É um dos melhores filmes de entre os muitos, e magníficos,que AkiraKurosawa realizou, e foi feito na ressaca de um período dramático da vida do autor de Os Sete Samurais, quando uma série de reveses profissionais o levaram a tentar suicidar-se.
Rodado na ex-URSS com o apoio da Mosfilm, Dersu Uzala passa-se no início do século XX, no tempo dos czares, no extremo da Rússia asiática, e adapta o livro do capitão de Engenharia Valery Arseniev, sobre a sua amizade com Dersu Uzala, um velho caçador nómada que lhe serviu de guia, e ao seu grupo de soldados, em duas viagens nas quais fizeram o levantamento topográfico daquela remota região, vizinha da China.
É um filme humaníssimo, de uma beleza visual esmagadora e de uma comovente grandeza de sentimentos, que se inscreve na melhor tradição das aventuras na natureza inexplorada; e que contando a história da profunda amizade que une dois homens completamente diferentes, o militar europeu culto e cosmopolita (Yuri Solomin) e o experimentado e generoso caçador nativo (Maxim Munzuk) que vive no mundo natural e do mundo natural, ilustra o encontro entre o grande cinema japonês e o grande cinema soviético.
Uma obra-prima, justíssima vencedora do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Por Eurico de Barros