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O Plano de Reforma

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O Plano de Reforma
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A Time Out diz

Um filme de acção e um dos seis títulos “alimentares” feitos por Nicolas Cage em 2023. Não é um dos piores, mas também não vai deixar recordações.

Só no ano passado, Nicolas Cage entrou em seis filmes. Ainda vamos apenas em Janeiro do corrente ano, e o actor já tem quatro filmes acrescentados ao currículo, completados, e em pré ou pós-produção. Cage é, neste momento, o actor que filma mais rápido do que a sua sombra, acumulando título atrás de título desde que ficou financeiramente arrombado por ter confiado o seu dinheiro ao fraudulento investidor Bernie Madoff. A maior parte destas fitas é ou péssima ou descartável. De vez em quando, calha uma ser boa (caso de Renfield e, dizem, de O Homem dos Teus Sonhos, ainda não estreada em Portugal). E depois, há as assim-assim. É o caso de O Plano de Reforma, escrito e realizado por Tim Brown.

Cage interpreta Matt Greene, pai de Ashley, que não vê há muitos anos e cuja neta Sarah não conhece. Ashley é casada com um malfeitorzeco, Jimmy, que rouba ao seu patrão, Donnie, uma pen cheia de material sensível. Antes de ser capturada pelos homens daquele, Ashley consegue meter a filha num avião para as Ilhas Caimão, onde o pai vive à beira de uma praia, e enfiar-lhe a pen na mochila. Lá chegada, Sarah conhece o avô e diz-lhe suspeitar que o pai e a mãe estão metidos num sarilho muito grave. Ashley chega então às Caimão, acompanhada por três homens de Donnie, entre os quais Bobo, o seu lugar-tenente, e depois de uma confusão em que Matt (que não é um velho bêbado, mas sim um antigo agente das operações especiais da CIA) mata dois daqueles, Sarah fica refém de Bobo.

O elenco de O Plano de Reforma é melhorzinho do que o dos filmes “alimentares” que Nicolas Cage protagoniza habitualmente. Ron Perlman personifica Bobo, que apesar de ser um assassino a soldo leu muito, cita Charles Dickens e Shakespeare, e estabelece uma relação engraçada com a pequena Sarah, que levou consigo o Otelo para poder estudar para um exame; Jackie Earle Haley interpreta o irascível Donnie, e Ernie Hudson (Os Caça-Fantasmas) também aparece, no papel de Joseph, um ex-colega de Matt, que comprou um barco e se instalou nas Ilhas Caimão para gozar a sua reforma.

Nicolas Cage cabotina menos do que o habitual, e é bastante divertido vê-lo com o ar típico de um beach bum, desmazelado e copofónico (e ainda por cima, idoso) a “despachar”, ao melhor estilo de Rambo, malfeitores a tiro, à facada, com granadas, por estrangulamento ou utilizando o que está mais à mão, como halteres ou mangueiras de incêndio de hotéis. Tim Brown não é lá grande argumentista nem realizador, e há alturas em O Plano de Reforma parece escrito e filmado por um algoritmo de Inteligência Artificial. Vá lá que não tem pretensões a revolucionar o cinema de acção, e dura apenas pouco mais de hora e meia. Aceitam-se apostas sobre se Nicolas Cage conseguirá ou não bater, em 2024, o recorde de seis filmes estabelecido em 2023.

Escrito por
Eurico de Barros
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