Notícias

Novas Frequências completa 15 anos dando aquele sacode sonoro no Rio e em São Paulo

Da introspecção ao ruído puro, o Novas Frequências abre sua edição mais internacional trazendo ao Rio novos mundos sonoros; em seguida, segue para São Paulo

Lívia Breves
Escrito por
Lívia Breves
Colaborador:
Leonardo Kuhn Oliveira
Novas Frequências
Divulgação
Publicidade

Se existe um festival que virou sinônimo de risco, invenção e prazer auditivo sem manual de instruções, é o Novas Frequências. Nascido no Rio em 2011 pelas mãos do curador e agitador cultural Chico Dub, o evento ajudou a colocar a América Latina no mapa global da música experimental - e, de quebra, formou plateias curiosas, conectou cenas e ocupou espaços tão diversos quanto galpões, florestas, igrejas, praias e centros culturais. Agora, em 2025, ele celebra 15 anos com sua edição mais internacional desde 2019 e, pela primeira vez, com uma programação robusta também em São Paulo.

Chico Dub, curador e idealizador do Novas Frequências
Ivi MaigaChico Dub, curador e idealizador do Novas Frequências

Um festival para quem gosta de experimentar, pensar e desapegar das categorias de música. Para fãs de noise, drone, ambient, club experimental, free jazz mutante, rock torto, eletrônica inventiva. E, claro, para curiosos em geral.

Um mapa-múndi de sons não convencionais

Instalação do Novas Frequências na Casa Firjan
DivulgaçãoInstalação do Novas Frequências na Casa Firjan

Entre 3 e 7 de dezembro no Rio, e entre 8 e 13 em São Paulo, o festival reúne 28 artistas de diferentes países e vertentes. Um verdadeiro inventário de tudo o que pulsa hoje na música de vanguarda. As canadenses Kara-Lis Coverdale e Sarah Davachi, além da mexicana Concepción Huerta, lideram a frente ambiente/eletroacústica que conquistou o circuito experimental na última década.

Birushanah, do Japão, no Novas Frequências
DivulgaçãoOs japoneses do Birushanah

O lendário trio norte-americano Wolf Eyes volta ao Brasil depois de 11 anos para lembrar que ruído também é afeto. O Japão marca presença com o peso ritualístico do Birushanah, enquanto o duo libanês-suíço Praed traz um techno-árabe psicodélico que parece vindo de outra dimensão. Ainda no eixo internacional, destaque para o ugandense Faizal Mostrixxx e seu club híbrido, e para o encontro dos irmãos aymara Los Thuthanaka, que misturam pulsos andinos e eletrônica.

Metá Metá
Fernando EduardoMetá Metá

O Brasil também aparece forte: Metá Metá segue reinventando a energia ancestral, Test & Deafkids prometem uma catarse coletiva e Papangu leva o rock pesado a territórios imaginativos.

Como sempre acontece, o NF se espalha pela cidade. No Rio, lugares como o Garage Grindhouse, o Solar Grandjean de Montigny (PUC-Rio), o Solar de Botafogo, a Casa Firjan, o Parque Lage, o Trauma e Circo Voador. Já em São Paulo, a estreia ocupa o Teatro Cultura Artística, o SESC Avenida Paulista e a Central Técnica de Produções Artísticas Chico Giacchieri.

Além dos shows, duas exposições ampliam a experiência: a instalação “SAIPOTU SOCIPOTU”, de Craca, que investiga futuros possíveis por meio do som; e “No Raiar da Noite”, mostra fotográfica que registra uma década da cena independente de festas eletrônicas no Rio e em SP, com imagens de Ivi Maiga Bugrimenko e Ivan Nishitani.

Completando 15 anos e, dessa vez, sem patrocínio

Num momento em que festivais independentes travam batalhas contra algoritmos, cortes de verba e hiperpadronização cultural, o NF chega aos 15 anos sem patrocínio, sustentado por parceiros institucionais e pela generosidade de artistas que aceitaram cachês menores. Chico Dub resume bem o espírito da coisa: cultivar o novo, especialmente num mundo saturado de fórmulas e de simulacros, é um ato de resistência. E o Novas Frequências sempre foi sobre isso: criar rotas alternativas, provocar o ouvido, abrir espaço para o que ainda não existe. 

Ingressos 

Também poderá gostar
Também poderá gostar
Publicidade