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Planeta dos Macacos: A Guerra

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A Time Out diz

Até no cinema o mundo está de pernas para o ar. Na primeira leva de filmes de O Planeta dos Macacos, bem como no remake de Tim Burton do original, e melhor de todos, O Homem que Veio do Futuro, os macacos (ou boa parte deles, o sector político-militar da sociedade simiesca do futuro pós-apocalipse, digamos) eram os opressores e os humanos os oprimidos.

Na segunda leva, iniciada com Planeta dos Macacos: A Origem (2011), a que se seguiu Planeta dos Macacos: A Revolta (2014), e agora Planeta dos Macacos: A Guerra, a situação inverteu-se e os macacos são os heróis e os humanos os vilões. A situação é levada ao extremo neste terceiro filme, assinado por Matt Reeves (Nome de Código: Cloverfield), também autor do segundo, onde o único humano digno de simpatia é uma menina muda que se torna como que símia honorária. Não admira que a Planeta dos Macacos: A Guerra termine não com o fim da macacada, mas sim com o fim da Humanidade. Vai de certeza tornar-se num filme de culto daqueles defensores à outrance dos direitos dos animais.

Estamos em plena guerra entre os macacos liderados por César (Andy Serkis em mais uma convincente interpretação assente na tecnologia motion capture) e uma hoste militar sob o comando do implacável Coronel (Woody Harrelson num sub-coronel Kurtz, que até anda de cabeça rapada como Marlon Brando em Apocalypse Now, a que 
a fita dedica ainda uma de várias piadas laterais).

Os macacos pretendem migrar para um vale paradisíaco onde poderão viver em paz para sempre, e quanto mais inteligentes
 e verbais ficam, mais os humanos são afectados por um vírus que os deixa sem fala e os animaliza. César quer liderar o seu povo rumo ao Éden, mas antes tem uma missão de vingança para cumprir, depois do Coronel lhe ter morto a mulher e um filho.

Planeta dos Macacos: A Guerra é um filme de ficção científica apocalíptica como os dois anteriores, mas também, com óbvia prosápia cinéfila, um western disfarçado
 (os macacos fazem as vezes de índios e os humanos de cowboys) e um filme de guerra com retroactivos serôdios de má consciência liberal (os militares humanos chamam “kongs” aos macacos, o que pode ser lido não apenas como uma referência a King Kong, como também aos Vietcongs).

Passada em pleno inverno, a fita é muito carregada não só no tom como também visualmente, e mais sisuda que as duas anteriores. Sinal que Matt Reeves está a levar-se muito a sério e a pôr uma mochila de mensagem séria às costas daquilo que é, essencialmente, uma saga de entretenimento industrial.

Reeves podia também ter cultivado a concisão, porque com as suas enfáticas e auto-condescendentes mais de duas horas de duração, Planeta dos Macacos: A Guerra está, em termos de comparação bélica, muito mais próximo da I Guerra Mundial do que da dos Seis Dias.

Por Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Classificação:12A
  • Data de estreia:terça-feira 11 julho 2017
  • Duração:140 minutos

Elenco e equipa

  • Realização:Matt Reeves
  • Argumento:Mark Bomback, Matt Reeves
  • Elenco:
    • Andy Serkis
    • Judy Greer
    • Woody Harrelson
    • Steve Zahn
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