Filme, Cinema, Let Them All Talk (2020)
©Peter AndrewsLet Them All Talk de Steven Soderbergh
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Let Them All Talk

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A Time Out diz

Em Let Them All Talk, de Steven Soderbergh, estamos num outro mundo cinematográfico. Com a colaboração da argumentista, a escritora Deborah Eisenberg, Soderbergh concebeu um filme baseado na improvisação, em que foram dadas aos actores sugestões gerais das cenas a interpretar, que eles seguiram e desenvolveram. A fita foi rodada numa semana no paquete Queen Mary 2, durante uma travessia dos EUA para Inglaterra.

Meryl Streep é Alice Hughes, uma romancista prestigiada e convencida que viaja no paquete para ir receber um prémio a Inglaterra, e convida para a acompanharem o sobrinho (Lucas Hedges) e duas grandes amigas de juventude (Candice Bergen e Dianne Wiest). As três mulheres não se vêem há décadas e percebemos que já não têm muito em comum, e o ambiente de desconforto é ainda maior porque Alice está sempre a esquivar-se da companhia das suas duas convidadas.

Let Them All Talk é um filme tão esquivo, enigmático e lacónico como Alice, uma sucessão de pequenos anticlímaxes, frustrando sucessivamente as nossas expectativas de conflito, confronto ou envolvimento romântico. Mesmo quando se dá a revelação final, que faz luz sobre os motivos do convite de Alice ao sobrinho e às amigas, e sobre as suas atitudes a bordo, a fita não consegue sacudir a reticência narrativa e a frouxidão dramatúrgica que o caracteriza.

Tal como as personagens de Bergen e Wiest, também a de Meryl Streep está parcimoniosamente caracterizada. E assim o filme deixa-nos com Streep a procurar dar-lhe alguma substância de composição, alguma margem de credibilidade, alguma justificação de empatia. A aposta de Steven Soderbergh na improvisação acabou por não beneficiar nem o efeito geral desejado para Let Them All Talk, nem o seu trio de distintíssimas actrizes.

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