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Música liberada na orla do Rio. Voltou atrás o Prefeito Eduardo Paes, que na semana passada pegou todo mundo de surpresa ao decidir, na canetada, novas regras para o funcionamento de quiosques, barraqueiros e ambulantes nas praias do Rio, incluindo a proibição de venda de bebidas em garrafas de vidro, a retirada de bandeiras e nomes das barracas, além da proibição de música ao vivo ou amplificada nos quiosques.

Com o recuo - sob protestos da categoria -, vencem os artistas que vivem de música na beira do mar e os empresários por trás dos quiosques, como a turma do Coisas de Bamba (Bruno de Paula é sócio também do Samba Social Clube e do Ginga), onde o samba reina junto com o chope bem tirado e gelado, fonte de vida; sol que reluz ao som dos bambas que se fazem presentes ali noite e dia sem cessar. Cultura de praia carioca que decreto nenhum irá apagar. Boa música na orla, a boa da orla. Uma boa noite, bem carioca, unindo samba a boa gastronomia.

“Um tributo à cultura brasileira em um dos cenários mais icônicos do mundo”, diz Bruno de Paula.
Em tempos, segundo Paes, o objetivo da canetada é organizar e padronizar a ocupação da orla, garantindo mais segurança e conforto para os frequentadores.
Fica na cola do Posto 4, na direção do hotel Pestana (entre as ruas Barão de Ipanema e Constante Ramos). Um quiosque de dose tripla (três partes de salão e duas bases, uma de bar e a outra, cozinha) inteiramente dedicado ao samba. O foco é o churrasco, mas não pense em lenha ou carvão, não pode na praia. É carne na chapa, mas chega farta à mesa, quentinha. Um tanto pesado para a ocasião, mas tem seu público.

E o preço ajuda, o bife ancho para quatro sai por R$ 200, com farofinha e molho à campanha. Bom para pedir também um mix de legumes junto (R$ 39) ou o caldinho de feijão (o meu chegou na textura tutu, R$ 19), além de petiscos de boteco com chope bem tirado. Ah, esse não tem erro (R$ 13). Espetinho (R$ 29) e sanduíches (R$ 55) são a parte divertida do cardápio, que fica exposto na entrada do quiosque. Isso faz toda a diferença para quem passa despercebido na orla à procura de onde sentar para comer.
Cortes nobres de Baby Beef, Picanha, Filé de Sobrecoxa ou Peixe Espalmado também entram em cena. Tudo isso todos os dias da semana.
As receitas são todas da chef Tahis Lotif (que também cozinha no Portinha, bar de inúmeros predicados em Copa). Num papo rápido, falamos da necessidade de ampliar o menu e incluir mais peixes da nossa costa, são mais de 500 espécies bem à nossa frente, e que podem fazer a diferença na hora de mostrarmos para cariocas e turistas o que que a Baía tem! O valor da comida servida na orla precisa reverenciar o mar para, quem sabe assim, medidas tão duras como as ensaiadas recentemente pelo poder público não voltem à pauta. Afinal, a gastronomia quando chega redondinha, ela tem o poder de adequar comportamentos, ajustar práticas e sintonizar nossa relação com o bem mais sagrado com o que estamos tratando: aquela imensidão linda de mar.
