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A versão em imagem real e digital da animação de 1989 da Disney é mais um desastre para o estúdio, após o retumbante fracasso da animação Estranho Mundo. Além de deturpar a história de Hans Christian Andersen, aqui transposta para um ambiente de utopia tropical e multicultural que abrange as próprias criaturas marinhas (o que, paradoxalmente, anula o tema da diferença radical entre humanos e povo marinho que está na base da narrativa original), e de fazer da protagonista uma sereia negra, o filme de Rob Marshall é, visual e formalmente, um pavor. A combinação de texturas das imagens reais e digitais nunca é conseguida (ver a tosca, baça e confusa sequência da batalha com a Bruxa do Mar), a personagem de Ariel (Halle Bailey) tem, quando está na água, o aspecto de uma figura sintética de jogo de vídeo, os três comparsas animais da sereia parecem brinquedos de plástico comprados numa loja chinesa e animados em stop motion, e as canções novas (de Alan Menken, compositor, com o falecido Howard Ashman, das do filme de 1989, e do sobrevalorizadíssimo Lin-Manuel Miranda), além de coladas desajeitadamente na acção, desvanecem-se poucos minutos depois de ouvidas. E onde é que foram desencantar aquele canastrãozinho chamado Jonah Hauer-King para interpretar o príncipe Eric? E porque é que um filme destes dura mais de duas horas? O lento naufrágio da Disney continua com A Pequena Sereia.