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Há assaltos que correm mal, e há assaltos que correm mesmo mal. Estes três rebeldes quase sem causa acharam fácil roubar 300 mil dólares a um veterano da Guerra do Golfo. Quando descobriram que era cego, então, pensaram ser canja. Quando perceberam que o cego era também psicopata compreenderam finalmente por que não se deve bater no ceguinho. E no entanto não há qualquer moral no filme de Fede Alvarez, que põe Rocky (Jane Levy), a rapariga que quer sair daquele fim de mundo decadente, Money (Daniel Zovatto) e Alex (Dylan Minnette), que são apenas estereótipos da angústia juvenil, símbolos de maus rapazes desenhados à pressa, de certo modo vítimas das circunstâncias de uma origem pobre em famílias disfuncionais, contra um cego (muito bem interpretado por Stephen Lang) atestado de frustração e raiva, sem nenhuma intenção de reprimir qualquer demónio interior. Antes pelo contrário, libertando-os, todos e ao mesmo tempo, com uma fúria praticamente apocalíptica, literalmente fazendo os assaltantes passar por um pesadelo entre as mais escuras trevas. Escuridão (e efeitos sonoros, já agora) que o realizador uruguaio utiliza como dispositivo narrativo particularmente eficaz na criação de um ambiente de suspense entre a violência descabelada da acção.
Rui Monteiro