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Era uma família tão disfuncional como qualquer outra comemorando o aniversário de uma das filhas. Eis senão quando a rapariga vai até à janela, põe uma perna de fora, depois a outra, e, sentada no parapeito, a família por detrás em grande festança, sorri, e atira-se. Escusado será dizer que a vida desta gente nunca mais será a mesma.
E é uma família vulgar, a do patriarca interpretado por Themis Panou, que, estranhamente, depois da morte da filha, se mostra pouco dada a emoções, principalmente quando, acossada pelas autoridades e pela protecção de menores, é posta sob escrutínio neste filme do cineasta grego Alexandros Avranas. Aos poucos, debaixo de uma fotografia dada a um certo sentido onírico, com grande precisão e cuidado plástico, o realizador vai revelando, de maneira algo psicológica, umas vezes, ou à laia de interrogatório policial, outras, os podres familiares através de pequenos acontecimentos, tudo-nadas que provocam reacções desproporcionadas e um desenrolar emocionalmente brutal do entrecho.