortáveis e possam ter a experiência dos vinhos portugueses. E que seja grande o suficiente para receber
Feitas com vaca tenrinha ou frango picante, estas sandes servem memórias de infância

Feitas com vaca tenrinha ou frango picante, estas sandes servem memórias de infância

Haja apetite para dar conta de uma destas. Alexandre Leão, um luso-descendente que, há cerca de dois anos, trocou Paris por uma nova vida em Lisboa, é a pessoa por trás do Duíche, o colorido restaurante de sandes que abriu no ano passado, ao cimo da Calçada da Estrela. Não é à toa que o cheiro a chicha domina os sentidos mal se entra – seja a que hora for. E começa tudo com uma boa marinada. "No momento em que fiz a carta, decidi que tinha de ter carne cozinhada. No caso do novilho, é uma carne que é marinada durante 12 horas. Depois, são três horas no forno", começa por explicar o proprietário. RITA CHANTRE Para Alexandre, os sabores que mistura entre duas fatias de pão de trigo – sempre de fermentação, feito pela Crust, a padaria de Alcântara – são evocações de memórias de infância. "A minha mãe costumava fazer-me sanduíches todos os domingos. Quando era pequeno e chegava esse dia, já sabia: dizia que queria comer uma duíche. Por isso é que foi tão fácil escolher o nome do restaurante", continua. À chegada a Portugal, encontrou sobretudo outra espécie de sandes, menos guarnecidas e mais associadas a lanches e merendas do que a refeições substanciais. Ao abrir o próprio espaço, quis mudar isso. "Estudei o mercado e vi que não havia muitas sanduíches assim com os ingredientes cozinhados. Havia a sanduíche portuguesa, mas que é mais simples, é diferente. Se bem que, em França, as pessoas também acham que comer uma sanduíche é quando não tens tempo para mais nada. O que quis
Feitas sem pressa, estas sandes não são obra do acaso. São obra de chef

Feitas sem pressa, estas sandes não são obra do acaso. São obra de chef

O espaço está aproveitado ao centímetro. Entre a cozinha e as quatro mesas junto à parede, há apenas uma cortina metálica, parcialmente corrida, deixando a preparação à vista de todos. A Tosta abriu em Maio, nos Anjos, e apresenta-se como uma cozinha de sanduíches. O britânico Jake Goosen é o chef de serviço. Mais do que uma forma rápida de forrar o estômago, aqui a sandes é promovida a especialidade gastronómica. No fundo, como resume, é como pegar nos vários ingredientes de um prato e colocá-los entre duas fatias de pão. "Acreditamos que uma sandes pode ser uma refeição. E também gostamos de dizer que cozinhamos as sandes. Cozinhamo-las lentamente. Se aparecer durante a preparação, vai encontrar carne cozinhada ao longo de horas no forno. Todos os nossos molhos são feitos, fermentados, aqui. A atenção que damos a uma sandes é a mesma que damos a um prato gastronómico, mas com um preço acessível", explica Edouard Tintignac, um dos três sócios responsáveis pelo espaço. RITA CHANTRE Para Goosen, também ele sócio fundador, uma dentada numa destas sandes pode também ser uma viagem. Com criatividade e alguma experimentação, o antigo chef da Tasca Pete junta ingredientes e trabalha-os na cozinha, até chegar às receitas de conforto que enaltecem a qualidade dos produtos. "No restaurante onde estava anteriormente, sentia dificuldade em manter-me num tipo de cozinha apenas. Aqui, é óptimo porque podemos trabalhar com cozinhas de todo o mundo. As sandes permitem-nos isso", comenta o
Jóias imperfeitas e anéis de noivado: o luxo de Maria Mathias está nas histórias que conta

Jóias imperfeitas e anéis de noivado: o luxo de Maria Mathias está nas histórias que conta

A joalharia não foi sempre o caminho para Maria Mathias. Formou-se em design e só depois sentiu o chamamento da manualidade. Na manipulação dos metais, encontrou uma forma de expressar a própria criatividade. Em 2022, criou a marca homónima. Entre colecções inspiradas nas formas orgânicas que a rodeiam – as da natureza – e peças desenvolvidas em colaboração com os clientes – com uma queda especial para os anéis de noivado –, a Maria Mathias Jewelry é a junção do imaginário pessoal da sua mentora e das histórias de quem chega até ela em busca de uma peça verdadeiramente especial. "Gosto que o meu atendimento seja pessoal e que dar atenção aos detalhes. Gosto que o imperfeito seja perfeito. Gosto de criar, mas também de ajudar as pessoas a encontrarem a jóia que ainda não encontraram", começa por explicar a joalheira. Simão Castro PernasMaria Mathias Há um ano, mudou-se para Madrid. É lá que vive e trabalha, num pequeno atelier que montou no bairro de Malasaña e onde recebe clientes por marcação. Uma a uma, as peças são desenhadas e depois feitas à mão, com a ajuda de moldes em cera. "Isso permite-me, muitas vezes, criar estas texturas diferentes, este aspecto de algo derretido, mais fluido. O metal pode parecer uma coisa rígida, riscada, moldada, mas aqui ganha esta forma mais suave", continua. Matiz é a mais recente colecção de Maria Mathias. Ao acabamento tosco de brincos, anéis e pendentes, junta pedras semi-preciosas e evocações directas da natureza, caso das flores e da
Há uma mini fábrica de sandálias em Campo de Ourique e produz para todo o mundo

Há uma mini fábrica de sandálias em Campo de Ourique e produz para todo o mundo

O portão azul e a fachada azul bocalto prendem a atenção de quem passa, mas é preciso entrar para perceber o que realmente acontece lá dentro. Atravessado o pequeno pátio, o barulho das máquinas e o cheiro a couro são as primeiras pistas. Numa pequena linha de montagem vemos sandálias em diversas fases de produção – solas, tiras, aplicações e acabamentos formam uma sequência ordeira. Todos os dias, são produzidos entre 15 a 20 pares. Para Marie Paquin, fundadora da Mama Praïa, ainda há margem para crescer, mas não demasiado. “Viemos para Portugal visitar fábricas no Norte, mas veio a Covid e acabámos por não trabalhar com nenhuma. Quando chegámos aqui dissemos: vamos tentar fazer isto por nós. Tínhamos uma máquina e uma primeira pessoa a ajudar-me e ao meu marido. Foi o início de uma pequena equipa, que foi crescendo pouco a pouco. Hoje, fazemos tudo aqui e isso é muito especial. Não queremos deixar este modelo – há muita gente a viver em Lisboa ou de visita, que passa por aqui e quer fazer o seu par de sandálias personalizado. E as pessoas gostam de ver como as coisas são feitas”, explica Marie. RITA CHANTRE Alexandre, o marido, é uma espécie de braço direito, mas a grande força de produção são as cinco mulheres que laboram na oficina. Entre os cinco modelos de sandálias aqui produzidos, há um best-seller. Chama-se Fisherman e tem feito um brilharete em lojas de alto gabarito, como o Le Bon Marché, em Paris, mas também nos pés de moças inspiradoras, como Vicky Montanari ou