Mais um filme onde Quentin Dupieux, o mais “jarryesco” dos realizadores franceses, cultiva o seu apurado sentido do nonsense e da bagunça formal criativa, pondo em cena, no restaurante no meio do nada com o mesmo nome do título, um quarteto de personagens que não se portam como seria de esperar delas num filme. Florence (Léa Seydoux) está perdidinha de amores por David (Louis Garrel), que não a quer ver nem pintada, e quer atirar para os braços do seu amigo Christian (Raphaël Quenard). Inesperadamente, entra na equação Guillaume (Vincent Lindon), o pai de Florence, a quem ela quer apresentar o seu apaixonado. Dupieux dinamita esta historieta pondo os intérpretes a fugirem constantemente do guião e a falarem das suas vidas pessoais, amorosas e profissionais (há ainda um “secundário” tão nervoso que nem sequer consegue servir o vinho à mesa, e membros da equipa técnica que aparecem aqui e ali), e tornando O Segundo Acto numa charge gostosamente sarcástica ao meio do cinema, às vaidades, rivalidades e ridículos dos actores, ao wokismo e ao #MeToo, e ainda à Inteligência Artificial aplicada à produção de filmes, que nos deixa levemente arrepiados. E, mais uma vez, nos 76 minutos que os seus filmes costumam durar. Se não existisse, Quentin Dupieux tinha que ser inventado.

Crítica
O Segundo Acto
A Time Out diz
Elenco e equipa
- Realização:Quentin Dupieux
- Argumento:Quentin Dupieux
- Elenco:
- Vincent Lindon
- Louis Garrel
- Léa Seydoux
- Raphaël Quenard
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