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Parece continuar a existir a ideia de que uma actriz bonita e cheia de glamour só é levada a sério e consegue ganhar prémios quando interpreta um papel em que tem que estar feia, desfigurada ou quase irreconhecível (resultou para Charlize Theron em Monstro). Nicole Kidman, que também já andou por aqui ao personificar Virginia Woolf com um ridículo nariz postiço em As Horas, volta a insistir em Destroyer: Ajuste de Contas, de Karyn Kusama.
Kidman é Erin Bell, uma detective da polícia de Los Angeles e um caco ambulante, que se põe a investigar um criminoso que regressou do passado para a assombrar. Em flashbacks, vamos vendo quais foram os acontecimentos desse passado que transformaram Erin no destroço de mulher, mãe e polícia que é hoje, e percebendo que capturar esse criminoso significa para ela a última possibilidade de redenção. Arrastado, redundante e encardido, o filme é dominado pelo descarado exibicionismo da devastação física da personagem de Kidman, a tentar pescar uma nomeação ao Óscar de Melhor Actriz que afinal não saiu.
Por Eurico de Barros