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Primeiro de uma nova série de filmes sobre brinquedos famosos da Mattel, que os quer relançar e voltar a rentabilizar para uma nova geração de consumidores, Barbie, de Greta Gerwig (também autora do argumento, com o seu companheiro e realizador Noah Baumbach), é parte comédia pós-contemporânea com grandes aspas de ironia que se atreve mesmo a mordiscar a mão que a financiou; parte descaradíssima operação de marketing em redor da boneca mais famosa do planeta e suas várias declinações; e parte lenga-lenga feminista demagógica que procura pôr em causa e analisar o fenómeno Barbie. O que o transforma num estranho híbrido de comédia kitsch deliberada, espaventosa promoção comercial e desconstrução à moda do catecismo ideológico vigente. Barbie podia ter sido um filme muito mais descontraído, divertido e sofisticadamente superficial – como se prova pelos primeiros 20 minutos –, mas a passagem para o Mundo Real, e para o discurso “relevante”, é-lhe fatal. Margot Robbie (também uma das produtoras) é Barbie e Ryan Gosling personifica Ken, e pode-se dizer que interpretam, literalmente, para o boneco.