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Esta confeitaria na Tijuca começou como uma banca de camelô e deverá faturar R$ 2 milhões em 2025

Criada na Penha carioca por dois primos e uma amiga, a Afagá caiu nas graças de celebridades, faturou mais de R$ 1,2 milhão no ano passado e está prestes a inaugurar a segunda loja

Bruno Calixto
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Bruno Calixto
Editor Time Out Rio de Janeiro
os três fundadores
Divulgação | os três fundadores
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Da época em que foi camelô Matheus Duarte não esquece. Carioca criado na Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ele virou ambulante em 2017, quando criou, em conjunto com uma prima, Jessica Veras, e uma amiga de infância, Thayanini Magalhães, a Afagá. Resumia-se, inicialmente, a uma marca de brigadeiros. Depois entraram em cena os bolos de pote – e, mais adiante, as barras de chocolate e os ovos de Páscoa, entre outros itens.

Quando o negócio deixou de se limitar à Penha, Duarte se encarregava das vendas às terças e quintas na região da Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema. “Fui expulso de lojas e vi conhecidos mudando de calçada para não toparem comigo”, diz ele, ao resumir os tempos de ambulante. Manauara criada na Bahia, Thayanini era a responsável pelas vendas às segundas e quartas na sede da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, em Manguinhos, onde os pais de Duarte trabalhavam. Carioca criada em Nova Iguaçu, Jessica é a confeiteira da Afagá desde o início e sempre se limitou à produção.

Não demorou para o trio incluir na lista de itens vendidos nas ruas o bolo de caramelo salgado – que, ironicamente, fazia pouco sucesso. Atualmente, é o campeão de vendas da Afagá, que se converteu em uma das confeitarias mais conhecidas da Zona Norte carioca. No ano passado, o negócio faturou, pela primeira vez, mais de R$ 1 milhão – R$ 1,25 milhão, para ser exato. A expectativa, para este ano, é atingir a marca de R$ 2 milhões. “Vamos passar de um R$ 1 milhão em vendas, provavelmente, já no primeiro semestre”, Duarte revela.

A loja da confeitaria, a Casa Afagá, na Rua Uruguai, no Andaraí, foi inaugurada em 2021. A receita do bolo de caramelo salgado vendido por ela é exatamente a mesma da época em que Duarte e Thayanini percorriam as ruas do Rio como camelôs. Antes, o item vinha dentro de potes, carregados numa bolsa térmica; agora, é servido em fatias – eis a única diferença. “Vendia menos na época em que éramos ambulantes pelo preconceito das pessoas”, Duarte acredita.

O negócio demorou para engrenar. O faturamento semanal, no início, às vezes não passava de R$ 150. Dava para pagar os gastos com matéria-prima e olhe lá. “De 2017 a 2020, ainda dependíamos dos nossos pais até para comprar desodorante”, resume o único sócio do sexo masculino. Até o imóvel na Rua Uruguai ser alugado, a produção ocorria integralmente no apartamento dos pais dele, na Penha. Hoje a equipe da Afagá soma 18 pessoas.

A sorte do trio começou a mudar no começo da pandemia, quando a conta da Afagá no Instagram mudou de patamar em matéria de seguidores – a marca tem cerca de mil e a Casa Afagá, quase o mesmo tanto. Com maior popularidade na internet, a confeitaria caiu nas graças de celebridades como Camila Pitanga, Renata Sorrah e Paulo Betti, que viraram clientes e ajudaram a ampliar o alcance dela. Na mesma época, a Afagá passou a angariar uma clientela jurídica. Uma empresa, por exemplo, encomendou 50 bolos para os funcionários – cada um deles recebeu o mimo na própria casa. 

A procura cada vez maior motivou a marca a se instalar na Rua Uruguai. Durante os seis primeiros meses, o endereço no Andaraí não abria para o público. Quando passou a servir café da manhã, explodiu. “Nos primeiros domingos, para a nossa aflição, a fila de espera chegava a 115 pessoas”, recorda Duarte. Com 50 lugares, o estabelecimento serve desde latte de matchá com leite de coco (R$ 25) até ovos com bacon e bagel (R$ 26). A fatia do bolo de caramelo com flor de sal custa R$ 26.

“A trajetória da Afagá comprova que, no Rio de Janeiro, não é só a Zona Sul e a Barra da Tijuca que oferecem boas oportunidades para o nosso setor”, diz Fernando Blower, presidente do SindRio, o sindicato de bares e restaurantes da cidade. “E a implantação em regiões menos saturadas de negócios costuma sair mais em conta”. O rápido crescimento da confeitaria, acrescenta Blower, espalha o quão em alta está a procura por boas opções de café da manhã. “Com a aposta nessa refeição, a Afagá diversificou o negócio e acertou em cheio em uma forte tendência”, resume o presidente do SindRio.

Duarte está com 31 anos e, atualmente, se concentra na área de comunicação da Afagá. Thayanini, 32 anos, agora está encarregada da parte contábil do negócio, enquanto Jéssica se mantém à frente da produção. O trio não dispõe de nenhum sócio investidor e nunca recorreu a empréstimos para levar o negócio adiante.

No ano que vem, a Casa Afagá, que abastece estabelecimentos como La Panata, Gato Café e The Coffee, ganhará sua primeira filial. Será no Taste Lab, uma espécie de foodhall descolado, comum em países europeus, que está sendo montado no Shopping Tijuca. Em seguida, Duarte, Jéssica e Thayanini planejam dar mais um passo: abrir uma unidade na Zona Sul.

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