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Rui Monteiro

Rui Monteiro

Articles (218)

Páscoa, ou a paixão de Cristo em 11 filmes

Páscoa, ou a paixão de Cristo em 11 filmes

Há muitas maneiras de filmar a Páscoa. A principal, a praticada pela maioria dos cineastas, é seguir o roteiro imposto pelo Novo Testamento e filmar o caminho de Jesus até à cruz – o que muda, aqui, é apenas quando começa a história, se quando o menino nasce, se na sua vida adulta, ou mesmo antes de Cristo. E se a maioria é basicamente conservadora e respeitadora do cânone, também há excepções entre estes onze filmes, que vão de O Rei dos Reis (1927) de Cecil B. DeMille ao mais recente Maria Madalena, realizado por Garth Davis em 2018. Recomendado: Restaurantes em Lisboa para o domingo de Páscoa

Clássicos de cinema para totós

Clássicos de cinema para totós

Farto de não fazer ideia do que falam os cinéfilos à sua volta? Cansado de se perder em referências desconhecidas quando se fala de cinema? A Time Out quer resolver esse problema, no melhor espírito de serviço público, e nas próximas páginas (da internet) vai ler tudo o que precisa de saber. Afinal, estes são os clássicos de sempre. Dos tempos do cinema mudo e de clássicos como Intolerância, de D.W. Griffith, ou Nosferatu, o Vampiro, de F.W. Murnau, entre tantos outros, até ao novo século, nos casos de Mulholland Drive, de David Lynch, ou Haverá Sangue, de Paul Thomas Anderson, por exemplo. Recomendado: 75 filmes clássicos imprescindíveis

A esperança, a hipocrisia e a paródia em 25 canções de Natal

A esperança, a hipocrisia e a paródia em 25 canções de Natal

Há boas canções de Natal? Haver, há, no entanto uma linha muito estreita separa a qualidade da lamechice e o cliché. Há canções que não se podem mesmo evitar. Outras que, quando surgiram, foram uma surpresa. Algumas são porventura uma paródia, uma provocação, vá lá, que é Natal. E as que são capazes de abalar um coração? Dessas, também há umas quantas. A esperança, porém, está presente em quase todas, assim como uma certa e determinada dose de hipocrisia. Afinal é Natal. Eis 25 canções de Natal para ouvir em loop ao longo da quadra. Recomendado: Os melhores mercados de Natal em Lisboa

Onze filmes para quem não gosta do Natal

Onze filmes para quem não gosta do Natal

É alérgico à quadra natalícia? Ou pelo menos é alérgico aos filmes bem-comportadinhos que tomam a televisão de assalto na quadra natalícia? Não se preocupe, estimado leitor, que a Time Out Lisboa tem um bom remédio em forma de lista para si e para os seus. São dez filmes de Natal anti-convencionais, desde o clássico e premiado filme O Apartamento (1960), de Billy Wilder, a esse misto de terror e comédia negra que é Rare Exports, realizado em 2010 pelo finlandês Jalmari Helander, ou o terror puro e duro de Krampus: O Lado Negro do Natal (2015), de Michael Dougherty. Recomendado: Os melhores filmes de Natal para ver em família

Doze filmes de Natal alternativos

Doze filmes de Natal alternativos

Há filmes de Natal, filmes para o Natal, filmes com o Natal por fundo. Nesta altura do ano, os mais populares estão alinhados para as programações televisivas. Mas as alternativas também são muitas. E algumas até acrescentam um bocadinho de consciência, para compensar consumismo e comezaina. Desde esse clássico absoluto que é O Apartamento (1960), de Billy Wilder, ao filme neo-noir natalício Kiss Kiss Bang Bang, escrito e realizado por Shane Black em 2005, e Um Conto de Natal disfuncional de Arnaud Desplechin, estreado em 2008, há óptimos filmes de Natal alternativos. Recomendado: O melhor do Natal em Lisboa

Os dez melhores filmes sobre o 25 de Abril (e a guerra colonial)

Os dez melhores filmes sobre o 25 de Abril (e a guerra colonial)

Os cineastas nacionais não são muito dados a escavar o passado, nem mesmo a desenterrar e autopsiar o salazarismo. Mas as excepções existem, e tanto a revolução como a guerra acabaram por chegar ao grande ecrã, em filmes mais ou menos aproximados da realidade, muito ou pouco romantizados, baseados em livros ou em factos. Seja como for, a revolução dos cravos marcou uma página incontornável da história portuguesa, por isso, e porque também o cinema lhe prestou homenagem, elencamos os melhores filmes sobre o 25 de Abril para que respire a liberdade através da sétima arte. Recomendado: Cantar Abril: uma dúzia de canções revolucionárias

Coelhos sangrentos, ou terror na Páscoa

Coelhos sangrentos, ou terror na Páscoa

Não há Páscoa sem coelhos, sempre queridos e fofos, habitualmente agarrados a ovos de chocolate. Os miúdos adoram-nos e não por acaso multiplicam-se os filmes animados sobre estes animais tão simpáticos. Mas deixamos um aviso. Dois, na verdade. Primeiro, fique já a saber que aqui não encontra nenhum filme desses, depois todos estes filmes são tão incrivelmente maus como bizarramente divertidos. No fundo, são tão maus que são bons. A surpresa é existirem tantos cineastas que escolheram coelhos, ou alguém vestido de coelho para vilão. Eis oito exemplos para ver na Páscoa.  Recomendado: Onze filmes fantásticos e de terror que ganharam Óscares

A Páscoa em dez filmes nada bíblicos

A Páscoa em dez filmes nada bíblicos

Cinema bíblico é o que mais há na televisão (e não só) quando chegam as férias da Páscoa. Porém, nesta altura do ano, também há alguns filmes que estão longe da Bíblia. Não são muitos, mas que os há, há. Alguns aproveitam-se da época e usam as reuniões familiares apenas como um pretexto para contar as suas histórias. Outros fazem correr sangue que não o de Cristo durante esta quadra. E ainda há uns quantos que pura e simplesmente ajavardam a coisa. Para saber como, é ver estes dez filmes pascais pouco ou nada bíblicos. Recomendado: Já sabe o que vai fazer aos miúdos nas férias da Páscoa?

Cinema: sete filmes de animação experimental

Cinema: sete filmes de animação experimental

Os últimos anos de cinema de animação têm sido de aproveitamento comercial de êxitos mais ou menos recentes em sequelas e derivações. Não é um desastre. O cinema é que é um negócio. Ainda assim há esperança, pois no território mais livre das artes visuais a experimentação continua activa e a fantasia não desistiu.

Princesa Diana: vinte anos de mito no cinema

Princesa Diana: vinte anos de mito no cinema

Uns paparazzi como de costume desagradáveis, uma saída pelas traseiras, um condutor com um copo à mais a alta velocidade… E um desastre que chocou meio mundo. Diana morria. Nascia a princesa do povo. O cinema atirou-se a ela em documentários e ficções. Até aqui, porém, não se pode dizer que se tenha saído muito bem.

Sete filmes mais românticos que os filmes românticos

Sete filmes mais românticos que os filmes românticos

Criar uma boa história de amor é uma incógnita. Na vida, que vem sem argumento, é esperar e ver no que dá. Na ficção, por seu lado, é imaginar e fazer. Não é simples, por fina ser a linha entre romantismo e xaropice. Porém há realizadores que conseguem evitar as armadilhas e quebrar o mais empedernido coração – com estilo. E a lista que se segue é prova disso. Estes filmes mais românticos que os filmes românticos contornaram a questão com mestria, ao mesmo tempo que nos deram romances capazes de perdurar no tempo. Recomendado: Os melhores filmes românticos

25 filmes portugueses obrigatórios

25 filmes portugueses obrigatórios

Essa ideia de o cinema português ser uma seca… Enfim, só em parte é verdade. Aliás, existindo desde 1896, com milhares de realizações, alguém se havia de safar. E safou-se. Nas várias fases do cinema português, há filmes e realizadores de se lhes tirar o chapéu, incluindo alguns, até mais do que uma vez, reconhecidos internacionalmente. É natural por isso que, quando se fala nos filmes portugueses obrigatórios, haja nomes de realizadores que se repetem. Porque, como em tudo o resto na vida, alguns cineastas são pura e simplesmente melhores do que outros. Recomendado: Os melhores filmes musicais deste século

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A Violação de Recy Taylor

A Violação de Recy Taylor

Agora, quando o racismo e a discriminação se estão a tornar populares, o documentário de Nancy Buirski vem contar a trabalheira que foi para não se fazer justiça, em 1944, quando a afro-americana Recy Taylor, aos 24 anos, foi violada por seis rapazes brancos no caminho entre a igreja e casa, em Abbeville, no Alabama. A participação foi feita, os rapazes foram presos, mas o caso nunca chegou a julgamento, como recordam os irmãos da vítima, que lembram igualmente que a investigadora da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP na sigla americana) foi Rosa Parks, que, anos depois, teve um papel fundamental no lançamento do movimento dos direitos cívicos. Por Rui Monteiro

Rocketman

Rocketman

2 out of 5 stars

Às tantas diz uma personagem ao protagonista: “Mata a pessoa que és para te tornares na pessoa que queres ser.” E com esta sentença
 está mais ou menos escrita a ambição de Dexter Fletcher:
 não ser um realizador de biografias musicais como os outros e, ao invés do caminho habitual, explorar a importância artística para a música pop da transformação de Reginald Kenneth Dwight em Elton John através da interpretação de Taron Egerton. Pois. De boas intenções está o inferno cheio e o fogo de artifício abunda em Rocketman. O que, bem vistas as coisas, descontada a vulgaridade, quando não o mau gosto generalizado das canções, ainda é o melhor da película. Apesar de procurar a excepção, a espaços avistada em uma
ou outra sequência musical, a realização conformou-
se ao modelo. E pronto, aqui está mais uma história de rapaz desajustado e talentoso, que lutando contra o escárnio e o preconceito se vai chegando ao sonho, conhece o compositor Bernie Taupin (Jamie Bell) e, com altos e baixos, drogas e copos e sexo, a sua carreira, já francamente colorida, torna-se uma exibição de lantejoulas que fazem dos concertos e da vida uma celebração kitsch onde
a música, a bem dizer, é um acessório, pois o que interessa é a celebridade. Por Rui Monteiro

Troll e o Reino de Ervod

Troll e o Reino de Ervod

Nesta animação de Kevin Munroe e Kristian Kamp, Trym, o príncipe troll, tem nada mais nada menos do que três dias para salvar o pai, o rei Grom, que não apenas foi transformado em pedra como a sua cauda foi roubada por uma entidade maléfica habitando a floresta. E lá vai Trym e os companheiros, através do reino de Ervod, vivendo uma perigosa aventura para salvar o pai e restituir o trono ao seu verdadeiro dono. Por Rui Monteiro

Segredos do Passado

Segredos do Passado

O filme negro clássico é a inspiração de Francesco Cinquemani e George Gallo para este filme com John Travolta no papel de Carson Phillips, um antigo astro de futebol americano agora virado para a investigação privada. Aqui, o caso de uma pessoa desaparecida, coisa de rotina, mostra-se afinal como parte de uma teia de crimes, na qual é muito possível estar envolvida a sua filha há muito desaparecida. Por Rui Monteiro

Los Colores de la Montaña

Los Colores de la Montaña

O ciclo dedicado ao cinema da América Latina prossegue na Livraria Ler Devagar. Para esta semana o programador seleccionou mais um filme, parte daquele grupo de “nunca ou raramente vistos” provenientes de cinematografias, digamos, consolidadas, como as da Argentina e do Chile, ou as “emergentes” em países como a Colômbia, o Equador e o Peru. Los Colores de la Montaña, realizado na Colômbia, em 2010, por Carlos César Arbeláez, com Hernán Mauricio Ocampo, Nolberto Sánchez e Genaro Aristizábal, conta a história de Manuel, rapaz de nove anos, que sonha em ser um grande guarda-redes de futebol, nem que para isso tenha de percorrer um campo de minas para resgatar a sua nova e preciosa bola.

Woodstock - 3 Dias de Paz, Música e Amor

Woodstock - 3 Dias de Paz, Música e Amor

Estamos a chegar a Agosto, estamos em 2019, portanto não é nada inesperado que no calendário surja a comemoração dos 50 anos do festival mais famoso de sempre, Woodstock, claro. Para tal, em cópia digital restaurada, será exibida a versão do realizador, Michael Wadleigh, que, ao longo de três horas e meia, além de extraordinárias interpretações de Richie Havens, Joan Baez, Joe Cocker, The Who, Santana, Sly and the Family Stone, ou Jimi Hendrix e mais uma mão-cheia de músicos que fizeram daquela década uma das mais criativas do pop-rock, recorda esses três dias em que numa quinta, em Bethel, a norte de Nova Iorque, 400 mil pessoas tornaram o que devia ser apenas uma sucessão de concertos num “marco na história política, cultural e social dos Estados Unidos.”

Divertida-Mente

Divertida-Mente

A exposição Cérebro – Mais Vasto que o Céu, na Fundação Gulbenkian, também tem o seu programa cinematográfico e dele faz parte, entre outros (como Encontro de Irmãos, de Barry Levinson, ou Uma História de Amor, de Spike Jonze), este delicioso filme de animação sobre as atribulações do cérebro de uma adolescente para garantir à rapariga uma vida feliz, que tem realização de Pete Docter e comentário a cargo de Teresa Garcia Marques.

Alma Clandestina

Alma Clandestina

Maria Auxiliadora Lara Barcelos lutou contra a ditadura militar no Brasil na década de 1960. Foi presa, torturada e, claro, acabou banida do país. Pouco depois, suicidou-se em Berlim. O realizador José Barahona entrega-se neste filme a uma biografia mais dada às emoções, recorrendo a cartas até aqui inéditas, para tentar penetrar nas emoções de uma mulher que, depois da clandestinidade, foi condenada ao exílio. Por Rui Monteiro

Artavazd Pelechian

Artavazd Pelechian

Artavazd Pelechian é um realizador peculiar no contexto do cinema soviético e Início, a curta-metragem que abre esta sessão do novo ciclo da Cinemateca, dirigida em 1967 para comemorar o 50º aniversário da Revolução de Outubro, é uma amostra convincente do seu cinema poético, com a “singularíssima aproximação à ideia de revolução e um portentoso trabalho de montagem.” Além deste filme, a jornada prossegue com Nós (1969, na foto) e As Estações, de 1972, encerrando o visionamento com uma conversa com o cineasta.

Felices 140

Felices 140

É com este filme de 2015, assinado por Gracia Querejeta, que se despede o ciclo dedicado ao trabalho de realizadoras espanholas. Com argumento de Santos Mercero e Gracia Querejeta, e participação de Maribel Verdú, Antonio de la Torre e Eduard Fernández, a película regista a reunião dos amigos e familiares de Elia para comemorarem os seus 40 anos. Até aqui nada de especial, mas quando a anfitriã anuncia que além de fazer 40 anos ganhou 140 milhões de euros no Euromilhões, muitas coisas vão mudar na relação entre as personagens.

Arrivederci Macau

Arrivederci Macau

A melhor maneira de homenagear alguém é mostrar o seu trabalho. E Manuel Graça Dias, que faleceu este ano, era mais do que o arquitecto, o professor, ou o “cidadão interveniente”. Era, principalmente, “um espírito criativo e livre” sempre disponível para novos desafios. Um desses desafios foi o documentário Arrivederci Macau que, em 2012, fez com Rosa Coutinho Cabral sobre o arquitecto Manuel Vicente, com quem trabalhara, em Macau, no início da sua carreira, e que será motivo de conversa, no final da sessão, com os arquitectos Egas José Vieira e Luís Urbano, e a realizadora Rosa Coutinho Cabral.

Juntos para sempre 2

Juntos para sempre 2

O novo filme desta série, assinado por Gail Mancuso, começa onde o primeiro acabou, com o herói canino Bailey (que, como se sabe, tem tendência a ressuscitar) vivendo com Ethan (Dennis Quaid), que foi o seu dono no final da década de 1950, e Hannah (Marg Helgenberger). Agora, algures entre o final dos anos 80 e o início da década seguinte, as suas capacidades sobrenaturais vão ser de grande utilidade. Por Rui Monteiro

News (17)

Está aí a Monstra: um mundo de animação entre o Canadá e Portugal

Está aí a Monstra: um mundo de animação entre o Canadá e Portugal

O Festival de Animação de Lisboa está de regresso entre 20 e 31 de Março. São Jorge, Ideal, City Alvalade, Cinemateca e  Museu Nacional de Etnologia recebem a programação, que foi divulgada nesta terça-feira. O Canadá é o país convidado, mas cabe a Rex, o cão mais mimado pela rainha de Inglaterra, protagonista de Cai na Real, Corgi, iniciar o desfile de heróis e anti-heróis incluído na programação da 18.ª edição da Monstra – Festival de Animação de Lisboa, que decorre entre os dias 20 e 31 de Março, nos cinemas S. Jorge, Ideal e City Alvalade, mas também na Cinemateca e no Museu Nacional de Etnologia. A sessão de abertura, com a antestreia do filme de Ben Stassen (trailer abaixo), marcada para as 19.30 de quarta-feira, dia 20, conta com a presença do realizador, um dos muitos convidados pela organização do festival para falar sobre o seu trabalho durante um certame que, entre competições, retrospectivas, exposições e concertos, centra a sua acção na homenagem ao cinema de animação do Canadá. E, inevitavelmente, à sua figura maior, Normam Mclaren, o escocês imigrado que revolucionou o cinema de animação e abriu caminho a cineastas como Frédéric Back e Caroline Leaf, a quem também são dedicadas retrospectivas autónomas que, com a mostra de películas da produtora National Film Board of Canada (NFB), completam o retrato do cinema de animação naquele país da América do Norte, a sua importância e principalmente a sua influência. Olhando para competição de longas-metragens encontr

Joan Baez: a cantiga (ainda) é uma arma

Joan Baez: a cantiga (ainda) é uma arma

Sessenta anos depois, Joan Baez volta a pegar na guitarra e lança-se numa digressão de despedida que passa por Lisboa. Eis o que se vai ouvir no Coliseu. Era uma vez a música de intervenção. Uma música que falava da vida dos desafortunados e procurava dar-lhes uma voz agindo, quase sempre, mais política que esteticamente. Ainda  existe, mas já não é o que era. A não ser quando cantada por alguns. Joan Baez, por exemplo, que sexta-feira está no Coliseu. Alguém se lembra da canção de protesto? Na América foi a banda sonora juvenil da primeira  metade dos anos de 1960, e não se ficou por aí. Com ela nasceu um tipo de cantor, um intérprete que, geralmente vindo da música  folk, com pouco mais do que uma guitarra, e às vezes só com uma guitarra, procurava acrescentar conteúdo social e, na época em que mais se desenvolveu como género musical, compor não só para os trabalhadores explorados pelo capitalismo mas também participar na luta pelos direitos cívicos dos negros e das mulheres e pelo fim da Guerra do Vietname. Com o tempo os protestantes criaram um cancioneiro que perdurou e ganhou lugar na história da música popular. É uma lista de canções e criadores algo extensa, que, resumindo, começa em Woody Guthrie, prossegue com o seu autoproclamado sucessor, Pete Seeger, encontrando-se nas suas fileiras os notáveis Phil Ochs, The  Weavers, Nina Simone, por um  muito breve momento Bob Dylan, e uma particularmente activa Joan Baez, que tirava considerável tempo a compor e a cantar para

35º Festival Almada: Câmara garante programa

35º Festival Almada: Câmara garante programa

A programação do 35º Festival de Almada, que decorre, como sempre de 4 a 18 de Julho em várias salas de Almada e Lisboa, foi hoje apresentada na Casa da Cerca, em Almada. Apesar da redução do financiamento por parte da DGArtes, a coisa, com o apoio da autarquia, vai avançar. 24 produções, mais 11 concertos e 4 espectáculos de rua.  É graças a um financiamento de emergência da Câmara Municipal que o cumprimento da programação do festival de teatro, que decorre entre 4 e 18 de Julho, em Almada e em Lisboa, foi assegurada, disse Rodrigo Francisco na apresentação do evento. “A Câmara acorre de forma excepcional no apoio ao festival porque consideramos que o Estado central não se pode alhear do maior festival de teatro do país”, acrescentou às palavras do director desta mostra internacional, Inês de Medeiros, presidente do município. Referindo estar já marcada uma reunião com o secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, para tentar ultrapassar um problema que, segundo a autarca disse mais de uma vez desde que foi conhecida a decisão de reduzir o financiamento da Companhia de Teatro de Almada pela Direcção-Geral das Artes, “reside nos critérios e no modelo de financiamento”, Inês de Medeiros acrescentou que “o município quer que o festival continue a ser uma referência e o grande evento mobilizador da cidade e do concelho.” Com apenas 16 por cento de financiamento da DGArtes, num orçamento de 576 mil euros, a 35ª edição do Festival de Almada apresenta 24 produções em 10 sala

Globos de Ouro 2018: e os vencedores são…

Globos de Ouro 2018: e os vencedores são…

Pronto, já está. Com os Globos de Ouro entregues encerra a época de prémios e já toda a gente pode começar a pensar nos do próximo ano. Sem protestos de monta e com muitos agradecimentos à família e aos amigos e aos colegas, aqui estão os vencedores… Música Em uma das categorias mais disputadas em concurso reinou a diversidade e foi sem espanto que Amar pelos Dois, de Luísa Sobral, com interpretação de Salvador Sobral, canção vencedora do Festival Eurovisão em 2017, venceu na categoria Melhor Música.    Quem perdeu na categoria anterior, mas acabou por ser compensada recebendo o título de Melhor Intérprete, foi Raquel Tavares, pela sua prestação no álbum Roberto Carlos por Raquel Tavares.   O último Globo em disputa nesta categoria, Melhor Grupo, para a qual estavam nomeados D.A.M.A, com Lado a Lado, Ermo, por Lo-Fi Moda, mais os veteranos The Gift, o ano passado autores de Altar, acabou por ser entregue aos HMB, alinhando com o álbum Mais.   Cinema Como se esperava, tendo em conta a acumulação de prémios verificada ao longo da época, São Jorge, de Marco Martins foi mais uma vez o vencedor recebendo o Globo de Ouro para Melhor Filme. E não se ficou por aqui, pois, como era também esperado, Nuno Lopes foi o reconhecido como Melhor Actor.   Outro prémio que não espantou ninguém, a bem dizer pelas mesmas razões dos anteriores, foi o de Melhor Actriz de Cinema que Rita Blanco recebeu pela sua interpretação em Fátima, o filme de João Canij

Globos de Ouro 2018 – e os nomeados são…

Globos de Ouro 2018 – e os nomeados são…

A Forma da Água, o novo filme de Guillermo del Toro, e a série Big Little Lies são os mais nomeados. O espectáculo apresentado por Seth Meyers acontecerá a 7 de Janeiro. Quando se olha para os Globos de Ouro como uma antecipação dos Óscares, como toda a gente faz nas categorias de cinema, e perante a lista de nomeados agora anunciada, pode bem começar a apostar-se numa disputa entre A Forma da Água, de Guillermo del Toro, com sete nomeações, e The Post, novo filme de Steven Spielberg, duas nomeações abaixo. Mas há muito mais do que o brilho de Hollywood na cerimónia marcada pela Associação de Imprensa Estrangeira para 7 de Janeiro. Por exemplo: a série Big Little Lies, com seis nomeações tornou-se inesperada favorita nas categorias de televisão. As comemorações dos 75 anos do prémio, tanto como a importância da nomeação e a expectativa sobre os vencedores dos 25 Globos de Ouro nas várias categorias cinematográficas e televisivas, não escondem ser esta a primeira reunião da comunidade cinematográfica norte-americana depois do escândalo iniciado pelas alegações de abuso sexual do produtor Harvey Weinstein, que, entretanto, alastra como um fogo sem controlo. O primeiro efeito é nenhum dos filmes produzidos por Weinstein ter recebido qualquer nomeação. Outro é ver como Ridley Scott substituiu Kevin Spacey, depois de surgirem denúncias de assédio e violação durante a fase final da rodagem e o início da montagem de All the Money in the World, película que, apes

Zé Pedro: o céu ganhou uma estrela de rock

Zé Pedro: o céu ganhou uma estrela de rock

Foram só seis minutos, mas foram seis minutos frenéticos, e fundamentais. Ao princípio foram uma excentricidade, depois um marco para o punk. Todavia, o passar do tempo tornou a primeira actuação dos Xutos & Pontapés, em 1979, nos Alunos de Apolo, ali entre as Amoreiras e Campo de Ourique, o momento simbólico de emancipação da juventude através da música e do despertar de uma cultura que atingiu o seu auge nos criativos anos da década de 80. O mais conhecido e acarinhado dos protagonistas dessa data morreu. “Boa noite, aqui Xutos & Pontapés!” poderá – espero – continuar a ouvir-se no início dos concertos, mas já não é a mesma coisa, pois ninguém esquecerá Zé Pedro. Décadas depois, muita água passada debaixo das pontes, mais do que um músico, morreu um ícone da música popular portuguesa que encontrou no rock simples e agreste e sem temor da intervenção uma forma de vida. A sua forma de vida, como guitarrista irrequieto de uma banda que sobrevive a tudo (e muito foi o que por já passou), deu-lhe a fama. Mas não foi a fama que o tornou um ícone, porque essa condição vem de si, da forma dedicada com que se entregava ao trabalho, que abraçava com alegria, com um contentamento contagiante, capaz de contaminar plateias, aplacar gostos divergentes, e encantar fãs, esses, que tratava como iguais e que com ele, como com nenhum outro astro pop, se sentiam de facto iguais. E nem a medalha com que o Presidente Jorge Sampaio o honrou, ou a doença que há anos o sarrazinava, o tornaram dif

A Gulbenkian e o Cinema Português

A Gulbenkian e o Cinema Português

Com este novo ciclo a Fundação Gulbenkian propõe-se apresentar filmes resultantes dos apoios dados pela instituição à produção e à internacionalização do cinema português contemporâneo. Reservando o sábado para o cinema de ensaio, e dedicando o domingo à ficção. O programa inclui no início do fim-de-semana a exibição as curtas-metragens de Raquel Schefer, Avó (Muidumbe) e Nshajo (O Jogo), e, de Rita Macedo, Não-filme em Três Actos e Um Prelúdio, Implausible Things, e This Particular Nowhere. No último dia prossegue a programação de curtas-metragens, desta vez com as obras de André Marques, Luminita, Yulya e Câmara Nova.  Fundação Gulbenkian. Sáb-Dom 19.00. + O último ano de vida de Prince vai dar um documentário + Veja o trailer de Avengers: Infinity War  

Charles Manson: o assassino mais influente da cultura pop

Charles Manson: o assassino mais influente da cultura pop

Quando queria lidar com assassinos a sério e em série, a cultura pop entretinha-se com Jack, o Estripador. Contudo, a partir do final da década de 1960, surgiu no firmamento dos matadores em massa uma figura tenebrosa e fascinante. O que pregou, o que escreveu, o que fez e o que mandou fazer influenciou a cultura pop como nunca até então acontecera. Charles Manson morreu no domingo, aos 83 anos, no condado de Kern, na Califórnia, onde cumpria pena de prisão perpétua, sem nunca ser esquecido. E vai tornar-se uma celebridade, outra vez. A interpretação do significado das letras das canções é mais ou menos um exercício com o valor científico da leitura das vísceras de um peixe por um druída. Ou, posto de outra maneira, perante uma letra menos óbvia, é cada cabeça sua sentença. Por exemplo, Helter Skelter, de Paul McCartney e John Lennon, foi decerto compreendida de muitas maneiras, mas nenhuma da forma profundamente perturbante como Charles Manson a entendeu. Para ele, aquele tema, incluído em The White Album, era uma referência à guerra racial que estava para vir (supõe-se que a reboque da luta pelos direitos cívicos nos Estados Unidos que dividia profundamente o país), em que os negros subjugariam os brancos, porém, incapazes de se governarem, apelariam à Família Manson, a sua seita, que sobreviria à tal guerra escondida em abrigos no deserto. Um programa completo, portanto. E foi com este programa, à luz desta espécie de filosofia onde misturava a sua origin

João Ricardo: actor para todo o serviço

João Ricardo: actor para todo o serviço

Esteve para ser Hugo Válter em Crise no Parque Eduardo VII, a peça em cena no Teatro da Comuna. A doença já não deixou. João Ricardo morreu, aos 53 anos, depois de muito batalhar contra o cancro que o venceu na quinta-feira, e em Julho o levara a abandonar o elenco da telenovela Espelho d’Água. Foi na televisão que se estreou (na série Caixa Alta, de Tozé Martinho e Manuel Arouca, em 1989) e foi principalmente na televisão que o seu trabalho foi reconhecido e o actor ganhou popularidade. O teatro e o cinema, porém, não lhe foram alheios. O teatro primeiro. Logo no ano seguinte à sua estreia televisiva, Hélder Costa chamou o antigo aluno da escola de palhaços do Chapitô para substituir um actor subitamente impedido de participar na sua adaptação do filme de Ettore Scola, O Baile. Tão bem se saiu João Ricardo que, logo a seguir, o encenador o convidou a participar em Liberdade em Bremen, de Rainer Werner Fassbinder; passando boa parte dos cinco anos seguintes na companhia A Barraca, enquanto prosseguia a sua carreira televisiva, à qual se dedicou em quase exclusividade a partir de 2010, após integrar o elenco de Hannah e Martin, de Kate Fodor, encenação de João Lourenço para o Novo Grupo/ Teatro Aberto. Após a saída da companhia, além de participar em filmes como A Costa dos Murmúrios, de Margarida Cardoso, A Passagem da Noite, de Luís Filipe Rocha, ou, de João Botelho, A Corte do Norte, Filme do Desassossego, e o controverso Corrupção (longa-metragem renegada pelo realizador d

Doutores Palhaços esta quarta no Cinema São Jorge

Doutores Palhaços esta quarta no Cinema São Jorge

Há uns bons 15 anos começou a falar-se neles. Uma reportagem aqui, uma notícia ali, de quando em quando lá se ouvia falar dos Doutores Palhaços, um grupo de voluntários, “especialistas em sorrisos”, que, de hospital em hospital, enfermaria a enfermaria, faz com humor tudo o que pode para aliviar a dor dos outros. Ao fim deste tempo todo só se pode aplaudir a iniciativa de Bernardo Lopes e Helder Faria, os quais, com a colaboração de João Fonseca, escreveram e realizaram o documentário Doutores Palhaços, onde se acompanha estes profissionais. Cinema São Jorge. Qua 21.30.

Festa do Outono: cinema italiano o fim-de-semana inteiro

Festa do Outono: cinema italiano o fim-de-semana inteiro

Este ciclo de antestreias promovido pela Festa do Cinema Italiano, na sequência da XVII Semana da Língua Italiana no Mundo, junta três filmes de produção recente. À frente, ou em primeiro lugar deste trio, encontra-se a película de Pierfrancesco Diliberto, Em Guerra por Amor, uma reflexão sobre o amor, a Sicília e a Máfia. Logo de seguida, quer dizer um dia depois, é a vez de Algo de Novo, onde Cristina Comencini, em jeito de comédia, conta a história de duas amigas muito diferentes uma da outra: Lucia já não quer saber de homens, e Maria que, por sua vez, não consegue viver sem eles. Finalmente, Florença e a Galeria dos Ofícios, de Luca Viotto, leva-nos a um dos museus mais famosos do mundo, em alta definição. El Corte Inglês. Sex, Sáb, Dom 21.30

Tom Petty: morreu o mago do rock melódico

Tom Petty: morreu o mago do rock melódico

Ao morrer, na noite de segunda-feira, Tom Petty, com todo o respeito que pares e críticos e público lhe prestam e prestarão nos próximos dias, deixou um corpo musical que, para uns, é o cancioneiro da América da classe trabalhadora branca; para outros o paradigma do rock melódico e simples que o tornou um favorito da rádio nos anos de 1970 e 1980 (entretanto transferido para as estações dedicadas à nostalgia). Teve êxitos, sim, mas nem vida nem carreira foram auto-estradas.   American Girl      Foi à força de uma combinação de riffs, capazes de recordar os heróis da guitarra da década de 1960, e agudo sentido melódico, às vezes capaz de fazer chorar as pedrinhas da calçada, que Petty, já a caminho dos 30 anos, teve, com Breakdown, a sua primeira abébia. Contudo, foi preciso esperar até 1979 para, com os seus Heartbreakers, conhecer êxito real, traduzido nos milhões de exemplares vendidos pelo álbum Damn the Torpedoes; mais, para iniciar o seu cancioneiro como menestrel da classe trabalhadora branca com Don't Do Me Like That.      Don't Do Me Like That   E foi nessa época, a partir dessa canção modelar, que o compositor, através de temas e melodias de cariz clássico com uma voltinha, entre a decadência punk e o caldeirão criativo da new-wave, garantiu uma espécie de porto seguro para os que não compreendiam, ou mesmo temiam, ou pura e simplesmente recusavam, as transformações estéticas e musicais em curso. E Petty passou a encher estádios reivindicando uma pureza musical,