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Technoboss

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Technoboss (2019)
©DRTechnoboss de João Nicolau
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A Time Out diz

Luís Rovisco é um sexagenário divorciado que vive com o seu gato, não tem muita paciência para aturar o filho e os seus problemas conjugais e é o protagonista de Technoboss, a nova longa-metragem de João Nicolau.

Luís trabalha na empresa SegurVale, especializada em sistemas de segurança. Enquanto a reforma não chega, passa grande parte do tempo de um lado para o outro, a tentar resolver os problemas técnicos dos clientes. E como quem canta seus males espanta, farta-se de cantar, em especial quando vai a conduzir.

Technoboss é uma patusca, excêntrica e precária combinação de comédia existencial de cara fechada e parcimónia verbal, 
ao jeito do cinema de Aki Kaurismaki, e de slapstick de baixa intensidade. E não é um musical, embora a personagem principal cante de vez em quando.

O filme faz-nos seguir as andanças de Luís Rovisco (Miguel Lobo Antunes), traduzidas numa série de episódios anedóticos relacionados com os seus clientes, os seus confrontos com os sistemas de segurança que vai inspeccionar ou tentar consertar, as suas dores pessoais, físicas ou de alma, e as suas tentativas para conquistar a nada amigável recepcionista do hotel em cujas entranhas chega a ficar fechado enquanto repara uma avaria.

Technoboss é um daqueles filmes que se prolonga por mais tempo do que aquele que consegue preencher com o enredo de que dispõe. 
O argumento, escrito pelo realizador e por Mariana Ricardo (também colaboradora habitual de Miguel Gomes), começa a ratear antes de a fita chegar ao fim e perseguir a própria cauda.

A caracterização da personagem de Luís é limitada e as peripécias que vive não chegam, nem são divertidas, extravagantes ou envolventes
o suficiente para preencher quase duas horas. A certa altura, Technoboss passa a fronteira de curioso para enfadonho (a atonia predominante também não ajuda) e deixa de ser capaz de justificar a sua existência e de defender a sua duração. Miguel Lobo Antunes é uma figura pública alheia a estas andanças e a sua presença no papel de Luís Rovisco é uma ilustração dos riscos que um encenador ou, no caso, um realizador, corre, ao pôr um “civil” no lugar de um actor profissional. É mais uma blague do que uma interpretação.

Por Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Duração:112 minutos
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