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O novo filme de Wes Anderson passa-se em meados dos anos 50, numa cidadezinha fictícia no meio do deserto americano. Uma convenção de jovens génios que junta estudantes sobredotados e os seus pais, para uma competição de invenções que tem como prémio uma avultada quantia e é patrocinada pelo exército e por uma fundação privada, é perturbada pelo aparecimento de um alienígena. Mas trata-se, no entanto, da visualização de uma peça de teatro cujo autor e movimentações de bastidores se vão manifestando ao longo da acção principal. Em Asteroid City, Anderson leva aos limites a lógica maniacamente decorativa e geométrica, auto-indulgente e auto-referencial de Crónicas de França do Liberty, Kansas Evening Sun. A fita é um enorme, arrumadíssimo e pormenorizadíssimo diorama vivo, povoado por personagens de cartão interpretadas por um elenco de eleição (Tom Hanks, Scarlett Johansson, Tilda Swinton, Edward Norton, etc.), cuja característica comum é a excentricidade, que funciona como um “pastiche” do ambiente social, político e cultural dos EUA dos anos 50, e da mentalidade dessa época, repleto de objectos, detalhes de americana, e de piadas feitas à custa destas. É um filme todo ele conceito e estilo, sem qualquer conteúdo, seja emocional, seja intelectual, seja apenas de mero entretenimento, seco, átono e totalmente hirto. Asteroid City existe entre duas enormes e irónicas aspas, revelando um Wes Anderson que se deixou aprisionar no mundo construído pelas suas idiossincrasias, fixações, códigos e tiques formais e estéticos.