Marianne Jean-Baptiste in Hard Truths
StudioCanal | Marianne Jean-Baptiste in Hard Truths

Crítica

Verdades Difíceis

4/5 estrelas
Um filme de personagens complexas e “difíceis” como só Mike Leigh consegue construir, encenar e realizar no cinema contemporâneo.
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A Time Out diz

Marianne Jean-Baptiste é a principal intérprete da nova realização do britânico Mike Leigh, no papel de Pansy, uma dona de casa londrina que está muito longe de ser feliz, é atormentada por toda uma série de fobias e de pequenas paranóias, embirra violenta e amargamente com tudo e todos, e tem conflitos constantes com o muito paciente marido, que trabalha como canalizador, e com o filho, que passa o dia a preguiçar e se sente esmagado e tolhido por ela. Já a sua irmã Chantelle (Michele Austin), mãe solteira, é completamente diferente de Pansy em tudo. Leva uma vida estável e organizada, é dona de um próspero cabeleireiro e as filhas têm bons empregos.

Leigh não dirigia Marianne Jean-Baptiste desde Segredos e Mentiras (1996), e tira aqui dela uma interpretação notável de intensidade agressiva e de azedume em jacto contínuo, fazendo dela o oposto polar da sempre alegre e militantemente optimista Poppy de Sally Hawkins em Um Dia de Cada Vez (2008). Onde aquela é solar e o filme exuberante, Pansy é sombria e Verdades Difíceis crispado. Mike Leigh não nos decifra esta intragável personagem – decerto a mais problemática e antipática das várias deste tipo que já filmou, ficcionais ou reais –, embora no final deixe no ar algumas vagas pistas que poderão ajudar; nem nos pede compaixão para ela (temos pena é dos familiares, dos conhecidos e dos estranhos que ela atormenta e destrata ao longo da fita…) ou trata como um estereótipo de melodrama ou tragicómico, abstendo-se ainda de qualquer grande revelação emocional ou catarse libertadora final para Pansy.

Verdades Difíceis é um filme de personagens complexas e “difíceis” como Mike Leigh as sabe conceber, sempre em estreita, longa e elaborada colaboração com os intérpretes, contemplando também aquele naturalismo profunda mas discretamente verosímil em tudo, dos ambientes e diálogos às personagens, e à forma como vivem e se relacionam umas com as outras, que só o realizador de Raparigas de Sucesso, Topsy – Turvy ou Peterloo consegue construir, encenar e filmar no cinema contemporâneo. Este foi também o último trabalho do director de fotografia Dick Pope, que morreu após a sua conclusão.

Elenco e equipa

  • Realização:Mike Leigh
  • Argumento:Mike Leigh
  • Elenco:
    • Sophia Brown
    • Marianne Jean-Baptiste
    • Ashna Rabheru
    • David Webber
    • Tuwaine Barrett
    • Michele Austin
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