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Correio de Droga

  • Filmes
  • 5/5 estrelas
  • Recomendado
Photo: Claire Folger
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A Time Out diz

5/5 estrelas

“Foste o amor da minha vida, foste a dor da minha vida”, diz, numa das cenas cruciais de Correio de Droga, a personagem de Dianne Wiest à de Clint Eastwood. Ela
 é a ex-mulher dele e está no leito de morte, ele está à sua beira, roído de culpa por ter alienado a família (excepção feita à neta) por causa do seu amor às flores, da dedicação ao negócio de horticultura, do gosto pelas exposições e da vaidade dos prémios.

Ele é Earl Stone, que aos 90 anos, e por causa da internet, perdeu estufa e casa para o banco, já muito depois de ter perdido a companhia,
 o respeito e o amor da mulher, da filha, do genro. Por isso, para conseguir redimir-se, nem que seja à última da hora, ele, veterano da Guerra da Coreia, cidadão exemplar de cadastro limpíssimo e condutor de longa data sem uma só multa, aceitou ser correio de droga para um cartel de narcotraficantes do México na sua carrinha. Com o dinheiro (fácil, abundante, embriagador) que recebe da sua actividade criminosa, Earl procura fazer o bem. Compensar a dor que causou à família, e mesmo ajudar a reconstruir a sede local dos veteranos de guerra. Até perceber a enormidade daquilo em que ele, homem de princípios e cidadão modelar, se meteu, e ter um rebate de consciência. Que lhe pode sair muito caro, considerando quem o emprega.

Baseado numa figura real que deu uma grande reportagem no The New York Times, Correio de Droga é, tal como quase todos os filmes que Clint Eastwood tem realizado e interpretado desde os anos 90 (ver caixa), mais uma meditação sobre a velhice, com a experiência que traz, mas também as humilhações, execrações (Earl odeia a internet e mexe mal em telemóveis) e erros de juízo, bem como um filme sobre a importância da redenção, mesmo que tardia. Este volta a ser um filme profundamente moral, embora nunca moralista. (E cheio de bons papéis secundários: Wiest, Bradley Cooper, Andy Garcia, Laurence Fishburne).

Eastwood realiza com uma fluidez, uma eloquência e um sentido prático da narrativa absolutamente clássicos, sem o menor supérfluo, de escrita, visual ou dramático. E interpreta Earl tirando o máximo partido significativo de cada ruga da sua cara, e da sua voz de gravilha, para transmitir afabilidade, indignação ou desprezo. E também o mais fundo e amargo arrependimento.

Por Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Classificação:15
  • Data de estreia:sexta-feira 25 janeiro 2019
  • Duração:116 minutos

Elenco e equipa

  • Realização:Clint Eastwood
  • Argumento:Nick Schenk
  • Elenco:
    • Clint Eastwood
    • Bradley Cooper
    • Laurence Fishburne
    • Dianne Wiest
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