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Quem se lembra de Trainspotting, lembra-se de um perseguição que ficou para a história das perseguições, de bebés mortos, de mergulhos em sanitas onde o ar há muito se tornou irrespirável e decerto de um grito suspirado em estilo entre o desabafo e o programa para o futuro: Escolhe a vida.
E decerto lembra-se de Renton (Ewan McGregor), Sick Boy (Jonny Lee Miller), Spud (Ewen Bremner), Begbie (Robert Carlyle). São eles, os jovens rufias de então, que agora surgem, anos mais velhos, depois de escolherem, com excepção de Renton (confortavelmente instalado em Amesterdão com o dinheiro roubado, que, com o seu inesperado regresso, espoleta a acção), basicamente a mesma vida, desolados, frustrados, de certo modo espantados pela súbita consciência de que as suas existências estão já no caminho descendente.
A inspiração vem, mais uma vez, de Irvine Welsh, ou melhor, da sua sequela literária, Porno, que coloca estes heróis improváveis uma década depois dos acontecimentos de Trainspotting. Desta vez, porém, Danny Boyle e o argumentista John Hodge tomaram-se de mais liberdades, fazendo desta adaptação uma espécie de oratória sobre a passagem do tempo e os seus efeitos, a qual, infelizmente, facilmente escorrega para o sentimentalismo e demasiadas vezes recorre à autocitação como forma de legitimação de um entrecho um pouco vago e demasiado ancorado no passado. Como do passado vem a estética, então ousada, agora apenas habilidosa.