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Fechar os Olhos

  • Filmes
  • 3/5 estrelas
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Close Your Eyes
Photograph: Manolo Pavón
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A Time Out diz

3/5 estrelas

O realizador espanhol Victor Erice regressa após uma longa ausência com um filme em que o cinema surge como grande aliado da memória.

Há cerca de 30 anos que o espanhol Victor Erice (O Espírito da Colmeia) não fazia uma longa-metragem de ficção, e Fechar os Olhos é apenas a quarta numa carreira de meio século. Um famoso actor, Julio Arenas, desaparece durante a rodagem de um filme na década de 90. O corpo nunca é encontrado, mas a polícia deduz que ele terá caído de um penhasco para o mar ou cometido suicídio. Anos mais tarde, o mistério do seu desaparecimento volta a ser notícia, devido a um programa de televisão sobre ele, para o qual é convocado Miguel Garay, o realizador do filme, que ficou inacabado, e que nunca mais fez nada no cinema, vivendo precariamente da escrita e de traduções, numa casa motorizada. Fechar os Olhos é um filme de personagens idosas, de coisas antigas ou a cair em desuso (filmes em celulóide, gravadores de cassetes, telemóveis anacrónicos), de vidas falhadas (a de Garay) ou truncadas (Arenas/Garay), que remete para uma cinefilia algo óbvia e estereotipada (ver a sequência em que se canta uma das canções de Rio Bravo) e onde o cinema surge como grande aliado da memória. É bem escrito, bem realizado e bem interpretado, usa bem e justifica as quase três horas de duração, mas há nele uma estranha frieza, um calculismo palpável, sob a espessa capa de melancolia e de nostalgia que o cobre, e deixa-nos algo perplexos sobre as razões que levam a que Victor Erice seja há décadas objecto de uma reverência praticamente acrítica.

Escrito por
Eurico de Barros

Elenco e equipa

  • Realização:Victor Erice
  • Argumento:Victor Erice, Michel Gaztambide
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