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A nova realização de Todd Haynes inspira-se no facto real de uma professora na casa dos 30 que, em meados da década de 90, seduziu e teve relações sexuais com um aluno coreano-americano de 12 anos. Foi presa por violação em 1997 e, uma vez libertada, casou-se com o rapaz, de quem teve duas filhas. A relação acabou em divórcio, em 2019. Em May December, Natalie Portman é Elizabeth, uma actriz famosa por uma série de televisão, que vai protagonizar num filme indie a figura de Gracie (Julianne Moore), uma dona de casa casada e com filhos, que 20 anos antes protagonizou um escândalo na cidade de Savannah, onde ainda vive, ao seduzir um rapaz menor, com o qual se casou e formou família após cumprir a pena a que foi condenada. Em vez de dar a May December: Segredos de um Escândalo a forma de um dramalhão, de uma comédia dramática ou de uma sátira à subcultura tablóide, Haynes rodou uma espécie de contra-melodrama em que ilude todas as expectativas do espectador, um filme abundante em dissimulações, encenações e interrogações, e embebido em ambiguidade até à conclusão aberta. O que May December: Segredos de um Escândalo tem de intrigante, esquivo e difuso, tem também de tépido, monocórdico e distante. Ao ponto de a certa altura nos desligarmos da história e desinteressarmos das personagens, e não querermos gastar mais paciência nem tempo com elas.