Rebecca

É uma empresa perfeitamente temerária fazer um remake de Rebecca, ou mesmo uma nova adaptação do livro de Daphne Du Maurier, de tal forma o filme que Alfred Hitchcock realizou em 1940 (o seu primeiro rodado nos EUA), e as interpretações de sir Laurence Olivier, Joan Fontaine e Judith Anderson pesam na nossa memória. Mas mesmo que nunca tenhamos visto a Rebecca de Hitchcock, esta adaptação de Ben Wheatley estreada na Netflix não consegue sequer fazer jus àquele clássico romance “gótico”- policial escrito em 1938. É uma espécie de rebuçado fino para os olhos, muito mais um filme de director de fotografia, director artístico e encarregado de guarda-roupa do que de realizador, argumentista e actores, mais Downton Abbey do que Daphne Du Maurier, sem atmosferas, suspense ou pulso dramático. Armie Hammer é um Max de Winter estilo manequim da Rua dos Fanqueiros, Lily James um pãozinho sem sal a fazer a segunda Sra. De Winter, e falta mais ácido de desdém à Sra. Danvers de Kristin Scott Thomas. Este Rebecca é uma coisa mole e baça, um triste equívoco, um filme perfeitamente desastroso.