Começou a rabiscar textos impublicáveis em criança, tentou seguir ciências exactas na adolescência, chegou à idade adulta e assumiu que a vida devia passar pelo jornalismo. Escreveu nas áreas da saúde, viagens, sociedade, economia e cultura, cofundou uma revista generalista sobre Lisboa e foi freelance durante oito anos, período em que colaborou com o Público, Expresso, Exame e Jornal de Negócios. Vive desde 2008 em Lisboa, cidade-casa, é da geração à rasca e integra, desde 2023, a equipa da Time Out, onde vasculha as folhas da Grande Alface e escreve os temas que fazem mexer a cidade, da política aos becos favoritos de Pessoa. 

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Rute Barbedo

Rute Barbedo

Jornalista

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Exposições em Lisboa para visitar este fim-de-semana

Exposições em Lisboa para visitar este fim-de-semana

Quando achávamos que este era o último fim-de-semana para visitar as exposições temporárias do MUDE, eis que o Museu do Design anuncia o prolongamento de todas elas. Tem, por isso, mais tempo para espreitar os modelitos de Vivienne Westwood ou para passar revista a 50 anos de moda portuguesa, sem esquecer o incrível acervo do designer gráfico João Machado. Inaugurado em Março deste ano, o MACAM despede-se de uma das suas exposições temporárias. Na Galeria Filomena Soares, há novas peças do escultor português Rui Chafes para ver. Recomendado: As melhores exposições de fotografia para ver em Lisboa
As melhores coisas grátis para fazer em Lisboa esta semana

As melhores coisas grátis para fazer em Lisboa esta semana

Esta semana ouve-se poesia (e bateria) no Café Dias, o Imago Lisboa Photo Festival inaugura duas exposições, há curtas-metragens para ver na Cossoul e três dias de "Arte pela Palestina" na Casa do Comum. Na música e na arte sonora, podemos contar com os Sons de Outono, na Margem Sul, e o Lisboa Soa, em espaços que um dia foram marginais e que encontram agora novos ecos. No ecrã, entram as experiências amadoras e familiares de quem registou a vida em Lisboa (da fotografia ao Super 8), recolhidas e trabalhadas pelo projecto Traça, que comemora dez anos; mas também João Onofre prossegue com a sua arte em suporte de vídeo no Pavilhão Julião Sarmento. Propomos uma santa pausa pela hora do almoço, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição Velha, bem como um salto ao Palácio Nacional de Mafra, para ouvir o seu semanal concerto de carrilhão. Recomendado: As melhores coisas para fazer em Lisboa em Outubro
As melhores exposições de fotografia para ver em Lisboa

As melhores exposições de fotografia para ver em Lisboa

Na rentrée cultural, uma exposição nunca vem só, e a fotografia não é excepção. A Mostra de Fotografia e Autores - MFA não nos deixa esquecer que é preciso mexer, trazendo à tona imagens de Eduardo Gageiro, a "festa brava" de Pedro Rocha ou o acervo do primeiro hospital psiquiátrico a funcionar no país, o Miguel Bombarda, levando-nos ainda a explorar locais como o Pavilhão de Segurança da antiga instituição ou os Pavilhões da Mitra, em Marvila. Já em "Saison Floue - Temporada Turva" (na Narrativa), vamos à França rural, onde nos confrontamos com os "bandos à parte" do trabalho sazonal e as suas vidas em caravanas, ao relento e em casas ocupadas. Até ao final do ano, marca o calendário Imago Lisboa Photo Festival, sob o mote “Quebrar o Silêncio – Caminhar Juntos” e com dez exposições que colocam o dedo nas feridas da xenofobia e do racismo. Nas Carpintarias São Lázaro, a fotografia perde a matéria e fixa-se na sua grande matéria-prima – a luz –, ocupando o espaço com projecções (e outros meios) de imagens de nove artistas, em "Imagens intangíveis". Tempo ainda para conhecer o trabalho de mulheres pioneiras da fotografia no Museu do Chiado e para ver (se ainda não o fez) "Casar", exposição que reúne centenas de fotografias de casamentos seleccionadas a partir do arquivo Ephemera, tal como a revigorante "Venham Mais Cinco - O Olhar Estrangeiro sobre a Revolução Portuguesa", prolongada até Novembro, em Almada. Recomendado: 🖼️ Os melhores museus em Lisboa
Oito aldeias que resistem dentro da cidade

Oito aldeias que resistem dentro da cidade

Este artigo foi originalmente publicado na revista Time Out Lisboa, edição 673 — Primavera 2025 Em Carnide, Benfica, na Ameixoeira ou no Lumiar, nos Olivais, na Ajuda e nas Laranjeiras, dando ainda um salto a Odivelas, encontrámos oito aldeias dentro da cidade. São pequenas bolsas de resistência a um modo de vida acelerado e ruidoso, das grandes superfícies e dos semáforos. Povoaram-nas, há décadas, homens e mulheres do êxodo rural, vindos do Alentejo, de Trás-os-Montes, do Minho, trabalhando em quintas e fábricas. Foram eles que, mais tarde, aqui montaram mercearias, padarias, restaurantes e oficinas onde os urbanos, essa espécie em expansão, vão agora experimentar o vagar, depois de uma curta viagem de metro. As grávidas daqui, que fique escrito, não terão de dar à luz em ambulâncias. O porco também não se mata nestas coordenadas. Mas há missas, funerais e bailaricos. E a vida é boa para quem está de visita. Ora vejam. Recomendado: As melhores tascas de Lisboa
Os melhores parques de campismo para dormir sob as estrelas

Os melhores parques de campismo para dormir sob as estrelas

Acampar pode ter diferentes motivações. Desde o ser humano farto da vida urbana que quer escapar aos ruídos mais maquinais e tecnológicos, até à pessoa cansada da posição "cadeira-de-escritório" que quer esticar tendões e músculos 20 horas ao dia. A verdade é que passar férias num parque de campismo já não é só o que era. Dos aburguesados glampings aos parques com o condão da vida natural, as opções são várias, de Trás-os-Montes ao Algarve, passando pelos Açores. Nestes parques, há ecoturismo, fornos a lenha, mas também ginásios e tubos para dormir junto à vidraça, sem nunca esquecer as estrelas. O difícil pode ser escolher. Desligue-se do mundo em alguns dos melhores parques de campismo em Portugal. Recomendado: Os melhores sítios para ver as estrelas em Lisboa
Guia para não pagar entrada nos museus em Lisboa

Guia para não pagar entrada nos museus em Lisboa

Conhecimento é dinheiro, máxima que se aplica à cultura, que por sua vez faz gerar mais conhecimento e, portanto... é fazer as contas. Fazendo-as, damos a conhecer (lá está!) dez sugestões para alimentar o vício da arte sem gastar dinheiro. Ao todo, são nove museus com dias, horas e circunstâncias específicas de entrada livre, aos quais se acrescentam oito, de gestão nacional, que pode visitar gratuitamente em qualquer data, ao abrigo do programa que oferece 52 dias anuais de entradas sem pagar. Seja ao domingo ou na última quinta-feira do mês, na lista figuram algumas das melhores colecções do país, que podem ir da azulejaria à videoarte. Só tem de estar atento, apontar na agenda e encontrar o tempo certo. Recomendado: Exposições em Lisboa para visitar este fim-de-semana
O melhor da Penha de França

O melhor da Penha de França

É uma das grandes áreas residenciais da cidade e uma das mais procuradas pelas camadas jovens. Um dos motivos está no preço médio por metro quadrado da freguesia, claro, facto que também terá atraído ao território pequenos negócios, ateliers de artistas e projectos experimentais nos últimos anos. A história, porém, não saiu daqui, pelo que esta é uma espécie de visita guiada que inclui um cemitério e um antigo convento, que passa pelo miradouro, almoça numa neotasca e janta num italiano, passando ainda pelo clube recreativo e por pequenas salas de concertos. Saiba o que fazer na Penha de França. Recomendado: O melhor de Campo de Ourique
Lojas históricas em Lisboa: velhas e boas

Lojas históricas em Lisboa: velhas e boas

Que as paredes contam histórias suspeita-se ainda antes de existir o fado. Mas também há que ouvi-las das bocas dos ourives, pasteleiros, funcionários de cafés, lojas de ferragens, tecidos, cerâmica e outros quejandos. Na volta aos espaços centenários que marcam a identidade lisboeta, passa-se ainda por marinheiros, reis, bandidos, poetas e revolucionários. E dos relatos chegam receitas milenares, artes rigorosas e até cheiros vindos do outro lado do planeta. Corremos a cidade e atravessámos séculos, para fazer um roteiro de 48 grandes lojas que continuam a servir bem e à antiga, porque o que é clássico é bom. A viagem começa em 1741 com a Fábrica Sant’Anna e termina no espaço histórico do Armazém das Malhas, aberto desde 1962. Recomendado: As novas lojas em Lisboa que tem mesmo de conhecer
10 cidades que transformaram património industrial em centros culturais

10 cidades que transformaram património industrial em centros culturais

Sobre o local onde se produziram e armazenaram bens alimentares para as Forças Armadas e de segurança, a Manutenção Militar Norte, no Beato, está em discussão a criação de um grande pólo cultural, artístico e comunitário. A ideia seria ali formar várias casas: a da fotografia, da ilustração, do som, do teatro e da dança, da música, das artes plásticas, do vinho, entre outras. E há uma petição a circular para que aqueles 15 edifícios não sejam entregues ao abandono ou à especulação. No novo Bairro do Grilo, pede-se, caberiam respostas à crise da habitação, mas também à falta de equipamentos "sociais, culturais e estudantis da cidade e do país". Impossível? Nem por isso, se olharmos para o que tem acontecido, nas últimas décadas, em cidades como Berlim, Madrid, Paris ou Viena, onde estruturas fabris em desuso tornaram-se pesos pesados da cultura, e da vida.
Saiba quais são as melhores coisas radicais para fazer em Lisboa

Saiba quais são as melhores coisas radicais para fazer em Lisboa

Isto não é sobre desportos, mas sobre atitude. Por isso, avisamos desde já que, se não tem queda para quedas, ou para o imprevisto, é melhor parar já de ler. Entre atirar machados a uma parede a ir para o quarto escuro de uma discoteca, saltar de asa-delta ou num túnel de vento, a adrenalina pode variar, mas existe sempre. Não tem medo e gosta de se pôr à prova? Veio ao sítio certo. Destemidos da cidade: eis as coisas mais radicais para fazer em Lisboa e arredores – e riscar da lista. Recomendado: Sítios onde um adulto pode ser criança em Lisboa
Os 20 melhores sítios para estudar em Lisboa

Os 20 melhores sítios para estudar em Lisboa

Precisa de redobrar a atenção, silêncio, conforto, luz e de ver pessoas bem comportadas à sua volta? Há disso em Lisboa. Ou prefere trocar o ambiente de biblioteca pelo burburinho de fundo, o som da máquina do café e o vaivém de outras gentes? Também há disso em Lisboa. Pusemo-nos no lugar de um estudante e partimos à descoberta dos melhores sítios para queimar pestanas na cidade. Do café simpático com bolos à biblioteca de um palácio, eis 20 sítios para estudar em Lisboa. Prepare-se para ser o melhor do curso. Recomendado: Dos códices e incunábulos ao Harry Potter: uma viagem pelas bibliotecas em Lisboa
Campanhas solidárias a não perder neste Natal

Campanhas solidárias a não perder neste Natal

Qual é o desejo para este Natal? Para uma criança na Ucrânia ou num hospital português, talvez seja apenas ter acesso a cuidados que a façam um pouco mais feliz. Para um animal que não tem casa, talvez seja encontrar um padrinho. Se o Natal é tempo de dar e receber, a fórmula não se circunscreve à família e amigos mais chegados. Nesta lista de campanhas solidárias, que vão desde a doação de brinquedos até ao apoio a associações locais ou organizações internacionais, há várias acções que podem fazer a diferença no Natal de quem dá e de quem recebe. Recomendado: O melhor do Natal em Lisboa  

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Open Day ADAO

Open Day ADAO

"Mais uma vez a ADAO vai abrir as suas portas para contar uma história. Um dia sempre especial em que se desvendam e acolhem novos sonhos, visões, caminhos, ilusões e coisas tão sérias como os reencontros. Vindos de todo o lado, em todas as direções e sentidos, sem tempo, nem idade, nem muros daqueles que às vezes se erguem à volta das pessoas. O Open Day reforça o compromisso da ADAO em promover a cultura e a arte", escreve a organização sobre uma das festas do ano num dos melhores espaços culturais do Barreiro.
Invisible Borders

Invisible Borders

"As fronteiras mais difíceis de atravessar não estão inscritas em qualquer mapa. (...) Estão nos olhares, na burocracia, nos arquivos." É assim que Rui Prata, fundador do Imago Lisboa Photo Festival e curador da exposição "Invisible Borders", apresenta os trabalhos de Alina Zaharia, Gloria Oyarzabal, Grace Ribeiro, Patrik Rastenberger, Omar Victor Diop e Wendel A. White, como "alerta entre a subtileza e a brutalidade do racismo". "Estas obras não denunciam apenas as formas explícitas e veladas de exclusão racial, mas propõem também modos de resistência, reparação e reimaginação." A exposição está durante o mês na Sociedade Nacional de Belas Artes e a entrada é livre.
O Bairro

O Bairro

Situada ao longo da antiga Estrada Militar, essa espécie de fronteira simbólica entre o centro e a periferia de Lisboa, mais precisamente o concelho da Amadora, emerge, na Reboleira, "um território que espelha as contradições urbanas do século XX português". Crescida nas décadas de 1960 e 1970, "esta zona testemunha a construção de um urbanismo de urgência, nascido à margem do plano, fora da lei e da cartografia oficial". Nesta exposição, no espaço da Procur.arte, na Penha de França, Augusto Brázio faz-nos olhar para essas contradições e no microcosmos que ali se foi erguendo e resistindo.
Passos em Volta

Passos em Volta

A visita vale logo pelo espaço, o Pavilhão de Segurança (Panóptico), fechado ao público (a possibilidade de visita é contida desde 2011, ano do fecho do primeiro hospital psiquiátrico do país, o Miguel Bombarda). Foi este lugar especial, com o céu como tecto, o escolhido para "começar a matar saudades de Eduardo Gageiro", como diz a associação CC11, organizadora da exposição. Em "Passos em Volta", cerca de 70 fotografias do espólio da Câmara de Torres Vedras mostram uma "vertente menos evidente da obra de Gageiro", fotógrafo do 25 de Abril (e não só), que nos deixou em Junho de 2025. As imagens foram escolhidas por Valter Vinagre, abrindo leituras sociais, políticas e culturais, que marcaram o tempo em que foram realizadas. As visitas são gratuitas mas estão sujeitas a inscrição em www.cc11.eu e www.largoresidencias.com.
Brava

Brava

O tema está longe de ser atingir consensos, mas o registo de Pedro Rocha parece não atravessar ideologias. Em "Brava", o fotógrafo premiado na Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira em 2024 mostra "a festa brava para além da arena". Para muitas zonas do país, a tauromaquia faz parte da identidade cultural, movimenta massas e une pessoas. É isso que aqui se mostra no que antecede e ultrapassa cada corrida.
O que elas viram, o que nós vemos. Fotógrafas amadoras em Portugal, 1860–1920

O que elas viram, o que nós vemos. Fotógrafas amadoras em Portugal, 1860–1920

Se as mulheres participaram numa das mais importantes revoluções tecnológicas da história? Sim, mas como muitas outras vezes, não o soubemos. Esta exposição resulta de um trabalho de investigação e apresenta, pela primeira vez, a obra de três fotógrafas amadoras portuguesas com trabalho relevante e pioneiro do qual pouco ouvimos falar. São elas: Margarida Relvas e Mariana Relvas — a filha e a segunda mulher, respectivamente, do reconhecido fotógrafo Carlos Relvas —, e Maria da Conceição de Lemos de Magalhães. Depois de passar pelo Museu do Porto – Casa Marta Ortigão Sampaio, a exposição chega ao Museu do Chiado com "uma amplitude maior", conforme adiantou à agência Lusa Emília Tavares, curadora da iniciativa juntamente Susana Lourenço Marques.
Imagens intangíveis

Imagens intangíveis

Se a fotografia é desenho com luz, isto é fotografia. Nesta exposição com a curadoria de Filippo De Tomasi, Isabel Stein e Maura Grimaldi, nove artistas mostram o seu trabalho lidando com a projecção luminosa fixa fotográfica, desde diapositivos até lanternas ópticas. Das imagens de Carla Cabanas, Henrique Pavão, Hugo de Almeida Pinho, Mariana Caló & Francisco Queimadela, Maura Grimaldi, Noé Sendas, Nuno Vicente e Tânia Dinis, confrontamo-nos com diferentes aparatos, mas também com conceitos como "memória, arquivo, fabulação, performatividade e obsolescência dos dispositivos". 
Summertime Sadness

Summertime Sadness

Este ciclo de curtas-metragens antecipa a 6.ª edição do Festival Triste para Sempre, debruçando-se sobre os desamores e as desventuras do Verão. Em oito filmes nacionais e internacionais, seleccionados do repertório das cinco edições anteriores do festival, vamos das férias em família às paixões efémeras e aos amores não correspondidos, propondo um olhar sensível e intimista sobre experiências comuns da estação.
Atelier Mood’Art

Atelier Mood’Art

O lugar é um atelier luminoso, numa esquina da praça principal do centro histórico de Carnide, onde se restauram móveis desde 2019, como negócio e em modo workshop. “Acho que cada vez mais pessoas estão despertas para preservar peças com história e para a questão do desperdício. Comecei com seis alunos, agora são 34”, conta a fundadora, Cátia Rodrigues. À volta, há relógios de pé, cadeiras, baús e cavalinhos de baloiço, naquilo que já foi uma serralharia e uma loja de decoração. 
Solar da Gula

Solar da Gula

No antigo Palmeira, um clássico deste pedaço antigo dos Olivais, três sócios abriram o Solar da Gula, em 2023. Neste restaurante de cozinha tradicional portuguesa, serve-se polvo à lagareiro (17€), bochechas de porco com migas de farinheira (14,50€) ou, ao fim-de-semana, o bacalhau assado no forno (47,50€ para duas ou três pessoas), e o cabrito com arroz de miúdos ao domingo (50€, também até três pessoas). Podia chegar, mas as entradas chamam, vindas em tachinhos de ferro preto até à mesa. É o caso dos camarões com alho e malagueta e da linguiça com cogumelos e queijo da Ilha. As sobremesas variam e são mostradas de bandeja, com destaque para a sericaia e o pudim.
Ajax de Odivelas

Ajax de Odivelas

É uma espécie de clube de aldeia escondido entre ramadas e banquinhos de pedra e azulejo. Estamos na urbe? Sim, ou mais ou menos. No Ajax de Odivelas AKA Clube Recreativo do Espírito Santo de Odivelas, servem-se moelas e bifanas, minis e amendoins. Há dias de festa para celebrar a sopa da pedra, concertos da banda do vice-presidente, noites de fado e bailaricos. No Santo António, avisa a direcção, esta rua estreita nas traseiras do mosteiro transforma-se no "Bairro Alto de Odivelas". 
A Alfaiataria

A Alfaiataria

Nesta antiga alfaiataria, Cátia Rodrigues (que orienta oficinas de restauro uns metros ao lado, na Mood'Art) criou esta loja de objectos em segunda, terceira e outras mãos, mas com vida nova. Nas vitrines e no interior há bens para venda mas também de estimação, como a máquina de costura que foi usada pelo Sr. Fernando na altura em que fazia fatos para os mais distintos senhores do bairro. No mesmo espaço há um banco egípcio para andar de camelo ou uma bancada de ourives restaurada, com quase 300 anos.

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Projecto solidário, escola e café. Lisboa vai ter o seu ‘Ellen's Stardust’ com bolos

Projecto solidário, escola e café. Lisboa vai ter o seu ‘Ellen's Stardust’ com bolos

Em frente ao Teatro Maria Vitória, no Parque Mayer, vai abrir o Café dos Artistas, um projecto que visa “unir inclusão social, formação profissional e cultura, através da criação de uma pastelaria-escola destinada a proporcionar emprego e qualificação a pessoas em situação de vulnerabilidade”, comunicou a Junta de Freguesia de Santo António, que promove a iniciativa juntamente com a Associação Amigos do Parque Mayer e que a viu viabilizada em assembleia, no final de Setembro. Do ponto de vista do visitante, o diferenciador é que os funcionários irão interpretar clássicos do teatro musical, enquanto não estiverem a tirar cafés. Deverão, assim, ser todos “aspirantes a actores e cantores” para que “possam interpretar grandes sucessos nacionais e internacionais”. “Desta forma, os jovens artistas terão oportunidade de trabalhar, ganhar um ordenado e financiar os seus estudos, enquanto desenvolvem o seu talento”, explica a Junta, fazendo referência à sua fonte de inspiração: o conhecido restaurante Stardust Diner, de Nova Iorque (na foto). Além de oferecer formação em pastelaria tradicional, atendimento ao público e gestão do negócio, o projecto vai garantir apoio psicológico e capacitação profissional. Em paralelo, haverá uma bolsa de apoio social e cultural (também os clientes podem contribuir para esta bolsa), com vista a apoiar os trabalhadores em situações vulneráveis a custear “despesas de renda e outras necessidades essenciais, aulas de dança, canto ou representação”. Os luc
Colectividades denunciam “perseguição” e apresentam propostas para continuar na cidade

Colectividades denunciam “perseguição” e apresentam propostas para continuar na cidade

O despejo, esta semana, da associação Zona Franca dos Anjos, ao fim de 12 anos de actividade, foi o gatilho para a apresentação de um caderno reivindicativo por parte de um conjunto de colectividades a operar em Lisboa.  Além de denunciar "a destruição do tecido associativo da cidade", o documento apresenta propostas para "garantir a sobrevivência dos espaços comunitários, culturais e associativos", em Lisboa, que têm vindo a desaparecer de forma progressiva ao longo dos últimos anos. Das exigências "para que a cidade continue viva" fazem parte a instituição de uma "moratória imediata ao despejo de todas as colectividades", "a cedência de património público para associações", preservar a utilização colectiva de espaços que anteriormente tenham sido associações ou colectividades e o fim do que consideram ser uma "perseguição administrativa e policial". "O poder público deve intervir para impedir qualquer despejo unilateral das colectividades e associações", defendem, lembrando que a Câmara Municipal está apta a exercer o direito de preferência na compra de espaços "contra entidades especuladoras". Na mesma linha, pedem "a criação de um inventário público, geo-referenciado e permanentemente actualizado, que identifique o estado, a afectação e a calendarização de utilização de todos os imóveis devolutos", de forma a agilizar a sua cedência pelo Estado ou autarquia, com vista a fomentar e proteger o colectivismo. Criticam, ainda, o facto de conhecerem, da parte das autoridades,
Enquanto a cidade muda, não é preciso olharmos todos para o mesmo. Eis um livro para pensar Lisboa

Enquanto a cidade muda, não é preciso olharmos todos para o mesmo. Eis um livro para pensar Lisboa

Feira do Relógio, Bairro das Colónias, apartamentos partilhados e manifestações, a noite, a juventude, a construção civil e a praia, a festa, o fundo dos poços, o que ficou do Casal Ventoso e a tenda de circo do Senhor Roubado. Tantas cidades dentro, e é isso que Lisboa Mesma Outra Cidade (Ghost Editions) volta a mostrar, no seu segundo volume. O livro ensaístico, composto por sete trabalhos de fotografia e três textos de intimidade com a cidade, é apresentado no sábado, dia 11 de Outubro — véspera de eleições autárquicas — às 17.00, no Museu de Lisboa – Palácio Pimenta. Presentes estarão quem fotografou e escreveu, os editores e os responsáveis artísticos do projecto, e também, espera-se, um despertar do "debate político e cívico", a partir desta urgência em olhar para as transformações e vácuos da cidade e do exercício de registar o tempo rápido que não se repete. Depois de, em 2023, a editora Ghost ter lançado o primeiro volume desta Lisboa Mesma Outra Cidade, Catarina Botelho e David-Alexandre Guéniot sentiram a necessidade de voltar a criar um espaço para que se representasse o lugar de uma forma plural, recorrendo agora aos olhares de Tiago Amorim, Fábio Cunha, Laura Palma, Cristiana Ortiga, Olívia Borges, Cristiana Morais e Diogo Simões e aos textos de Tatiana Salem Levy, Gisela Casimiro e Golgona Anghel. Abriu-se assim uma espécie de balão de oxigénio, "folheável", em que, com tempo, deixamos de ver uma profusão de restaurantes de ramen, lojas de bugigangas, grupos d
Barreiro: ADAO abre portas para 13 horas de música, performance, exposições e “reencontros”

Barreiro: ADAO abre portas para 13 horas de música, performance, exposições e “reencontros”

São pouco mais de cinco minutos a pé desde a estação de barcos do Barreiro até ao antigo quartel dos bombeiros. Lá dentro, a ADAO – Associação Desenvolvimento das Artes e Ofícios, faz o seu também open day anual, parte integrante da filosofia de uma porta aberta para todos, literal e não só. Este sábado, dia 11 de Outubro, a festa começa às 16.00 e prolonga-se até às cinco da manhã (pelo menos no "papel"). Do programa fazem parte 30 projectos musicais e da área da performance e as obras de mais de 50 artistas visuais. Na música, pode-se contar com Escárnio, Objecto Quase, Moho, Baixaria, DJ Paisagem, Turbo Jóia, A Canalha, Tónica Raver ou Piriquitos Muitos, entre outros. Já no painel de performances e artes visuais entram nomes como Patrícia Alves, Oro Y Silver, Rafael Gonçalves, João Mendes, Iolanda Rolo, Kenya ou Bloomaya. DROpen Day, 2024 "Mais uma vez a ADAO vai abrir as suas portas para contar uma história. Um dia sempre especial em que se desvendam e acolhem novos sonhos, visões, caminhos, ilusões e coisas tão sérias como os reencontros. Vindos de todo o lado, em todas as direções e sentidos, sem tempo, nem idade, nem muros daqueles que às vezes se erguem à volta das pessoas. O Open Day reforça o compromisso da ADAO em promover a cultura e a arte, criando um espaço de encontro e partilha entre artistas e a comunidade que nos acolhe", escreve a organização nas redes sociais.  DROpen Day, 2024 No dia seguinte, domingo, as portas voltam a abrir, às 16.30, mas para a te
Quem são e o que querem os candidatos à presidência das maiores freguesias de Lisboa?

Quem são e o que querem os candidatos à presidência das maiores freguesias de Lisboa?

Lumiar  Ricardo Mexia (Por Ti, Lisboa – PSD) Carlos Moedas volta a apostar em Ricardo Mexia para o Lumiar. Epidemiologista e professor, vive na freguesia que liderou nos últimos quatro anos. “Apesar de tudo o que já fizemos, sei que ainda não estamos bem em várias áreas”, admite, num comunicado aos fregueses. Já vitórias, apresenta duas: “Comprometemo-nos a reverter as decisões de construção do Parque de Rebocados da EMEL e da Sala de Consumo Assistido e cumprimos”, pode ler-se na página da Junta de Freguesia. “A sala de consumo assistido não será construída e no lugar do parque de rebocados irão nascer equipamentos para as pessoas, escolhidos também pelas próprias através de um processo de consulta pública.” Para o futuro, Mexia promete uma freguesia em que as decisões partem de processos participativos e uma melhoria da limpeza do espaço urbano, área em que a freguesia diz ter reforçado recursos, mas sobre a qual assenta grande parte das queixas dos residentes. Das medidas mais recentes destaca-se esta, divulgada em Outubro pelo Correio da Manhã, dando conta de que o presidente terá tornado o estacionamento exclusivo a residentes numa rua próxima do Estádio José Alvalade com base em queixas que não existiam. "Essa exclusividade foi solicitada, segundo a Emel, pelo próprio autarca, supostamente devido à dificuldade de estacionamento em dias de jogos do Sporting Clube de Portugal. Contudo, a exclusividade a residentes só é válida nos dias úteis, quando a maioria dos jogos dec
Ouviu bem: Lisboa vai receber o seu primeiro Mercado Surdo

Ouviu bem: Lisboa vai receber o seu primeiro Mercado Surdo

Acontece no próximo sábado, 11 de Outubro, o primeiro Mercado Surdo do país, onde empreendedores, artesãos, artistas e outros profissionais surdos terão oportunidade de mostrar as suas criações junto do público.  Entre as 10.00 e as 20.00, na sede da Associação Portuguesa de Surdos, entre Telheiras e o Lumiar, haverá bancas com "marcas, produtos, projectos e serviços criados por uma comunidade que, apesar das barreiras de comunicação, se distingue pela sua criatividade, talento e resiliência", sublinha a organização. DRPanamás de capulana de Sheila Vanessa Entre os criadores, estão confirmadas as presenças de profissionais nas áreas da joalharia, vestuário (de t-shirts a biquínis), artesanato (de sabonetes a decoração), doçaria, pintura, reiki, nails art, tatuagens, têxtil, acessórios (como malas em pele) e objectos de design. Rua Professor Orlando Ribeiro, 5B (Lumiar). 11 Out (Sáb), 10.00-20.00. Entrada livre  Este é o nosso Império Romano: siga-nos no TikTok 📻 Antigamente é que era bom? Siga-nos no Facebook
O paraíso, bem longe do rock. A música de dança e as raves dos 90s chegam ao cinema

O paraíso, bem longe do rock. A música de dança e as raves dos 90s chegam ao cinema

"Uma desgraça", "um suicídio", "um paraíso". Tudo se ouve para falar da emergência da música de dança, electrónica, em Portugal, dos clubes às raves. Na era em que dominavam a pop e o rock, os Spectrum (década de 1980) vieram agitar a possibilidade de produção doméstica e um nicho de músicos viu uma brecha, de inspiração britânica, pronta a abrir em casas como o Alcântara-Mar, o Kremlin (Lisboa) ou o Vaticano (Barcelos), a partir das quatro da manhã. Quando a coisa pegou, saíram das salas e fizeram festas em castelos, conventos, barracões, no Rivoli. Uma explosão. É mais ou menos isso que contam, com pormenores, os 38 entrevistados (de DJ a bailarinos) do documentário realizado por Daniel Mota, Paraíso, que estreia esta quinta-feira, 9 de Outubro. Nele, figuras centrais como DJ Vibe, Miss Sheila ou Carlos Manaça – bem como fotografias e vídeos inéditos que ganhavam mofo em sótãos e armários de vários pontos do país –, contam que libertação era aquela, na forma de dançar e de estar. "É um filme que até pode ser visto de pé", conta Daniel Mota à Time Out, partilhando que muitos dos que já o viram (passou no IndieLisboa, numa versão mais curta, e na discoteca Lux, numa espécie de noite de homenagem à rave) confessam sair dos 82 minutos de imagem com batida por trás com vontade de "ir para uma festa".  DR'Paraíso' "A construção musical foi muito pensada. São sobretudo remixes das músicas que na altura estavam fortes, tendo em conta que há alguém a falar por cima [durante as ent
Associação Zona Franca dos Anjos foi despejada e procura apoio legal e moral

Associação Zona Franca dos Anjos foi despejada e procura apoio legal e moral

"Hoje chegámos à vossa Zona Franca e a senhoria, acompanhada de agente de execução, mudou a fechadura do espaço. Temos 15 dias para tirar tudo de lá de dentro." A mensagem foi divulgada esta terça-feira, nas redes sociais da associação, fazendo antever tempos conturbados para a continuidade da sua acção comunitária. "Quando apenas estava uma pessoa nas instalações da Zona Franca dos Anjos, a tratar da preparação do habitual almoço da cantina social de terça-feira, bateu à porta a senhoria", relatou o jornal Público. Exactamente há um ano, a 7 de Outubro, a associação comunicava nas redes sociais que o seu contrato de arrendamento chegava ao fim, mas que faria todos os esforços para continuar com o projecto. "Precisamos de todas e todos para pensar soluções, alternativas e lutar pelo que construímos ao longo de todos estes anos. É fundamental garantir que este projecto de solidariedade e cultura pode continuar", escreveram. De acordo com a agência Lusa, o colectivo tentou negociar o contrato, estando disposto a pagar uma renda de mil euros (o valor actual é de 763 euros) e fazer obras de melhoria no espaço, que está "bastante degradado", nas palavras da presidente da associação, Patrícia Azevedo. Mas a senhoria (filha da anterior) "não se mostrou interessada", avançou a mesma responsável. DRZona Franca dos Anjos Ao Público, a senhoria garante ter informado com quase um ano de antecedência os inquilinos sobre a decisão de não renovação do contrato. “Comuniquei a uma das pesso
Inscrições esgotaram em minutos, mas há sempre lugar para a festa. Vem aí “a Rampa”

Inscrições esgotaram em minutos, mas há sempre lugar para a festa. Vem aí “a Rampa”

Mais do que uma competição desportiva, a Subida da Rampa do Vale de Santo António tornou-se um encontro comunitário, de bairro e além dele, e uma festa popular. Este ano, já com novo executivo no poder local e expectativas sobre o que dali virá, não será diferente. A corrida de bicicleta mais famosa de Lisboa regressa a 19 de Outubro, na freguesia de São Vicente. "Também as varandas vão voltar a abrilhantar a rua", pode ler-se no site da prova. "No advento da 16.ª Rampa do Vale de Santo António, confirmamos o inamovível lugar conquistado pela prova nos corações de toda a gente. A magnitude quase sísmica que ela passou a ter tomou de assalto uma Lisboa muito açoitada pela voracidade do lucro, uma cidade cujos bairros e comunidades têm vindo a estar em erosão acelerada. Os lisboetas – massa de mil caras e origens – passaram a ter na Rampa uma âncora resistente, mais do que de ciclismo, de desporto popular", escrevem os organizadores, O Mirantense FC e O Relâmpago, que relançaram a corrida em 2021, depois de longos anos de dormência. O início da Rampa está marcado para as 10.00 e vai contar, ao longo da prova com 160 ciclistas distribuídos por cinco categorias, que irão percorrer 450 metros de "empedrado antigo e sinuoso". "A primeira parte da prova é a mais íngreme com uma rampa que atinge cerca de 16%." A seguir à corrida, sobressaem o momento do hino, cantado por Oriano, "concertos, DJ e comes & bebes pela tarde fora". DR via Rampa do ValeSubida da Rampa do Vale de Sa
Obras na Ponte 25 de Abril vão condicionar trânsito durante a noite até Novembro

Obras na Ponte 25 de Abril vão condicionar trânsito durante a noite até Novembro

A partir desta quinta-feira, 9 de Outubro, e durante quase um mês, o trânsito rodoviário estará condicionado na Ponte 25 de Abril devido a obras de pavimentação (no âmbito da manutenção de rotina) no tabuleiro, anunciou a empresa Lusoponte. Haverá restrições até 5 de Novembro, nos dias úteis, entre as 21.00 e as 06.00. A empresa que gere a ponte aconselha, assim, a utilização alternativa da ponte Vasco da Gama – também sob sua concessão –, que liga Lisboa a Alcochete. 🪖 Este é o nosso Império Romano: siga-nos no TikTok 📻 Antigamente é que era bom? Siga-nos no Facebook
O cool não veio sozinho para os Anjos. Trouxe preços altos e noites sem dormir

O cool não veio sozinho para os Anjos. Trouxe preços altos e noites sem dormir

Se não foi o primeiro, esteve perto. Até à abertura do Brick, nos Anjos serviam-se pouco mais do que torradas, galões, gastronomia tradicional e copo de vinho a um euro. Há cerca de cinco anos, na esquina da Rua de Moçambique, Bairro das Novas Nações (antigo Bairro das Colónias), as pessoas chegavam a esperar na fila mais de uma hora pelo brunch. “Havia se calhar uns cinco ou seis sítios com brunch na cidade. Nos Anjos, seguramente, nenhum”, recorda Nuno Pereira, proprietário, que pegou no negócio começado por um inglês um ano antes (depois de ali ter funcionado a churrasqueira O Tijolo), no tempo em que ainda se compravam T2 na zona por 100 mil euros. Hoje, excluindo caves e fogos remediados, encontrar uma casa perto dos 300 mil euros não é o pior dos cenários.  Nuno cresceu no Alto de São João e era aos Anjos que, na altura, se ia ao café, à noite, com os amigos. “Havia uma conotação negativa em relação a toda esta zona”, até ao Intendente, ponto proibido de passagem para muitos, por associação ao tráfico de droga e à prostituição. Com a transferência do gabinete de António Costa, em 2011, então presidente da Câmara de Lisboa, para a Avenida Almirante Reis, começou a mudança. Nos Anjos também.   Duarte DragoBrick, Anjos Que o Intendente se esvaziou, entretanto, de comércio, vida nocturna, cultural e local, já sabemos (a Casa Independente, uma das últimas sobreviventes, acaba de confirmar o fecho para o final de 2026). Mais acima, nos Anjos, diminuiu a “má fama”. O bairro
Ao fim de 145 anos, a casa de tecidos Tavares & Tavares põe fim à sua história

Ao fim de 145 anos, a casa de tecidos Tavares & Tavares põe fim à sua história

Não está relacionado com contratos de arrendamento ou interesses do sector imobiliário. Depois de 145 anos de actividade, a casa Tavares & Tavares, na Rua dos Fanqueiros, vai fechar portas a 8 de Outubro, por ser "um negócio muito específico, para o qual não há formação na área" e os funcionários actuais terem chegado "a uma certa idade". "O mesmo se passa comigo, tenho 73 anos", conta à Time Out João Barradas, proprietário da loja nos últimos cerca de 20 anos. "Não é bom nem é mau, é a vida", remata, partilhando que, ainda assim, conseguiu cumprir a promessa que fizera no início deste século: "Aguentar-me até que as pessoas que trabalhavam ali se reformassem." A falta de interesse nas gerações mais novas em seguir uma vida profissional ligada ao comércio não é exclusiva da Tavares, que chegou a ter 20 funcionários. "Agora as pessoas querem tirar uma formação superior e trabalhar noutras áreas. É assim", constata o proprietário. Por outro lado, identifica uma tendência para cidades como Lisboa: "Os grandes manterem-se e os pequenos desaparecerem. Nestes próximos tempos, vamos notar muito isso em relação às pequenas e médias empresas, sobretudo no comércio, para as quais há cada vez menos espaço em Portugal", vaticina. Quanto ao futuro da Baixa, João Barradas acredita que será entregue "à restauração, hotelaria, tuk-tuks e lojas de souvenirs".  Rita ChantreTavares & Tavares Questionado sobre um eventual desuso do segmento dos tecidos, João Barradas responde que a loja nunca