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Rute Barbedo

Rute Barbedo

Jornalista

Começou a rabiscar textos impublicáveis em criança, tentou seguir ciências exactas na adolescência, chegou à idade adulta e assumiu que a vida devia passar pelo jornalismo. Escreveu nas áreas da saúde, viagens, sociedade, economia e cultura, cofundou uma revista generalista sobre Lisboa e foi freelance durante oito anos, período em que colaborou com o Público, Expresso, Exame e Jornal de Negócios. Vive desde 2008 em Lisboa, cidade-casa, é da geração à rasca e integra, desde 2023, a equipa da Time Out, onde vasculha as folhas da Grande Alface e escreve os temas que fazem mexer a cidade, da política aos becos favoritos de Pessoa. 

Articles (8)

Bem-vindo à selva! Os projectos verdes que estão a mudar a cidade

Bem-vindo à selva! Os projectos verdes que estão a mudar a cidade

Lisboa têm um futuro verde pela frente, pelo menos no que depender destes projectos. É certo que já contamos com belos jardins e parques – pretexto mais do que suficientes para partir à descoberta sem se afastar muito de casa –, mas falamos de uma revolução que passa por espalhar ainda mais clorofila pela cidade. Através de programação cultural, propostas ecológicas, iniciativas de intervenção social e até ideias de negócio, eles querem promover o gosto pela botânica em meio urbano. Fomos conhecer estudiosos, cuidadores, activistas, criativos e empreendedores, unidos por um objectivo comum: criar laços entre pessoas e plantas.

O luxo não vai parar na Avenida da Liberdade

O luxo não vai parar na Avenida da Liberdade

São 14.30 de uma quarta-feira e, na recém-aberta Dior, um casal de americanos observa uma bolsa bordeaux com minúcia. “Será que em preto ficaria melhor?”, questiona ela, enquanto o funcionário, munido de luvas brancas, estica a pequena bandeja de metal onde assenta a expectante bolsinha. Enquanto ponderam, bebem o espumante oferecido pela loja. Nas traseiras, há um jardim, que o casal visitará mais tarde, depois de concluir a bebida e a compra. Agora que chegou a Primavera, estará “perfeito”. Ir a uma loja como a da Dior, onde uma camisa pode custar mais de 2000 euros e umas calças ultrapassar os 1000, é uma experiência. Começa pelo porteiro, pago para não termos de empurrar a porta, continua com oferta de café, água e espumante e avança em sugestões turísticas sobre a cidade, ao som de um twist dos anos 60. Lá em cima, Joana Vasconcelos dá as boas-vindas com o seu painel de azulejos (em parceria com a Dior e a Azulima), nas escadas volta a dá-las com uma das suas valquírias. Há ainda dois andares cimeiros no edifício do final do século XIX, ultrapassando- se um total de mil metros quadrados de loja (o que faz dela a maior Dior da Península Ibérica) e juntando-lhe investimentos em Pedro Calapez ou Bruno Ollé. Requintes outros se passam em espaços como o da Gucci, Loewe, Louis Vuitton ou Prada, esta última instalada num edifício com Prémio Valmor que, em 2008, deixou de ser um stand de automóveis, representando, para Carlos Récio, da imobilia

Dez curiosidades históricas sobre o Carnaval

Dez curiosidades históricas sobre o Carnaval

Calha sempre a uma terça-feira, é um feriado (facultativo) móvel e é também a desculpa perfeita para usar aquela roupa há muito escondida no armário ou aquele fetiche estranho guardado no fundo da gaveta. Há muitas teorias sobre as origens do Entrudo, das linhas pagãs às religiosas. Certo é que o Carnaval continua a celebrar-se um pouco por toda a parte e a combinar as mais variadas expressões culturais, exibindo-se através de rituais pagãos que celebram o novo ciclo agrícola ou de biquínis reduzidos em pleno Inverno. É também verdade que a festa foi mudando ao longo dos tempos, mas que nunca perdeu a vontade que dela faz parte: quebrar totalmente a rotina. Fique a saber mais um pouco desta festa onde, de católicos a ateus, supostamente ninguém leva a mal. Recomendado: Já sabe o que vai fazer aos miúdos no Carnaval?

Lojas históricas em Lisboa: velhas e boas

Lojas históricas em Lisboa: velhas e boas

Que as paredes contam histórias suspeita-se ainda antes de existir o fado. Mas também há que ouvi-las das bocas dos ourives, pasteleiros, funcionários de cafés, lojas de ferragens, tecidos, cerâmica e outros quejandos. Na volta aos espaços centenários que marcam a identidade lisboeta, passa-se ainda por marinheiros, reis, bandidos, poetas e revolucionários. E dos relatos chegam receitas milenares, artes rigorosas e até cheiros vindos do outro lado do planeta. Corremos a cidade e atravessámos séculos, para fazer um roteiro de 48 grandes lojas que continuam a servir bem e à antiga, porque o que é clássico é bom. A viagem começa em 1741 com a Fábrica Sant’Anna e termina no espaço histórico do Armazém das Malhas, aberto desde 1962. Recomendado: As novas lojas em Lisboa que tem mesmo de conhecer

Os melhores sítios para estudar em Lisboa

Os melhores sítios para estudar em Lisboa

Precisa de redobrar a atenção, silêncio, conforto, luz e de ver pessoas bem comportadas à sua volta? Há disso em Lisboa. Ou prefere trocar o ambiente de biblioteca pelo burburinho de fundo, o som da máquina do café e o vaivém de outras gentes? Também há disso em Lisboa. Pusemo-nos no lugar de um estudante e partimos à descoberta dos melhores sítios para queimar pestanas na cidade. Do café simpático com cheirinho a bolos à biblioteca de um palácio, eis alguns dos sítios onde pode montar a sua sala de estudo ambulante. Prepare-se para ser o melhor do curso. Recomendado: Embarque nesta viagem pelas bibliotecas em Lisboa

Campanhas solidárias a não perder neste Natal

Campanhas solidárias a não perder neste Natal

Se o Natal é tempo de dar e receber, isso não se circunscreve apenas à família e amigos mais chegados. Há que alargar a rede de amor e solidariedade àqueles que não conhecemos, mas que fazem parte da nossa comunidade. Por isso, fomos à procura de campanhas solidárias, que vão desde a doação de brinquedos até ao apoio a associações locais e à produção artística, bem como ao apadrinhamento de animais. Sugerimos várias acções que podem fazer a diferença no seu Natal (também!) e que podem ajudar quem mais está a precisar de ver a Estrela Polar ao fundo do túnel, com presentes ou injecções de bens e capital. Recomendado: O melhor do Natal em Lisboa  

Onde comprar pinheiros naturais em Lisboa

Onde comprar pinheiros naturais em Lisboa

Não há dúvidas de que a peça central da decoração festiva é a árvore de Natal. Na hora de escolher, um pinheiro natural pode ser a opção mais amiga do ambiente, desde que, depois de utilizado, seja reposto no seu habitat original ou possa ter outro destino. Mas porque é que uma árvore verdadeira é mais benéfica do que uma artificial, que podemos usar vezes sem conta? Bem, quando a árvore artificial começar a ficar velha, vai ter de se livrar dela e a verdade é que o plástico demora anos a decompor-se. Já os pinheiros naturais, vendidos em estabelecimentos comerciais ou lojas especializadas, são criados em viveiros, não afectando o ambiente. Mais: os que vêm da gestão florestal, como os da Tapada Nacional de Mafra, são cortados (nos anos em que assim é decidido) para prevenir fogos florestais. Continua com dúvidas? Pense no cheirinho a pinhal e resina. Não há melhor forma de despertar o espírito natalício. Recomendado: Presentes, decoração, eventos e muito mais. Tudo o que precisa para um feliz Natal em Lisboa

Concertos de Natal em igrejas (e não só) a não perder em Lisboa

Concertos de Natal em igrejas (e não só) a não perder em Lisboa

Há muita música de Natal para lá da que se ouve na rádio (sim, Mariah, a quadra não é só "All I Want for Christmas is You"). A programação de Natal em Lisboa em 2023 promove géneros para diferentes gostos, dentro de igrejas e outros espaços da cidade. Da Igreja de São Domingos à Aula Magna, do Panteão Nacional ao Centro Cultural de Belém, passando, claro, pelas ruas da cidade, há muito para ouvir e celebrar. Abra a agenda e aponte já estes concertos de Natal em Lisboa. Recomendado: As coisas mais natalícias para fazer em Lisboa; Os melhores mercados de Natal em Lisboa

Listings and reviews (23)

Roof

Roof

Em Roof, vamos a Chelas, mas também às traseiras do Palácio de Belém. Descobrimos as casas de quem ficou sem casa, entre 2013 e 2023, primeiro abalados pela crise financeira e pelo desemprego, depois pelos salários baixos, pela especulação imobiliária e pelo aumento das taxas de juro. A exposição leva-nos pelas divisões e corredores de um edifício abandonado no coração de Alfama, para mostrar que a habitação é um direito consagrado na Constituição da República Portuguesa, mas ainda por garantir em 2024.

Visita às Galerias Romanas

Visita às Galerias Romanas

Descoberta no subsolo da Baixa de Lisboa em 1771, as galerias são uma "solução arquitectónica que criava uma plataforma horizontal de suporte à construção de edifícios de grande dimensão, normalmente públicos", explica o Museu de Lisboa. Antes de cada visita, é necessário retirar a água que normalmente ultrapassa a altura de um metro, o que fazia desta estrutura a cisterna de água da população lisboeta em séculos passados.

FAM Mini Fest

FAM Mini Fest

Um mini-festival, qual one-night-stand, que acontece à última sexta-feira de cada mês no Hub Criativo do Beato. O FAM Mini Fest decorre em Março, Abril e Maio e oferece boa produção local, nas áreas do cinema, das artes visuais e da música. Com exposições, exibição de curtas-metragens independentes, concertos e DJ, também faz a festa com projectos locais de comida e bebida.

Festa de Aniversário da SMUP

Festa de Aniversário da SMUP

The 125th anniversary celebration of the Sociedade Musical União Paredense (SMUP) is made with students, workers, and friends. A discussion, theater, video installation, the philharmonic band, and dancing by Duo Infinito ensure culture and festivities. But there's also a barbecue and a vegan stall so that no one goes hungry.

Festa de Aniversário da SMUP

Festa de Aniversário da SMUP

A festa dos 125 anos de vida da Sociedade Musical União Paredense (SMUP) faz-se com alunos, trabalhadores e amigos. Uma tertúlia, teatro, vídeo-instalação, a banda filarmónica e o bailarico pelo Duo Infinito garantem a cultura e a festa. Mas também há churrasco e banca vegana para que ninguém passe fome. 

Processo EX SAAL

Processo EX SAAL

Estreia do documentário de Luís Alves de Matos e Pedro Sousa, sobre as expectativas dos moradores de três bairros construídos no âmbito do Serviço de Ambulatório de Apoio Local (SAAL). Segue-se um debate com a participação dos realizadores e dos críticos convidados, Delfim Sardo e Nuno Grande.

Pentagon

Pentagon

Não é bem um café, um restaurante, uma loja ou gabinete de curiosidades. Pode dizer-se que é um espaço onde uma cortina metálica descaiu só de um lado quando alguém a pendurava e assim ficou até hoje, um ano após o Pentagon ter aberto, porque Mili Ani (natural de Israel e habitante da Penha) gostou do efeito e adora o acaso. Neste espaço exíguo (tem três mesas no interior e uma delas é comunitária), reforça-se a cultura visual (há um kamasutra de sapos na estante), o borek turco convive com onigiri japoneses e com café de especialidade do Brasil. Também se come tahini vindo do Monte Gerizim e quase tudo o resto é feito no local. Vegano e consciente de que cada decisão (até a compra de um tomate) é política, o Pentagon é também um lugar onde se vendem pins e autocolantes de criadores do bairro.

A.P.F. (A Partilhar com a Família)

A.P.F. (A Partilhar com a Família)

O nome diz tudo. Este café é um espaço para estar em família, idealizado por dois franceses que acharam que faltava um lugar assim a Lisboa. Aberto desde 2019, oferece especialidades francesas como os clássicos e quentinhos croissants e pains au chocolat (em vários momentos do dia), e também o brunch (15€). Mas o mais especial deste lugar, para além do menu e da esplanada, é o kids camp, um espaço desenhado para crianças até aos dez anos, que inclui casinha de bonecas, brinquedos e um local para descansar. Funciona tudo sob a supervisão de uma babysitter (5€ por hora) e quase todos os meses há actividades especiais. E se os adultos também querem brincar? Sim, há aqui uma área lounge com jogos para os adultos. Mas também se pode estudar ou ler um livro na sala de refeições ou no terraço.  

SóRio

SóRio

Um parque para todas as idades, entre a paz e o desassossego, dizem os fundadores. Junto ao rio Tejo, natureza não falta, para começar. Mas também há muita aventura, com actividades náuticas à mistura. Há jogos, trampolins, um escorrega snow, quinta pedagógica, escalada, karts, tiro com arco, canoagem e – tcham, tcham, tcham, tcham! – um insuflável aquático. E também há espriguiçadeiras e areia junto ao rio.

Urban Jungle

Urban Jungle

É um atelier de paisagismo sediado em Mafra, que também entregas plantas (envasadas ou não) em casa. "Acreditamos que ao levar a natureza para o interior da sua casa, ou trabalho, aumentará a sua qualidade de vida. É isso que nos motiva a criar ambientes mais confortáveis, saudáveis e produtivos onde viver e trabalhar", afirma a empresa.

News (180)

Esta carrinha de caixa aberta não é uma esplanada. Ou é?

Esta carrinha de caixa aberta não é uma esplanada. Ou é?

Não exactamente por estas palavras, mas com este conteúdo, o alerta chegou na semana passada à Junta de Freguesia de Santo António: "Há uma carrinha de caixa aberta estacionada da Rua Dom Pedro V, junto ao Bairro Alto, que está a funcionar como esplanada improvisada." Alterar a função habitual de um objecto, em primeiro lugar, faz questionar o seu uso: "Não sei se será uma esplanada... É apenas uma carrinha, com dístico da EMEL, no seu lugar de estacionamento", contextualiza Vítor Hipólito, gerente do Tapas Bar 52, em declarações à Time Out. A ideia surgiu meses após o fim das chamadas "esplanadas Covid" na freguesia de Santo António, quando o responsável decidiu instalar um conjunto de puffs e almofadas na caixa aberta de uma carrinha para ali receber clientes. "Não fazemos serviço lá", as pessoas é que levam os próprios consumíveis com elas, esclarece o responsável, acreditando que a acção não ultrapassa os limites da lei. "A nossa interpretação é que elas podem levar as suas próprias bebidas para ali. Não considero que seja ilegal, mas vamos ver", diz por telefone. Arlei LimaRua Dom Pedro V A ideia não será, no entanto, original de Vítor Hipólito. O responsável conta que se inspirou num caso semelhante, avistado em frente a um restaurante perto do Largo do Carmo, e que, não vendo "qualquer ilegalidade" no acto, decidiu replicar. "Temos um carro de comerciante, que usamos para fazer distribuições da garrafeira [Imperial, do mesmo proprietário e na porta ao lado ao Tapas B

Acervo de Otelo chega ao Arquivo Ephemera. “É de uma importância enorme”

Acervo de Otelo chega ao Arquivo Ephemera. “É de uma importância enorme”

Longe de ser uma figura plana, Otelo Saraiva de Carvalho foi o homem no centro da arquitectura de operações do Movimento das Forças Armadas, que derrubaram a ditadura, a 25 de Abril de 1974. Sobre o militar, que morreu em 2021, contam-se também o tempo em que actuou na Guiné-Bissau, durante a Guerra Colonial, a candidatura às presidenciais de 1976 ou a prisão no âmbito do processo das FP-25. Sabendo da importância do que vivia, Otelo guardou com ele durante décadas as cartas, os cadernos de notas, fotografias, panfletos, brochuras, livros políticos, documentos de natureza militar e política, objectos pessoais e outros bens "fundamentais" para detalhar a história do país. São estes os documentos que a família doou agora ao Arquivo Ephemera, noticia a agência Lusa, e "fundamental" é a categoria escolhida pelo seu fundador, José Pacheco Pereira, para falar do que tem em mãos.   O acervo de Otelo Saraiva de Carvalho "é de uma importância enorme", incluindo "imensos manuscritos" do próprio e de outras pessoas, "notas de reuniões", "milhares de cartas enviadas a Otelo", entre outros documentos, conforme explicou Pacheco Pereira à agência noticiosa, dando conta da chegada de documentação suficiente para preencher duas estantes do Ephemera, mas referindo que isto ainda representa uma "pequena parte" do total. No plano da correspondência, por exemplo, há de tudo: "desde cartas de saudações, de parabéns, cunhas, a ameaças, insultos, informações e denúncias". Através da documentação, ta

Metade Vhils, metade Bordalo II: um macaco chegou a Xabregas

Metade Vhils, metade Bordalo II: um macaco chegou a Xabregas

Vhils é um dos nomes mais recentes a juntar-se ao "Bordalo Park", como alguns já o apelidam na sequência de Bordalo II ter chamado ao local o novo playground da cidade. Na semana passada, o artista fez dupla com Bordalo para ali deixar a figura de um macaco, juntando à Estrada de Chelas mais uma peça. A mudança radical da paisagem nesta via de Xabregas começou em Fevereiro, logo a seguir ao Gabinete de Arte Urbana da Câmara Municipal de Lisboa ter sido abordado para autorizar a pintura de algumas fachadas. Depois do "sim", Bordalo II, que transferiu o atelier para esta zona, começou a convidar pessoas da arte urbana e do graffiti para transformar a paisagem neutra da estrada. Francisco Romão PereiraEstrada de Chelas Metade escultura em negativo, metade lixo em relevo, a obra surge na sequência de outras figuras half-half criadas por Bordalo nos últimos anos, em diferentes pontos do planeta, desde a Meia Coruja Meia Esticada de Coimbra ao Half Lion de Las Vegas ou ao vizinho Half Tiger, também na Estrada de Chelas. Já o novo meio macaco (meio homem?) fica em frente ao número 162, para quem quiser ver e indagar. Siga o novo canal da Time Out Lisboa no Whatsapp + Out Jazz corre cinco jardins de Oeiras com concertos gratuitos

Do rato das cerejas às feridas que carregamos, Xabregas tem mais cor

Do rato das cerejas às feridas que carregamos, Xabregas tem mais cor

No Café Tuxa, em Xabregas, a conversa é sobre os "rapazes" que andam lá fora a pintar fachadas. Em paredes que são propriedade da autarquia, um grupo de amigos juntou-se durante o mês de Fevereiro para dar cor à rua, num movimento que coincide com a instalação do artista Bordalo II no seu novo espaço de trabalho, na Estrada de Chelas. À acção deram o nome de Cor de Chelass, tag que tem aparecido nas redes sociais para enquadrar pinturas como o homem de chapéu do ilustrador Jaime Ferraz, o boneco amarelo de kampu5 ou o Cherry Mouse de Bordalo II. Como define o último na sua página de Instagram, a Estrada de Chelas tornou-se, nos últimos dias, "o novo playground da cidade", "longe dos lugares chiques". DRCherry Mouse Ainda antes deste "festival", a Galeria de Arte Urbana, da Câmara Municipal de Lisboa, havia autorizado e impulsionado, em parceria com a Junta de Freguesia da Penha de França, a criação de um grande mural na Rua Gualdim Pais (visível desde a Estrada de Chelas), que começou com uma residência artística nos vizinhos Arroz Estúdios. "Partimos do tema '360 graus de pele', bastante aberto, e virámo-nos para o corpo como um espaço que conta histórias, com todas as suas batalhas internas. Este mural foi uma forma de expressarmos as nossas lutas", conta à Time Out Noah Zagalo, que trabalhou com Micaela Guedes, Bruna Borges e Marina Panerai nesta criação, sob a mentoria da artista Tamara Alves e o apoio do Queer Art Lab, colectivo que impulsiona a criação e intervenção d

Oficina do Cego deixou de estar às escuras. Nova casa abre este mês na Estrada de Chelas

Oficina do Cego deixou de estar às escuras. Nova casa abre este mês na Estrada de Chelas

Era um armazém bastante deteriorado, vazio e sem acção numa cidade sedenta de espaços dispostos a receber criadores e criações. Do outro lado, era uma associação sem fins lucrativos, que começou nas casas dos seus inventores (apaixonados por artes gráficas), passou para um espaço partilhado na zona de Santa Apolónia (o Atelier Concorde), migrou para a rua onde se fez adulta (Sabino de Sousa, na Penha de França), de onde foi obrigada a sair, e esteve até ao final do ano passado num “espaço com poucas condições”, no Quartel do Largo do Cabeço da Bola (que todos os colectivos foram obrigados a abandonar). Cansados de ler? Pois bem. Esta é a vida da Oficina do Cego e de muitos outros colectivos sem fins lucrativos que tentam permanecer em Lisboa. Só que a história da Oficina tem um “final” feliz e, entre as 11.00 e as 19.00 de 27 de Abril, dia de inauguração do novo espaço, é isso que se celebra. Além de comida e bebida, há tempo para criar cartazes para o 1.º de Maio, imprimir papel de embrulho em serigrafia e fazer um mural. “Se aparecer, dê-nos uma palavra! Nós damos o papel e a tinta”, diz a associação. “A ideia surgiu da Imprensa Municipal, porque eles estavam à procura de alguém que desse formação nesta área”, introduz Nuno Ramos, da associação, enquanto guia a Time Out pelos mais de 150 metros quadrados da nova oficina (o dobro da dimensão do lugar que ocuparam entre 2013 e 2022 na Penha de França). A “área” são as artes gráficas, o que inclui auto-edição, encadernação e m

Histórico Arraial dos Cravos cancelado 'por falta do habitual apoio da CML', criticam associações

Histórico Arraial dos Cravos cancelado 'por falta do habitual apoio da CML', criticam associações

A indignação acendeu assim que se se soube do cancelamento do habitual arraial de 24 de Abril no Largo do Carmo, em pleno cinquentenário da democracia. A razão? "A falta do habitual apoio da CML" (Câmara Municipal de Lisboa), explica à Time Out Dina Nunes, da organização Abril é Agora, um dos colectivos que tem colaborado na realização do evento que acontece há mais de 20 anos naquele largo histórico da cidade. "Pedimos apoio logístico à Câmara, ou seja, que nos ajudassem, como habitual, a colocar o palco e as tendas, para que os vários colectivos possam expor e vender os materiais. Pelo que sei, a Câmara de Lisboa apoiou desde sempre este evento. Esta será a primeira vez que não o faz. Disseram que, como este ano há muitas comemorações, não tinham meios para nos apoiar", contextualiza Dina Nunes. Contactada pela Time Out, a CML refere que "à data em que este pedido [de apoio] deu entrada [a 9 de Abril de 2024], grande parte dos meios materiais e humanos de que a CML dispõe já se encontravam comprometidos com outros eventos, agendados há vários meses e, também eles, relacionados com as comemorações do 25 de Abril". Assim, "foi comunicado à organização que só se encontravam disponíveis para cedência no dia 24 de Abril um palco e uma tenda". A organização havia ainda pedido apoio na área do som, sendo que, quanto a este aspecto, a CML refere o "pré-aviso de greve dos trabalhadores-electricistas da autarquia" como um impedimento. "Já o apoio ao nível da Higiene Urbana foi assegu

Vem aí a analógica, a feira onde discos, cassetes e outras relíquias não-digitais são reis

Vem aí a analógica, a feira onde discos, cassetes e outras relíquias não-digitais são reis

É a primeira edição da analógica, a feira do disco e mostra de editoras independentes que acontece no Mercado de Arroios assim mesmo, sem maiúsculas. Entre diferentes labels, lojas de música e especialistas de equipamento áudio, todos melómanos, nos dias 3, 4 e 5 de Maio, será possível encontrar vinis, CD, cassetes, equipamento áudio e outros objectos vintage ligados ao universo sonoro. Nesse fim-de-semana, Arroios conta com a contracultura da Thisco, da novíssima Edições da Ruína, da Holuzam (dedicada à electrónica), da Jazz Messengers (o nome diz tudo), da experimental Nariz Entupido, da irreverente Rotten\Fresh, da já adulta Flur e, ainda, da loja A Record a Day, da SPH Tapes e da Glam-o-Rama, "entre outros garimpeiros do disco, numa celebração da música em todas as suas formas e formatos", lê-se no comunicado enviado pela Junta de Freguesia de Arroios, que co-organiza o evento. Será também uma oportunidade para conhecer ou ir à procura de soluções na Vintage Audio Lisboa, uma oficina de restauro de equipamento de som, explorar os instrumentos feitos à mão pela Knob Knobs e os objectos vintage da Retrovisor. Cartazes e DJ  Além de música para levar para casa, a primeira edição da analógica conta com muito espaço para ouvir e dançar, já que, ao longo do evento, haverá DJ sets e actuações de Night Tripper, Wabisabi, Mãe Dela e Nuno Éfe. No Domingo, a partir das 15.00, há ainda tempo para criar, com a ajuda de Marta San, que organiza um workshop de colagem de capas de discos,

“A questão da habitação não é uma crise, é um problema crónico”

“A questão da habitação não é uma crise, é um problema crónico”

“Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.” O artigo 65.º da Constituição da República Portuguesa é o tapete estendido para a nova exposição de Mário Cruz, "Roof", que vai estar até 9 de Junho no Antigo Recolhimento das Merceeiras, um edifício abandonado (cedido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para esta mostra) no coração do turismo, Alfama, rodeado por alojamentos locais e lojas de souvenirs. A exposição não é apenas de fotografia. Há uma experiência que se vive no edifício escolhido a dedo. De cada vez que se vai à janela para mudar o ponto de vista, sai-se das paredes lúgubres habitadas pelo senhor António, ex-combatente na Guerra Colonial que vive com uma reforma de 580 euros nas traseiras do Palácio de Belém, ou da vida de Joana (nome fictício), que todos os dias, depois de trabalhar num restaurante da Expo, torna a uma espécie de gruta onde dorme com a filha pequena; e quando se sai a vista é para o conforto de um hostel, janelas abertas, luz de Lisboa a entrar. Mário CruzSenhor Gomes, morador de uma casa improvisada em Chelas "Lisboa é uma das cidades mais caras para arrendar casa e, ao mesmo tempo, foi considerada um dos melhores destinos turísticos da Europa", lembra o fotógrafo Mário Cruz, que venceu por duas vezes o World Press Photo. É esta a dialéctica que traz para o edifício da Santa Casa, onde chegaram a ser

"É um perigo ser legal", mas a Fábrica do Braço de Prata está disposta a tentar

"É um perigo ser legal", mas a Fábrica do Braço de Prata está disposta a tentar

O edifício é da Câmara Municipal de Lisboa (CML), mas a história da Fábrica do Braço de Prata (FBP), centro cultural onde proliferam o jazz, os livros, as conversas, as festas e a filosofia, vai além da propriedade. Nuno Nabais, o filósofo que engenhou uma fábrica de cultura no lugar onde se produziram munições, instalou-se ao abrigo de um contrato de comodato neste perímetro de Marvila em 2007. E ali ficou, naquele espaço “meio aciganado”, como lhe chamam alguns dos vizinhos (diz Nabais) que apresentam queixas sistemáticas pelo ruído da Fábrica, enquanto o luxo e a moda crescem à volta. Quando a FBP passou para as mãos da autarquia, em 2016, o contrato de comodato caiu, mas o projecto manteve-se. As tentativas de regularizar (leia-se legalizar) a situação foram várias, ao longo dos anos. No entanto, nunca tiveram resultados. Na prática, a Fábrica do Braço de Prata é hoje uma casa ocupada, com condições de segurança dúbias e muitos “fantasmas”, como as dívidas de electricidade, a inexistência de licenças e seguros ou as multas que, somadas, ascendem a dezenas de milhares de euros. Nesta passagem entre os pingos da lei, o histórico e o contributo da FBP são inegáveis para Lisboa. Formaram-se ali músicos, peças de teatro, espaços de liberdade. “Acho que, durante estes anos, todos os podres jogaram a nosso favor”, considera Nuno Nabais, à mesa do restaurante a que chamou Deleuze, o filósofo que defendia a ideia de diferença na repetição. É agora que a Fábrica se legaliza? O actu

Os passeios são para automóveis ou peões? Assembleia Municipal vai pelos primeiros

Os passeios são para automóveis ou peões? Assembleia Municipal vai pelos primeiros

“Os passeios são para a circulação de pessoas e não para estacionamento de viaturas”. Assim se intitula a recomendação assinada pelo Livre e pelo PAN, que foi chumbada esta terça-feira, 16 de Abril, pela Assembleia Municipal de Lisboa. Chumbada com os votos contra de PSD e CDS (e a abstenção do PS), o documento pedia que se recuasse na “decisão de autorização de estacionamento em cima dos passeios de forma imediata na zona do Restelo e demais locais do município até final do presente mandato”. A recomendação veio na sequência da legitimação, através da colocação de sinais de trânsito, do estacionamento automóvel em cima dos passeios das ruas Dom Cristóvão da Gama, Tristão da Cunha e São Francisco Xavier, no Restelo, Belém. O problema de estacionamento na zona é vivido há anos, tal como a acção que vai contra o Código da Estrada (estacionar em cima de passeios é punível com coimas entre 60 e 300 euros), mas as placas que indicam a possibilidade de estacionar duas rodas em cima do passeio chegaram no final de Março a esta zona da cidade.  O Restelo não é, ainda assim, o único bairro onde tal se verifica, daí que a recomendação do PAN e do Livre refira a necessidade de olhar para outras zonas de Lisboa, cuja mobilidade pedonal possa estar a ser posta em causa pelo ganho de espaço do automóvel. Numa nota enviada à agência Lusa, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) refere que a autorização de estacionar automóveis em cima de passeios vigora em artérias como a Rua Dom Carlos de Masca

Escadas da estação Baixa-Chiado voltam a andar em Setembro

Escadas da estação Baixa-Chiado voltam a andar em Setembro

Até 2025, todas as estações do Metropolitano de Lisboa (ML) estarão dotadas de "acessibilidade plena", avança a empresa à Time Out. A intervenção que envolve a renovação ou substituição de escadas, elevadores e outros acessos arrancou no ano passado, implicando um investimento de perto de 14 milhões de euros, e os primeiros resultados estarão à vista em Julho, data em que se prevê que os elevadores das estações da Baixa-Chiado e da Alameda estejam a funcionar a 100%. Sobre a primeira estação, onde se tornou recorrente ver as longas escadas rolantes em direcção ao Chiado avariadas ou "em manutenção", o ML aponta para que os trabalhos estejam concluídos "em Setembro do corrente ano". "Do total de 12 escadas existentes na estação Baixa-Chiado, foram já substituídas quatro escadas mecânicas e modernizadas três. Encontram-se agora em curso a modernização e substituição das últimas cinco escadas dessa estação", pormenoriza a empresa, clarificando que, com esta intervenção de 1 milhão e 500 mil euros, a estação Baixa-Chiado terá todos os lances de escadas renovados". É caso para dizer "finalmente"? Talvez. Recorde-se que, em Outubro de 2022, na sequência de mais uma das constantes operações de reparação das mal-afamadas escadas mecânicas que conduzem ao Largo do Chiado, a empresa referia à agência Lusa que “a solução definitiva” para este entrave à acessibilidade teria de passar, irremediavelmente, pela substituição integral das sete escadas. A empresa previa, ainda, que os trabalh

Arquivo Ephemera vai ter espaço em Arroios. E aceita tudo: de aerogramas a ementas

Arquivo Ephemera vai ter espaço em Arroios. E aceita tudo: de aerogramas a ementas

Há um aviso na página digital do Arquivo Ephemera: "Estão suspensas as recolhas na Livraria Ler Devagar. Muito em breve abrirá um novo espaço para recolhas em Arroios." A data ainda não está fechada (há trâmites por afinar), mas tudo aponta para que o "muito em breve" aconteça em Maio, mês em que o arquivo da Associação Cultural Ephemera deverá marcar passo em Lisboa através da abertura de um novo pólo no Mercado do Forno do Tijolo, em Arroios. A iniciativa resulta de uma parceria com a Junta de Freguesia, com quem o historiador e fundador do projecto, José Pacheco Pereira, organizou também a exposição "Os 10 Dias que Abalaram Portugal", no mesmo mercado e que pode ser visitada até 26 de Maio. "Tudo o que temos fica à disposição dos fregueses de Arroios (...). Isto significa exposições, debates, publicações e um posto de recolha que pode contribuir para preservar muito que, por falta de espaço, conhecimento, recursos e gente, acaba por desaparecer. (...) Temos a certeza de que a nossa colaboração vai ser frutuosa para todos os que aqui vivem, que vão poder aceder a uma memória viva e que, pode não parecer à primeira vista, mas que nos muda", explica José Pacheco Pereira, numa entrevista recentemente publicada na revista da Junta de Freguesia de Arroios.   DRDocumentos censurados, cartazes, livros ou discos fazem parte do Arquivo Ephemera Na mesma entrevista, o investigador volta a apelar à contribuição de todos para o crescimento do Arquivo Ephemera, especificando que tipo