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Babylon

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Babylon
Photograph: Paramount PicturesBabylon
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A Time Out diz

O filme de Damien Chazelle é de um reducionismo primário e historicamente falso na sua representação dos “anos loucos” da indústria cinematográfica.

Passado entre 1926 e 1932, abrangendo o final do mudo e o advento do sonoro, o novo filme de Damien Chazelle apresenta-se, em simultâneo, como uma sátira dramática e uma celebração dos “anos loucos” de Hollywood e do pioneirismo do cinema americano. Só que Babylon é, por um lado, de um reducionismo primário e historicamente falso na sua representação da indústria cinematográfica da altura (orgias demenciais à noite e filmagens a mata-cavalos de dia), ignorando qualquer envolvência comercial, política ou social (não há qualquer menção ao funcionamento interno dos estúdios ou à Grande Depressão, por exemplo). Pelo outro, é dominado pelo estereótipo da histeria desbragada em todos os aspectos. O que Chazelle recria não é a Hollywood daquela era, mas sim uma Hollywood revisitada pelos clichés boçais e excessivos do cinema nosso tempo, como se estivéssemos numa comédia de Adam Sandler transposta para as décadas de 20 e 30, e que atinge até as personagens (ver a insofrível Nellie de Margot Robbie). As referências a Serenata à Chuva são uma ofensa à memória da era de ouro do musical de Hollywood e a invocação final do lugar-comum da “magia do cinema” é cínica e postiça. No papel de uma grande e afável estrela do mudo que é posta de parte com o sonoro, o pobre Brad Pitt anda por ali perdido, entre elefantes a defecar em jorro, starlets a urinar sobre produtores gordos, paradas de aberrações plebiscitadas por gangsters histriónicos e cenas de vómito projectado que fariam corar o Sr. Creosote dos Monty Python. Até na duração Damien Chazelle é descontrolado: Babylon prolonga-se mais de três horas. Este é um daqueles filmes capaz de dar cabo de uma carreira (e é um grande fracasso de bilheteira nos EUA).

Escrito por
Eurico de Barros
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