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Crítica

O Tesouro

4/5 estrelas
Uma comédia romena a não perder, realizada por Cornekiu Porumboiu
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A Time Out diz

De vez em quando, aprendem-se coisas curiosas a ver filmes. Em Tesouro,Corneliu Porumboiu, autor de alguns dos melhores filmes do novíssimo cinema romeno, como 12:08 a Este de Bucareste e Quando a Noite Cai em Bucareste ou Metabolismo, conta que durante o regime comunista, muitos compatriotas seus esconderam caixas ou sacos com dinheiro, jóias de família e outros bens preciosos nos quintais e jardins, para evitar serem confiscados pelo Estado ; e que durante muito tempo foi costume, na Roménia, quando se construía uma casa, meter uma moeda de ouro no reboco de uma das paredes, para dar sorte a quem a ia habitar.

É precisamente em busca de uma dessas caixas do tesouro, oculta algures no jardim de uma casa na província, que andam as três personagens principais deste filme. Costi, um modesto funcionário público e pai de família; o seu vizinho sem cheta, que lhe pede dinheiro emprestado para comprar um detector de metais, em troca de sociedade no alegado tesouro enterrado por familiaresseus; e o homem contratado em segredo para manejar o dito detector.

Desta situação anódina, Porumboiu extrai um filme gelado e cinzento, de um humor tão impassível quanto corrosivo, sem a menor sinalética moralista, que é ao mesmo tempo o retrato de uma sociedade romena pós-comunista dominada e conduzida pela obsessão do dinheiro imediato e fácil, e da eterna e intemporal ganância do ser humano. E isto sem incorrer num só lugar-comum narrativo ou edificante. Um tesourinho cinematográfico, sem a menor dúvida.

Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Duração:89 minutos
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