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Vermin – A Praga

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Vermin – A Praga
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A Time Out diz

3/5 estrelas

Sébastien Vanicek realiza o primeiro filme de terror francês com aranhas, e sai-se honrosamente.

Foi em 1955 que Jack Arnold, o autor de clássicos do cinema fantástico e de ficção científica como O Monstro da Lagoa Negra e Os Sentenciados, realizou aquele que é um dos melhores filmes de terror com insectos de sempre, e o “pai” das fitas do subgénero envolvendo aracnídeos: Tarântula, a Aranha Gigante. Nele, uma tarântula que está a ser objecto de experiências com hormonas de crescimento num laboratório no deserto do Arizona, cresce até atingir um tamanho descomunal, foge e começa a matar o gado dos habitantes locais e a espalhar o medo na região, obrigando a uma intervenção militar.

Desde aí, e com raras excepções, como é o caso de Aracnofobia, de Frank Marshall (1990), ou de Arac Attack – Tarados de Oito Patas, de Ellory Elkayem (2002), não houve mais spider horror movies dignos de relevo. A oferta ficou-se por títulos das séries B a Z, incluindo neles algumas curiosidades. É caso de O Reino das Tarântulas, de John “Bud” Cardos (1977), com um William Shatner pós-O Caminho das Estrelas e o “fordiano” Woody Strode; do divertido (como em: tão mau que é bom) Arachnid, de Jack Sholder (2001); ou também de Perigo Escondido, de Micah Gallo (2019), onde uma força sobrenatural que vive numa velha casa toma a forma de uma enorme aranha para aterrorizar os novos inquilinos.

Todas estas fitas confiam no medo e na repugnância ancestrais que a humanidade tem em relação às aranhas (e aos insectos de toda a sorte em geral) para assentar e desenvolver os seus efeitos de terror, e agora é de onde menos esperávamos que chega uma nova oferta desta modalidade. Não dos EUA, como habitualmente, mas de França, com Vermin – A Praga, a primeira longa-metragem de Sébastien Vanicek. E o cenário da história é também ele inusitado, um enorme e degradado prédio de habitação social de uma cité dos arredores de Paris, daqueles onde a delinquência e a droga assentaram arraiais.

O jovem Kaleb (Théo Christine), um dos moradores, ganha a vida a vender ténis de proveniência duvidosa e é um apaixonado por animais, sobretudo exóticos, tendo muitos em casa, para desespero da irmã. Numa loja que os vende clandestinamente, Kaleb compra uma aranha que veio do Médio Oriente. Mas quer ele quer o vendedor ignoram que ela é venenosíssima e se reproduz com muita rapidez. E é claro que o bicho foge da caixa de ténis onde ele a guardou no seu quarto, começa a matar de forma fulminante alguns moradores do prédio e a multiplicar-se mais rapidamente do que os coelhos. As aranhas começam também a ser cada vez maiores, transformando-se, por uma qualquer anomalia darwiniana, em primas direitas da Shelob de O Senhor dos Anéis. Milhares e milhares delas.

Se dispensarmos o paralelo – óbvio e simplista – feito por Vermin – A Praga entre a condição dos moradores das cités e as aranhas (a polícia malha que se farta em ambos), ficamos com uma fita de terror aracnídeo que carrega em todos os botões certos do suspense, da repulsa e do medo. E em que Sébastien Vanicek tira muito proveito dos vários espaços muito apertados e escuros do enorme imóvel (que foi rapidamente isolado pelas forças da ordem para nenhuma aranha se escapar) para causar os devidos calafrios de medo, os exigíveis sobressaltos e as necessárias manifestações de repugnância aos espectadores. Bem como um intenso e profundo mal-estar geral aos destemidos aracnofóbicos que se aventurarem a ver esta fita.

Escrito por
Eurico de Barros
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