Nadir Afonso foi um dos pintores mais originais do século XX português, mas a sua formação foi em arquitectura. Antes de se dedicar a 100% às telas e aos pincéis trabalhou com nomes como Le Corbusier e Oscar Niemeyer, por isso é uma homenagem justa que a) tenha um museu em nome próprio; b) que esse museu seja desenhado por um dos melhores arquitectos portugueses de sempre: Siza Vieira. O edifício por si só vale uma visita, mas vale a pena passar umas horas a admirar a pintura de Nadir Afonso (Arquitectura sobre Tela, exposição permanente) ou uma das exposições temporárias.
Um périplo-postalinho por Chaves tem de incluir uma passagem pela Ponte de Trajano, construída pela sétima legião (de romanos, não a banda de “Por quem não esqueci”) e que resiste até aos dias de hoje como testemunho da extrema competência desse império na área das obras públicas. A ponte atravessa um Tâmega airoso, domesticado, que parte a cidade ao meio.
Na margem Norte, o centro histórico, a Sul o Jardim Público. A flora deste pequeno e tranquilo parque parece determinada a estragar o dia a todos aqueles que são alérgicos ao pólen. As outras pessoas todas podem aproveitar para dar um passeio. Já agora, o marco do Km 0 da EN2 fica mesmo ao ao lado.
O centro histórico de Chaves parece o modelo a partir do qual se fizeram todos os centros históricos portugueses: há um castelo no ponto mais alto com a indispensável torre de menagem, um pelourinho, uma igreja matriz (esqueça: a Igreja da Misericórdia é mais bonita) e os Paços do Concelho. O que há de mais particular na cidade, para além de um intrigante número de croissanterias, são as suas casas coloridas, com varandas de madeira empoleiradas para a rua. É essencial passear pela Rua Direita e artérias adjacentes para sentir o coração da cidade velha pulsar. A estrada nacional enquanto ponto de atracção turístico é pouco ou nada explorado na cidade. No posto de turismo não havia qualquer mapa, guia ou roteiro, mas não faltavam folhetos para explicar aos estrangeiros como pagar as SCUT.